Principalmente após a indicação de Incêndios (2010) ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o sucesso de Os Suspeitos (2013), o canadense Denis Villeneuve passou a ser visto como candidato a dirigir grandes projetos, tanto que será responsável pela sequência do clássico Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982). Em Sicario: Terra de Ninguém (2015), seu mais recente filme, que polarizou opiniões desde a primeira exibição, no Festival de Cannes, uma agente é recrutada pela CIA para trabalhar na fronteira entre México e Estados Unidos. Casca-grossa, ela adentra cada vez mais num submundo sórdido, confrontando procedimentos e atitudes que borram os limites entre a lei e o crime. Há quem celebre este longa-metragem como prova inequívoca do talento de Villeneuve. Mas há também os detratores, e não são poucos. Divergência é sinônimo de Confronto. Portanto, para debater Sicario, chamamos à peleia da semana os críticos Renato Cabral e Yuri Correa, respectivamente atacante e defensor do filme protagonizado por Emily Blunt. Confira e não deixe de opinar.
A FAVOR :: “Uma obra densa e inteligente”, por Yuri Correa
Denis Villeneuve é dono de um currículo pequeno, mas impressionante, e seu nome já é sinônimo de obras densas e inteligentes. Sicario segue essa linha. Na trama intrincada, em que personagens são desenvolvidos em meio a cuidadosas sequências de extrema tensão, há ainda espaço para simbolismos e reflexões sobre problemas que assolam qualquer região carente do mundo. Para que haja o envolvimento necessário, numa trama tão atípica e habitada por figuras tão cinzentas, Villeneuve volta a demonstrar confiança admirável na inteligência do espectador, negando-lhe explicações fáceis e, por outro lado, dando pistas e materiais para ele se manter raciocinando. Além de investir de forma corajosa na humanização de um simples “capanga”, o que confere peso de tragédia às mortes que em outros filmes são celebradas quando não são baixas do lado dos “mocinhos”. Remetendo em diversos pontos ao gênero noir – não por acaso, sua trama lembra um pouco A Marca da Maldade (1958) -, é dono ainda de uma fotografia e um design de som que servem para melhor compor lugares e personagens, como aquele vivido de maneira econômica e brilhante por Benicio Del Toro.
CONTRA :: “Pouco se salva diante de um olhar mais minucioso”, por Renato Cabral
À primeira vista, Sicario promete: coloca em cena uma protagonista num triller criminal com toques políticos. E, como em quase todos os filmes de Denis Villeneuve, encontramos uma história que parece ter profundidade e grandes desenvolvimentos para os personagens. Porém, assim como em Os Suspeitos, pouco se salva diante de um olhar mais minucioso. Em meio a explosões arquitetadas para causar choque no espectador, o diretor deixa de lado aspectos psicológicos bem mais interessantes de seus personagens no decorrer da trama. Criando seu mistério de forma crescente, Villeneuve parece querer embaralhar a mente do espectador, trazendo a um suspense desmedido o desfecho pobre, com um baque psicológico e vingativo raso. Emily Blunt, que inicialmente parece uma personagem forte e interessante, acaba desandando ao se tornar uma moralista tão ingênua que chega a ser cômica. Isso também faz pensar qual a necessidade de retratar mulheres com tamanha fraqueza frente a desafios extremos. Já basta a insegura personagem de Jessica Chastain em A Hora Mais Escura (2012). Vender personagens exageradamente moralistas e inseguras já deu, né?
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