Sylvester Stallone resgatou Rocky e Rambo, os principais personagens que o fizeram famoso entre os anos 1970 e 1980, quem sabe para atender os fãs, quem sabe para tirar a própria carreira do ostracismo. Como as empreitadas deram relativamente certo, ele resolveu também trazer de volta, além de outros atores de fama em blockbusters da época, a própria maneira – datada ou nostálgica, você escolhe – de fazer filmes de ação. Surgiu em 2010, então, Os Mercenários, sequenciado por Os Mercenários 2, em 2012, e agora, em 2014, por Os Mercenários 3, cujos focos inequívocos são a porrada e as explosões. Mas e aí, de qualquer maneira, essa terceira parte da nova franquia é um bom filme? Para o Confronto da semana convidamos os críticos Thomas Boeira e Yuri Correa, respectivamente defensor e atacante da mais recente cria de Stallone. Confira e não deixe de opinar.
A FAVOR :: “Ver heróis de ação se divertindo no meio que conhecem tão bem vale a sessão.” por Thomas Boeira
A franquia Os Mercenários tem como proposta resgatar heróis do cinema de ação que atualmente estão em decadência, aproveitando para homenagear esse gênero no qual todos fizeram sucesso. A cada novo exemplar, mais astros são reunidos. Seguindo essa lógica, Os Mercenários 3 tem o elenco mais interessante da série até agora, e esse detalhe salva o filme. O terceiro capítulo cai em clichês não muito interessantes, dedica boa parte de seu tempo a um grupo de jovens mercenários aborrecidos e transforma os heróis em figuras absurdamente indestrutíveis, o que prejudica as cenas de ação. Mas ver caras como as de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Wesley Snipes e Harrison Ford lutando lado a lado e fazendo piadinhas uns com os outros ainda é capaz de divertir, mesmo que já estejamos no terceiro filme da franquia e alguns deles apareçam em cena apenas para pegar uma arma e sair atirando para todos os lados. Além disso, ainda temos a participação irritantemente engraçada de Antonio Banderas e a ótima vilania de Mel Gibson. Ver heróis de ação se divertindo no meio que conhecem tão bem acaba sendo o suficiente para que Os Mercenários 3 valha a sessão.
CONTRA :: “Nada salva esta sequência da decepção”, por Yuri Correa
A ideia por trás da franquia Os Mercenários começa a se desgastar com a chegada deste terceiro capítulo, que repete a fórmula da trama fraca protagonizada por relíquias do cinema de ação que explodem coisas com armas gigantes. E por mais bacana que seja curtir atores como Harrison Ford, Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone à frente de situações impossíveis, está mais do que na hora desses longas ganharem um roteiro de verdade. Durante boa parte do filme não se vê a equipe original, e os jovens pupilos que ficam em tela como substitutos não possuem carisma ou o currículo prévio dos figurões para causar a empatia necessária. Assim sendo, Stallone fica sozinho como herói durante quase toda a duração, o que por si só já decepciona, justamente pela proposta principal. E não que precise de uma turma de nomes brucutus enfileirados para que um filme seja bom, afinal, Rota de Fuga (2013) funcionava perfeitamente tendo apenas ele e Schwarzenegger lado a lado. Nem mesmo o divertido vilão vivido por Mel Gibson, ou o novo mercenário encarnado com talento por Wesley Snipes – eles que perfeitamente poderiam ter um filme só deles – salvam esta sequência da decepção.