Chega aos cinemas brasileiros nessa semana (05/7) o thriller hollywoodiano Truque de Mestre, de Louis Leterrier. Mas antes mesmo de sua estreia este filme tem dado o que falar: intrigante, exagerado, fantasioso e excitante são algumas das expressões usadas para defini-lo. Se a crítica parece não ter perdoado a brincadeira – apenas 46% de aprovação no Rotten Tomatoes – o público, por outro lado, tem respondido à altura da expectativa – mais de US$ 155 milhões faturados nas bilheterias de todo o mundo, o mais alto retorno de público da LionsGate Studios desde Jogos Vorazes (2012) e A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (2012)! Com um elenco estelar – composto por nomes como Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Michael Caine e Morgan Freeman – e um enredo rocambolesco que combina diferentes gêneros – do ilusionismo aos grandes golpes – Truque de Mestre se presta como poucos a um bom debate! E é o que Robledo Milani, na defesa, e Danilo Fantinel, no ataque, prometem neste Confronto! Confiram!
A FAVOR: “Uma obra divertida, que entretém na medida certa”, por Robledo Milani
Diversão e entretenimento. Cinema pode – e deve, em muitos casos – ser mais do que isso. Mas em outros tantos obter estes resultados já está de bom tamanho. E é exatamente o que acontece em Truque de Mestre: uma obra divertida, que entretém na medida certa. O roteiro é absurdo? Com certeza! Possui inverossimilhanças? É óbvio – afinal, estamos falando de uma trama sobre quatro ilusionistas – ou seriam eles mágicos de verdade? O que importa aqui é a fantasia, e qual melhor meio artístico para explorar essa sensação de magia e encantamento do que o próprio Cinema? Louis Leterrier precisa crescer muito ainda para ser considerado um cineasta minimamente mediano, mas o elenco aqui reunido é de deixar qualquer um impressionado – estamos falando de dois vencedores e de outros três indicados ao Oscar, só pra começar! E a oportunidade de conferi-los juntos neste jogo de gato e rato que quanto mais mostra, mais esconde, dividindo com o espectador a tarefa de revelar o segredo de cada traquinagem, é somente um prazer a mais. Truque de Mestre é competente exatamente no que se propõe – um passatempo agradável – e nunca promete ir além disso. E é justamente por isso que funciona tão bem.
CONTRA: “Típico filme para quem curte ilusionismo barato”, por Danilo Fantinel
O filme de vingança mais pretensioso do mundo chega agora aos cinemas brasileiros sem alarde, mas querendo arrasar quarteirões. O desempenho nos EUA é bom desde o fim de maio, mas o longa patina em outros países. O motivo parece claro: só norte-americanos médios pra engolir um roteiro tão absurdo. O filme de Louis Leterrier reúne ilusionistas trambiqueiros para realizar shows seguindo um misterioso plano megalomaníaco. O primeiro número é o roubo de um banco francês, que desperta a atenção da polícia. Daí em diante, segue-se o tradicional binômio criminoso-arrogante-esperto x policial-simplório-abobado. A fórmula é tão gasta quanto o esquematismo do enredo, convulsionado por tantas reviravoltas que fazem o feitiço virar contra o feiticeiro: não acreditamos em nada do que se passa, pois sabemos que em minutos qualquer situação estabelecida será desfeita como num passe de mágica. Há outros problemas, como as atuações despersonalizadas de Michael Caine e Morgan Freeman, e as interpretações automáticas de Woody Harrelson e Jesse Eisenberg – este parece ainda estar no set de A Rede Social (2010). Truque de Mestre midiatiza o crime na sociedade do espetáculo e sugere que uma agente da Interpol perdoaria um golpista por amor. Típico filme para quem curte ilusionismo barato.