Quando foi renovada, em 2011, a clássica franquia Planeta dos Macacos pouco dava a entender que assumiria um tom tão pessoal e melancólico. Depois de um primeiro filme sóbrio e uma sequência tensa do início ao fim, este terceiro capítulo se revela menos um filme de ação do que um drama intimista e sombrio sobre os personagens-título. E quando a tal guerra estoura, o cada vez mais competente diretor Matt Reeves controla o impulso de jogar sua câmera no meio da batalha, e ao invés disso, usa o confronto como background do foco principal: Cesar. E que esse seja o filme definitivo para pontuar que as atuações não só sobrevivem, como são salientadas pela técnica do performance capture. Com um CGI impecável, perscrutado por closes fechadíssimos que desafiam o espectador a encontrar uma texturinha pouco verossímil que seja, o filme acaba não usando desse poderio tecnológico para o espetáculo pirotécnico, como até seria de se esperar, já que deve ter custado caro. E um dos aspectos mais positivamente surpreendentes é como o projeto prefere ser fiel aos seus personagens, à jornada deles e à conclusão de seus arcos. Toma o seu tempo, investe em diversos momentos delicados envolvendo a menina Nova (Amiah Miller), e se dá ao luxo de introduzir um novo macaco, o divertido e carismático Bad Ape (Steve Zahn), que não desfila apenas como alívio cômico, e ganha um desenvolvimento comovente. Com ares de western ao envolver vingança e fortes impenetráveis, e também do gênero de guerra, com seus paralelismos contemporâneos (um muro construído por um maluco ufanista pode soar familiar) e até um campo de concentração símio, aqui também temos o melhor dos personagens humanos de toda a franquia, o Coronel, vivido por Woody Harrelson, como de costume, com a intensidade correta.
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