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Eric Toledano e Olivier Nakache, os diretores de Intocáveis (2011), um dos grandes sucessos cinematográficos da França dos últimos anos, inclusive de exportação, abordam em Samba (2015) a polêmica questão da imigração na Europa. O filme é centrado num senegalês, vivido por Omar Sy, que luta para não ser deportado. Ele se envolve sentimentalmente com a personagem interpretada por Charlotte Gainsbourg, voluntária que cuida da situação de estrangeiros com problemas de permanência. Como curiosidade, Gilberto Gil e Jorge Ben na trilha sonora, além do personagem de Tahar Rahim, garantem certa brasilidade ao longa francês. Crítica e público se dividiram. O que fazer quando não há consenso? Um Confronto Papo de Cinema, claro. Para ajudar a tirar a teima, Marcelo Müller defende Samba do ataque de Renato Cabral. Com quem você concorda? Confira e não deixe de opinar.

 

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A FAVOR :: “Disfarçado de entretenimento escapista, o filme aponta uma das feridas abertas que mais sangram na terra da Torre Eiffel”, por Marcelo Müller
Samba lembra alegria. Embora bem-humorado, o imigrante senegalês, homônimo do ritmo, é golpeado em sequência pela realidade. Ele encontra carinho no olhar e, posteriormente, nos braços de uma mulher recém-recuperada de um colapso nervoso. Os diretores escancaram a dificuldade da sociedade francesa em lidar com os imigrantes, eles que, por sua vez, precisam resistir à hostilidade recorrente. Sob a superfície, feita do relacionamento afetivo crescente entre os personagens de Omar Sy e Charlotte Gainsbourg, há a tensão impregnada no cotidiano dos que se escondem para evitar a deportação. Samba e Wilson, um “brasileiro” malandro interpretado por Tahar Rahim, sobrevivem de bicos em funções aceitas, justamente, apenas por imigrantes. A esperança e a desilusão caminham de mãos dadas, alternando-se como elemento dominante. Disfarçado de entretenimento escapista, o filme aponta uma das feridas abertas que mais sangram na terra da Torre Eiffel. A trajetória de Samba, de seu tio e dos demais que se digladiam nas filas dos trabalhos temporários, é temperada com uma trilha sonora repleta de músicas boas, com romances e momentos felizes que aliviam os baques, contudo sem tirar deles seus aspectos mais cruéis.

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CONTRA :: Samba é somente uma escada, tanto para que os outros se destaquem quanto para que as tramas paralelas se desenvolvam com mais foco”, por Renato Cabral
À primeira vista, parece um filme simpático. Mas há também o intuito de ser crítico quanto à questão da imigração na França. A dupla de diretores falha neste aspecto, pois registra de maneira suave demais os percalços do jovem Samba Cissé, que partiu do Senegal para ter uma vida melhor na Europa. Entre as idas e vindas do serviço de imigração, ele conhece uma assistente social voluntária que se recupera de uma crise pessoal. Ela acaba impactada por seus gestos, sua educação e delicadeza. Essa sutileza do romance (quase) platônico entre os dois acaba dando um contorno maior à história que parece querer abraçar muitas outras. Personagens cruzam o caminho do protagonista, num ensaio de desdobramentos ainda mais interessantes. Parece que Samba é somente uma escada, tanto para que os outros se destaquem quanto para que as tramas paralelas se desenvolvam com mais foco. Ganhando alguns instantes de verdadeira intensidade próximo do fim, quando o destino decide testar o protagonista, colocando em xeque seu orgulho e sua moral, o filme chega àquilo que deveria permear toda sua duração, não somente os últimos 10 minutos de projeção.

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