Desprezado pelo público, adorado pela crítica. Muitos filmes volta e meia encontram esse cenário em seus desempenhos após o lançamento, mas dificilmente observamos esse destino em um blockbuster – obras geralmente realizadas para multidões. Wolverine: Imortal, o sexto longa-metragem com o mais popular herói mutante da Marvel não foi necessariamente um fracasso, mas também está longe de poder ser considerado um sucesso. Com 68% de aprovação junto aos especialistas norte-americanos, obteve uma avaliação favorável, ainda que aquém das recebidas por X-Men 2 (87%), de 2003, e X-Men: O Filme (82%), de 2000. E apesar de ter custado US$ 120 milhões, teve o pior retorno de estreia nas bilheterias dos Estados Unidos de todos os filmes da série X-Men, arrecadando apenas US$ 53 milhões nos seus três primeiros dias em cartaz (X-Men 3: O Confronto Final, de 2006, faturou US$ 102 milhões no mesmo período). Aproveitando estes resultados controversos, escolhemos a nova aventura com o personagem interpretado por Hugh Jackman para o Confronto dessa semana, chamando Renato Cabral para defesa, enquanto que Robledo Milani parte para o ataque. Confira!
A FAVOR: “Dosa muito bem ação com o drama do personagem”, por Renato Cabral
Hugh Jackman deve estar com um sorriso largo. Depois da primeira tentativa de filme-solo para Wolverine em X-Men Origens: Wolverine (2009) ter sido um verdadeiro fiasco de crítica e uma frustração geral para os fãs da saga do personagem, parece que agora, neste reboot pelas mãos de James Mangold, finalmente o astro tem um filme do personagem – a quem deve sua carreira – do qual pode se orgulhar. Wolverine Imortal, não é uma obra-prima e Mangold não é um diretor que siga em sua filmografia uma linearidade, porém, cinematograficamente falando, ele dá uma maturidade e seriedade a Logan e sua trajetória dosando muito bem ação e todo o drama por trás das garras de adamantium do personagem-título. Wolverine deixa de ser kitsch e é apresentado como um ser vulnerável e com profundidade. É também válido ressaltar o trabalho da coadjuvante Rila Fukushima, que interpreta Yukio, comparsa do herói. Para finalizar, a estrutura da trama remete muito ao cinema noir, com a presença de um protagonista errante, femme fatales e vilões que se revelam surpreendentemente ao andar da história. Não é o melhor filme de super-heróis da temporada, mas consegue ser um dos melhores da saga X-Men.
CONTRA: “Trama reciclada com o herói como coadjuvante”, por Robledo Milani
Hugh Jackman por muito pouco não deixou escapar de suas mãos este personagem (era a terceira ou quarta opção do diretor Bryan Singer no primeiro X-Men), mas o destino o quis na pele de Wolverine, uma das mais icônicas criações da Marvel. Desde então, seu impacto junto ao público tem sido enorme, e em todos os filmes do grupo X-Men a impressão era a mesma: ele merece mais espaço! Por isso que um longa só seu logo seria realidade, e se X-Men Origens: Wolverine decepcionou muita gente, Wolverine: Imortal surgiu apontando para um novo começo, anunciando-se como seu filme definitivo. E o que encontramos? Logan, mais uma vez, como coadjuvante. O herói envolve-se numa trama sobre perda dos seus poderes (o que já poderia ter acontecido em X-Men 3, ou seja, trata-se de um argumento reciclado) entre samurais e poderosos chefões japoneses, dirigindo-se apenas a um limitado espectador conhecedor das histórias em quadrinhos, sem aproveitar o que de melhor possui: selvageria, garra e muita força de vontade. Perdido no próprio filme, até Jackman aparece desconfortável, como se o peso da idade começasse, finalmente, a se fazer sentir. Ainda não foi dessa vez, Wolvie!