Por que refilmar Poltergeist: O Fenômeno (1982), ícone oitentista dirigido por Tobe Hooper que aterrorizou toda uma geração? Seria por conta de uma grave crise de ideias em Hollywood ou pela, em tese, facilidade de lidar com uma franquia já plenamente estabelecida no imaginário do público? Talvez a resposta esteja na junção das duas hipóteses. Fato é que, encabeçado por Gil Kenan, Poltergeist: O Fenômeno (2015) chegou para reviver o drama dos Bowen, família assombrada por forças sobrenaturais. Dos anos 1980 para cá, as coisas mudaram, inclusive o gosto do público. Então, como se posiciona Poltergeist nos dia de hoje? Para esquentar o debate, chamamos ao Confronto da semana os críticos Renato Cabral e Yuri Correa, respectivamente atacante e defensor do remake. E aí, a nova versão de Poltergeist: O Fenômeno deu medo? Confira.
A FAVOR :: “Aventura sombria para curtir”, por Yuri Correa
Poltergeist: O Fenômeno, remake do clássico de terror dos anos 1980, se dedica muito mais a ser uma aventura sobrenatural que a assustar de maneira preguiçosa, como alguns filmes recentes do gênero. Cria uma ligação entre o espectador e o carismático núcleo familiar dos Bowen, principalmente o casal de pais quase falidos, formado por Sam Rockwell e Rosemarie DeWitt, para então inserir, aos poucos, os elementos incomuns que constroem o mistério em torno do que está assombrando a casa. Desse modo, a narrativa adota uma tensão crescente que culmina no clímax divertido e empolgante, tudo embrulhado em bons efeitos visuais. Não por acaso, é dirigido por Gil Kenan, do excelente A Casa Monstro (2006) – produção de Steven Spielberg, assim como o Poltergeist original – que é um tipo semelhante de filme, com a mesma estrutura envolvente, tendo inclusive três crianças como protagonistas. Kenan sabe que em tempos de Atividade Paranormal, assustar pessoas com espíritos numa casa é difícil, ainda mais no “velho e antiquado” modo tradicional de filmar. Por isso mesmo, sua aventura sombria é mais para curtir que propriamente para se arrepiar.
CONTRA :: “Correto, previsível e sem grandes reviravoltas”, por Renato Cabral
O real problema de Poltergeist: O Fenômeno, de Gil Kenan, não é ter mexido com a “intocável” obra original. Aliás, não é problema mesmo a ideia do remake da produção de 1982, afinal, o filme dirigido por Tobe Hopper e idealizado por Steven Spielberg está bem longe de dispensar uma possibilidade de melhora. E é talvez aí onde a nova versão desanda, pois fiel demais em sua essência ao original, além de ser de todo correto, previsível e sem grandes reviravoltas. O roteiro de David Lindsay-Abaire é o clichê do clichê, vacilante entre abraçar de uma vez suas características originais ou simplesmente renegar e avançar em sua temática de horror e suspense. O exagero de efeitos especiais que remetem até mesmo aos gráficos pobres dos videogames de outrora, o jogo forçado de câmera subjetiva e a tentativa de transformar a experiência digna do 3D (a qual não é), só deixam tudo ainda mais frustrante, desperdiçando até mesmo um ótimo elenco de nomes como Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Jane Adams e a revelação Kennedi Clements.