O primeiro grupo de seleções da Copa do Mundo 2014 não só apresenta o time dono de casa – nós, os brasileiros, é claro – mas também três outras equipes de histórico bastante discreto, seja nos campos ou nas telas. O mais forte concorrente é o México – país que já foi sede de duas Copas do Mundo, porém nunca ganhou uma competição. Da África temos os sempre enérgicos Camarões, enquanto que da Europa Oriental chega a Croácia. Cada um dos editores do Papo de Cinema escolheu um país e o filme da respectiva nacionalidade que melhor teria chances de seguir em frente em uma disputa direta entre os quatro. E você, o que achou dos nossos representantes? Confira nossas apostas e boa torcida!
BRASIL
Cidade de Deus (Cidade de Deus, 2002)
Cidade de Deus pode ser uma escolha fácil para defender o Brasil nesta primeira fase da Copa de Cinema. Afinal de contas, o longa-metragem dirigido por Fernando Meirelles foi elogiadíssimo pela crítica (está em qualquer lista dos melhores filmes realizados no país), teve um excelente retorno de público (passou dos três milhões de espectadores, sendo o filme nacional mais visto naquele ano) e foi saudado em prêmios ao redor do mundo (indicado a quatro Oscars, ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e a dois BAFTAS – vencendo na categoria Montagem). Ainda que não seja unanimidade – a temática da “cosmética da fome”, da pesquisadora e crítica de cinema Ivana Bentes, é sempre lembrada a respeito do retrato do pobre no cinema, e especialmente neste filme – Cidade de Deus é narrativamente poderoso, com personagens fortes e frases memoráveis. Em uma partida contra produções de Camarões, Croácia e México, teria tudo para sair em vantagem. Com o perigoso Zé Pequeno jogando do nosso lado – chamá-lo de Dadinho seria um erro, como bem sabemos – as chances de vitória são grandes. Assim como as de um jogo bastante violento. – por Rodrigo de Oliveira
CAMARÕES
Minha Terra África (White Material, 2009)
País de escassa representatividade internacional no cenário cinematográfico, a República dos Camarões – localizado na região ocidental da África Central – teve sua cultura marcada pela forte influência dos colonizadores europeus, principalmente portugueses, alemães, ingleses e franceses. E é fruto de uma coprodução com estes últimos o longa realizado no país que talvez tenha obtido a maior repercussão em todo o mundo. Dirigido por Claire Denis – que vinte anos antes já havia estado por lá filmando a trama de Chocolate (1988) – este drama tem como protagonista uma família branca de origem francesa que luta para salvar sua propriedade em meio a uma guerra civil que toma conta da nação, ao mesmo tempo em que percebe seus direitos irem se desfazendo e eles, de locais, virando estrangeiros hostilizados. Estrelado por nomes de destaque como Isabelle Huppert, Christopher Lambert e Nicolas Duvauchelle, este filme foi eleito uma das cinco melhores produções estrangeiras do ano pelo National Board of Review (EUA), além de ter sido selecionado para a mostra competitiva do Festival de Veneza. Um desempenho tão surpreendente e merecido quanto a própria seleção de futebol de Camarões, uma das mais aguerridas de todo o continente africano! – por Robledo Milani
CROÁCIA
Os Filhos do Padre (Svecenikova djeca, 2013)
A Croácia se tornou uma das seleções mais atuantes na Copa do Mundo desde que se separou da Iugoslávia nos anos 1990. Não só isso, mas uma das mais fortes também. Porém, esta tradição não se reflete no cinema, muito em parte aos conflitos da região. No entanto, em 2013 um filme do próprio país quebrou recordes de bilheteria e se tornou a produção local mais assistida do ano passado. Os Filhos do Padre é uma comédia que conta a história do jovem religioso Fabijan, recém-chegado a uma vila onde a taxa de mortalidade é muito maior que a de nascimento. A solução encontrada pelo padre não poderia ser mais antiética ou imoral: boicotar as camisinhas para que o problema seja resolvido. Apesar de não ir muito a fundo nesta discussão sobre valores, o filme mostra um lado menos sério do país, mais cômico, leve. Ao mexer em tantos tabus ao mesmo tempo (sexo, catolicismo, o papel da igreja, até homossexualidade), a produção é acima da média e uma boa oportunidade que serve como porta de entrada para o cinema croata. – por Matheus Bonez
MÉXICO
O Anjo Exterminador (El Ángel Exterminador, 1962)
Quem entra em campo para defender a seleção mexicana é O Anjo Exterminador, um dos filmes mais importantes da carreira do espanhol Luis Buñuel, artista então radicado no México. A burguesia sempre atacada pelo cineasta e seus colegas do surrealismo é mais uma vez o alvo. Após uma reunião cheia de pompa e circunstância, os convidados bem trajados e de educação exemplar são impossibilitados de sair da casa onde estão, não se sabe por que força. O confinamento vai, aos poucos, mostrando que no subsolo da civilidade dos abastados mora uma selvageria pronta para irromper através de qualquer fissura na carapaça que eles ostentam entre os seus. O time de Buñuel é afinado, muito mais pela direção do que por um ou outro talento individual. Não há em campo um protagonista, aquele para quem a câmera se volta quando o jogo aperta, mas sim um grupo que ataca e defende conforme a ideologia da trama, de acordo com a visão do mundo de seu diretor/técnico, homem que tinha um olhar incisivo e não raro irônico, sobretudo para evidenciar a diferença de classes e o ridículo burguês. – por Marcelo Müller
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