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Mônica Martelli fez muito sucesso nos palcos do país com a peça Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou!, na qual interpretava uma organizadora de casamentos que não conseguia, ela própria, se casar. Surgiu, então, o projeto de adaptar ao cinema as peripécias dessa mulher que busca o amor, o par perfeito, em meio a dilemas femininos e a dificuldade de encontrar ligações afetivas genuínas. Os diretores Marcus Baldini e Homero Olivetto assumiram a responsabilidade de guiar o projeto roteirizado pela própria Martelli em colaboração com Suzana Garcia e Patricia Corso. O resultado? Há os que acham Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou! (2014) subserviente demais à matriz, ou seja, pouco inventivo estritamente enquanto cinema. Já outros, celebram a inteligência de uma comédia que, segundo eles, está acima da média do gênero. Isso, claro, entre outras opiniões.

Então, para debater sobre o mais novo êxito (a priori, apenas comprovadamente comercial) do cinema brazuca, chamamos ao Confronto da semana os críticos Matheus Bonez e Renato Cabral, respectivamente defesa e ataque. Confira.

 

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A FAVOR :: “Aposta num humor inteligente”, por Matheus Bonez
Há certa má vontade da crítica com as comédias brasileiras que chegam aos cinemas todos os anos. Também pudera. Com filmes do naipe de Totalmente Inocentes (2012) e os dois Até que a Sorte nos Separe (2012 e 2013), não é para menos. Por isso chega a ser um alívio que Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou! quebre um pouco esta rotina de produções ruins, apostando em um humor inteligente, que vai para o lado das situações e não do escracho simples ou escatológico. Há todos os clichês possíveis (a protagonista que tem quase 40 anos e é solteirona, os pretendentes – um mais patife que o outro -, o melhor amigo gay), porém eles são tão bem trabalhados de forma simples, sem querer enganar o espectador, que não há como ficar sem sorrir nos 100 minutos de longa. A produção cumpre o que promete com o talento do elenco envolvido, gerando situações engraçadas, mesmo que previsíveis. Porém, cinema de qualidade também pode ser um entretenimento escapista. E, desta leva, Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou! é dos bons.

 

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CONTRA :: O retrato é desesperador”, por Renato Cabral
As comédias nacionais passam por um momento de adaptações. São baseadas, no geral, em textos teatrais, e ao chegarem à tela do cinema, se não mantém a expressividade (o exagero) teatral, acabam pegando embalo nas comédias norte-americanas batidas e repletas de clichês. E é o que acontece com Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou!. Perdida quanto ao seu timing, Mônica Martelli faz a Giovana Antonelli de S.O.S.: Mulheres Ao Mar (2014) uma Julia Roberts da comédia romântica nacional, e bom, Paulo Gustavo, que surpreendeu e emocionou plateias com o seu Minha Mãe é Uma Peça (2013), aqui aparece no automático e fazendo com que seu personagem se perca em maneirismos, tanto que parece que assistimos a uma continuação de seu filme. Mas o pior da produção estrelada por Martelli é sua capacidade de retrocesso. O cinema nacional parece dar grandes passos ao retratar mulheres e gays em suas diversas facetas, assim como na criação de produções segmentadas para esses públicos. Aqui o retrato é desesperador. A velha abordagem do melhor amigo gay e acompanhante já virou um clichê tão baixo que nem os americanos ousam mais utilizar. A produção faz do nosso cinema atrasado em diversos temas, como o da própria mulher, aqui numa desenfreada obsessão pelo matrimônio, muito mais do que pelo amor.

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