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Confronto :: Rio, Eu Te Amo

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Idealizada pelo produtor Emmanuel Benbihy, a franquia Cities of Love chega à sua terceira realização com Rio, Eu Te Amo (2014). O formato é o mesmo das homenagens a Paris e Nova York, ou seja, com a cidade ora emoldurando, ora protagonizando curtas-metragens dirigidos por cineastas dos mais diversos estilos. À frente dos episódios que compõe o filme na Cidade Maravilhosa estão nomes estrangeiros facilmente reconhecíveis como Paolo Sorrentino, Nadine Labaki, Guilhermo Arriaga, assim como alguns pratas-da-casa similarmente famosos, como Fernando Meirelles e José Padilha, por exemplo. Para debater a respeito do longa – seria uma bonita ode ao Rio de Janeiro ou mais um daqueles filmes marcados pela irregularidade? – chamamos ao Confronto da semana os críticos Dimas Tadeu e Matheus Bonez, respectivamente defesa e ataque. Confira e não deixe de opinar.

 

A FAVOR :: “Retrata bem o amor que transita pelas ruas do Rio”, por Dimas Tadeu
Parte do incômodo que algumas pessoas vêm manifestando por Rio, Eu Te amo parece nascer do fato de que o filme não mostra a real alma carioca, não é da gema. Não mesmo. No entanto, em nenhum momento o longa se distancia da proposta da franquia Cities of Love, que jamais foi retratar a alma das cidades, mas sim o amor que transita em suas ruas. Nesse sentido, poucas vezes o Rio de Janeiro pareceu tão apaixonante. O calçadão de Copacabana virou partitura nas mãos de Fernando Meirelles para cantar o amor platônico. Nadine Labaki fez relembrar Central do Brasil (1998) em sua anedota sobre o amor ao próximo. Sang-soo Im falou do amor carnal, de sangue, literalmente. Até Sorrentino, em sua obsessão pela luxuosa decadência, achou nas praias mais afastadas um motivo pra morrer de amores. E se ódio e amor andam juntos, Padilha aproveitou pra vomitar um restinho da ressaca que sobrou de Tropa de Elite (2007) na cabeça do Cristo Redentor. O resultado é que de Pavuna a Ipanema, do Leme a Jacarepaguá, o amor transborda em Rio, Eu Te Amo. E tanto quanto em Paris ou Nova Iorque, fica provado que, quando se ama, qualquer cidade é maravilhosa.

 

CONTRA :: “Poucos contos são realmente interessantes”, por Matheus Bonez
Rio, Eu Te Amo não é muito diferente de suas produções “irmãs”, Paris, Te Amo (2006) e Nova York, Eu Te Amo (2008). A irregularidade está presente em qualquer exemplar da franquia Cities of Love, afinal, são várias histórias contadas por diferentes diretores. O que mais incomoda na versão passada em terras cariocas é que este gráfico tende a permanecer no patamar mais baixo, com poucos contos realmente interessantes. O de José Padilha, por exemplo, é uma extrema decepção. A ideia de fazer uma crítica social sob a perspectiva do Cristo Redentor é boa, mas falha pela superficialidade. O balé do casal dirigido por Carlos Saldanha apresenta pouco de seu cenário, o Teatro Municipal, justamente o elo com o filme. A ideia de interligar as histórias com a sempre talentosa Claudia Abreu como protagonista é outro exemplo de algo mal trabalhado. No saldo geral, o Rio de Janeiro continua lindo, mas neste filme ele também dá sono.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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