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A ideia do remake de Robocop: O Policial do Futuro (1987), clássico de Paul Verhoeven, rondava Hollywood há um bom tempo. Após a desistência de alguns cineastas que se ligaram ao projeto, coube ao brasileiro José Padilha a refilmagem. A resposta nas bilheterias foi satisfatória apenas fora dos EUA, já que internamente, a bem da verdade, o filme teve desempenho mediano. Além do desafio natural de reinventar algo que ao longo dos anos virou objeto de culto, Padilha teve de lidar com as famigeradas pressões dos estúdios (e não sabemos até que ponto elas se refletem no produto final). Para discutir o resultado, chamamos Marcelo Müller, que gostaria de ter sabotado RoboCop (2014) já na linha de montagem, e Yuri Correa, que gostou da nova versão do drama de Alex Murphy. Confira e entre nessa disputa você também.

 

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A FAVOR :: “Inquestionavelmente, um ótimo filme”, por Yuri Correa
Pegando apenas o conceito que tornava o filme de Paul Verhoeven tão interessante, José Padilha investe em uma narrativa, abordagem e proposta crítica diferentes daquelas vistas no exemplar de 1987. Isso sem deixar de referenciar aquela obra, contudo jamais se tornando dependente da mesma. É um novo longa-metragem, e um que funciona. Não só é intrigante e ágil, mantendo o espectador no mínimo muito bem distraído enquanto dura, como também se mostra uma revisão necessária, algo que não se pode falar de muitos remakes. Aborda convenientemente as interferências nas políticas externas, a manipulação midiática, a luta entre ativistas, reacionários e progressistas exacerbados, tão perigosos quando donos de opiniões extremistas. Todos são assuntos atuais e latentes, misturados dentro de uma trama eficiente que dá atenção aos seus personagens tanto quanto para a ação encenada pelos mesmos. É uma crítica menos satírica e mais incisiva do que aquela vista originalmente, pendendo mais para a ironia – o plano final de Samuel L. Jackson é exemplo disto – mas que trabalha muito melhor com o público dos dias de hoje. Peca, claro, por não ser tão icônico quanto o outro, e a campanha de difamação provavelmente ajude-o a ser esquecido logo, mas inquestionavelmente é um ótimo filme.

 

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CONTRA :: “Simples filme de ação que patina feio quando almeja algo profundo”, por Marcelo Müller
Não há como comparar o RoboCop de Padilha com o de Verhoeven. Dito isso, detenhamo-nos apenas na estreia do cineasta brasileiro em Hollywood. O início é até promissor, com aquele apresentador canalha e a ação robótico-militar num país do Oriente Médio. Mas a promessa não se cumpre, pois o que vem a seguir é um simples filme de ação que patina feio toda vez que almeja algo mais profundo, seja em qualquer viés. Fala-se sobre segurança pública, corrupção policial, política, o conceito de “ser”, entretanto tudo de relance, como que para não atrapalhar a ação. Não sei o que aborrece mais, se o blá blá blá interminável que esmiúça a montagem do Robocop, a maneira asséptica com a qual se desenvolve o drama do personagem, ou as interpretações, todas buscando a canastrice como conceito, mas a encontrando tal efeito colateral.

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