Tem gente saudando Perdido em Marte (2015) como o retorno triunfal do cineasta Ridley Scott à grande forma. Há, porém, quem questione essa celebração toda, julgando no mínimo exagerados os elogios. Protagonizado por Matt Damon, o filme é baseado no livro homônimo de Andy Weir e acompanha o astronauta deixado para trás após uma tempestade na superfície marciana. Utilizando os poucos recursos disponíveis e seus conhecimentos científicos, ele se mantém vivo enquanto a NASA traça planos para o resgate. Lançado na semana em que os Estados Unidos divulgaram a descoberta de água no planeta vermelho, Perdido em Marte é tema do Confronto. De um lado da galáxia, Marcelo Müller relativiza as qualidades do filme, enquanto, num quadrante distante, Rodrigo de Oliveira defende os méritos do longa de Scott. E você, de que lado está? Confira e opine.
A FAVOR :: “Um filme redondo, com três núcleos diferentes, cada qual mais interessante que o outro.”, por Rodrigo de Oliveira
“Vou ter que usar muita ciência para sair desta”. Nesta tradução livre de uma das frases mais famosas de Perdido em Marte, o personagem de Matt Damon dá a real dimensão do que enfrentará em seu período ilhado no planeta vermelho. Sem provisões para todo o período em que sabe que ficará isolado até que chegue uma missão de resgate (que ele nem tem certeza que virá), o astronauta se vê obrigado a visitar todos os seus conhecimentos de ciência para manter-se vivo. Baseado no livro de Andy Weir e com roteiro de Drew Godard, o longa-metragem ganha muitos pontos por apresentar um protagonista com senso de humor – algo raro em filmes desta vertente. Ajuda o fato de Matt Damon ser um dos melhores atores de sua geração e entregar uma performance certeira. Ele é arrogante na medida, com o espectador podendo rir e se compadecer de sua trajetória. Ridley Scott concebe um filme redondo, com três núcleos diferentes, cada qual mais interessante que o outro. Com nomes de peso defendendo personagens fortes, como Jeff Daniels, Jessica Chastain e Chiwetel Ejiofor, Perdido em Marte foi a confirmação que o diretor de Alien: O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) ainda consegue entregar produções sci-fi imperdíveis.
CONTRA :: “Pouco para o cara que outrora ajudou a levar a ficção espacial um pouco adiante.”, por Marcelo Müller
O personagem de Matt Damon corre contra o tempo, além das adversidades, por ver-se preso (e sozinho) num planeta a milhões de quilômetros da Terra, no mais recente filme de Ridley Scott. Contudo, não sentimos o peso do tempo. São insuficientes os letreiros que informam friamente quantos sóis já passaram, quantos demorarão até que a nave de resgate chegue e por quantos ainda durarão as batatas. O corpo do astronauta não sofre degradação em boa parte do filme, mesmo submetido a uma alimentação restrita e ao estresse inerente à situação. Não são suficientes as duas ou três cenas em que um mal disfarçado e esquálido dublê aparece para denotar justamente a decrepitude até aquele momento negada ou ocultada por preguiça. Há bastante heroísmo, um pacto internacional costurado apressadamente, soluções fáceis para problemas difíceis, além de uma sincronia canhestra entre nosso planeta e o espaço – se alguém diz “tudo está dando certo, mas algo pode dar errado” pode apostar que algo vai dar errado na cena subsequente. Resta aproveitar o que o filme tem de bom, as tiradas interessantes e os momentos que proporcionam entretenimento. É bem pouco para o cara que outrora ajudou a levar a ficção espacial um pouco adiante com Alien: O Oitavo Passageiro (1979).
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