Como é bom perceber que é possível se surpreender assistindo a um filme da saga Star Wars. Se em O Despertar da Força, por mais divertido que tenha sido o episódio, tínhamos basicamente um remake de Uma Nova Esperança, este Os Últimos Jedi é um sopro de criatividade e arrojo. Rian Johnson ganhou espaço para ousar em sua trama, nos entregando momentos que realmente causam surpresa – o desfecho de Snoke, a origem de Rey e a reaparição de Luke Skywalker foram engendradas de formas que poucos imaginavam. Para alguns fãs, essa ousadia foi vista com maus olhos. Como se fosse um pecado o realizador conceber uma obra que fugisse das muitas teorias que pipocavam pela internet. Uma pena que não tenhamos visto ainda mais ousadias – o arco de Finn poderia ser melhor. Mas, de resto, temos uma aventura de deixar o queixo no chão, com ótimos momentos estrelados por Mark Hamill e pela saudosa Carrie Fisher. Daisy Ridley se prova uma protagonista formidável, dividindo bem a tela com o mítico Luke Skywalker – alguns dos momentos mais pungentes (e cômicos) vem da ilha onde o Jedi se mantém recluso. E enquanto Oscar Isaac é ímpeto em pessoa, Adam Driver se firma como o roubador de cenas da franquia, com seu personagem dividido entre o lado sombrio e o lado da luz. A cena na sala vermelha é uma das mais impressionantes vistas na saga, assim como a contundente decisão de Holdo (Laura Dern), que culmina numa sequência emocional e tecnicamente impecável. Dono de ritmo muito próprio, Os Últimos Jedi é um intenso capítulo da saga criada por George Lucas, realizado por e para quem não vê problemas em fugir da mesmice.
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