Foi-se o tempo em que o futebol nos Estados Unidos era um esporte pouco representativo. Ainda que não tenha a fama do futebol americano, beisebol ou basquete, o “soccer” tem ganhado espaço no coração dos norte-americanos e a seleção daquele país pode surpreender nesta Copa. Se a Alemanha é o grande bicho-papão do grupo, tendo praticamente sua vaga certa para a próxima fase, Portugal mostrou que não está com seu time encaixado para almejar vôos mais altos. Enquanto isso, Gana tenta comer pelas beiradas, querendo ser mais do que um saco de pancadas do grupo. E quanto ao cinema? Na nossa Copa, a Alemanha tem tradição pela sua escola expressionista. Mas teria ela força para enfrentar o poderio de Hollywood? E quanto a Portugal e Gana? Tem qualidade para brigar por uma vaga ou terão de se contentar com um saco de pipocas? Escolha sua equipe e confira o que os editores do Papo de Cinema escolheram para este grupo acirrado.
ALEMANHA
Metrópolis (Metropolis, 1927)
Apontado indiscutivelmente como um dos melhores filmes de todos os tempos, o longa dirigido por Fritz Lang no início do último século é tão clássico quanto a própria seleção alemã, já campeã mundial em três ocasiões (1954-1974-1990). A história futurista sobre uma cidade dividida entre uma classe trabalhadora e aqueles que a explora serve de pano de fundo para um romance no melhor estilo shakespeariano, com opostos lutando contra todas as adversidades para que seus desejos possam triunfar. A imagem simbólica do robô de aparência feminina é o contraponto suficiente para uma luta entre as mãos e o cérebro, principalmente quando o coração se impõe como intermediário. Da mesma forma como acontece no campo de futebol cada vez que essa equipe entra em cena, mostrando uma técnica perfeita, mas nunca desprovida de um calor humano exemplar. Obra máxima do expressionismo alemão – gênero pelo qual essa cinematografia se tornou reconhecida mundialmente – é uma obra para ser vista e revista, mas, acima de tudo, é importante abrir espaço para poder senti-la. – por Robledo Milani
PORTUGAL
Singularidades de uma Rapariga Loura (Singularidades de uma Rapariga Loura, 2009)
Manoel de Oliveira é certamente o mais veterano diretor/técnico deste certame. E ele manda a campo Singularidades de uma Rapariga Loura, adaptação cinematográfica do conto de Eça de Queiroz, este seu conterrâneo, ora pois. Em seus concisos 63 minutos (menos do que o tempo regulamentar de uma partida de futebol), o filme é contado em flashback pelo protagonista a uma estranha, durante viagem de trem. Sua ruína foi outrora se apaixonar perdidamente pela bela loira que diariamente surgia emoldurada na janela vizinha à sua. Manoel de Oliveira joga com estilo, conduz a bola (aqui a narrativa) com a elegância dos grandes maestros que distribuem o jogo para fazê-lo evoluir em direção ao gol. Mas que não se espere catarses semelhantes às presenciadas nos momentos em que a bola estufa as redes, pois Singularidades de uma Rapariga Loura não tem passagens apoteóticas, é pouco afeito ao espetáculo. Por isso, uns podem taxar o diretor/técnico de praticar um futebol de resultado. Discordo, pois o jogo de Manoel é bonito como poucos hoje em dia. – por Marcelo Müller
GANA
Soul to Soul (1971)
Gana é uma das seleções de maior força do futebol africano e, neste ano, participa pela terceira vez consecutiva na Copa do Mundo. O cinema do país é quase que totalmente desconhecido fora de seu continente, com raríssimos lançamentos no ocidente e, é claro, no Brasil. Um dos maiores registros cinematográficos de Gana é o documentário Soul to Soul, produzido em parceria com os EUA. O filme é o registro de um concerto assistido por mais de cem mil pessoas que lembrava a independência do país em relação à Grã-Bretanha, fato acontecido no dia 6 de março de 1957. Entre grandes artistas negros estavam presentes Wilson Pickett, Ike & Tina Turner, as Staples Singers e, apesar de origem mexicana, Carlos Santana, entre outros. O documentário é importante para o país pois retrata não apenas deste momento de celebração, mas também evoca sua história e cultura, além de mostrar a visão que muitos destes cantores e bandas tinham antes e depois de visitarem Gana. – por Matheus Bonez
ESTADOS UNIDOS
O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972)
A tradição no futebol pode não ser a maior virtude dos Estados Unidos, mas quando a questão é cinema, o time de Hollywood é imbatível – em qualidade pode ser discutível, mas em bilheterias, a história é outra. Pensando em uma incrível mistura entre sucesso e categoria para defender as cores do Tio Sam, quem melhor que Don Corleone? É muito provável que ele fizesse uma proposta irrecusável para o juiz, dando uma vantagem expressiva para o escrete norte-americano. Baseado na obra de Mario Puzzo, contava com uma seleção dos melhores atores em atividade à época: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton e John Cazale. É verdade que numa partida contra a Itália, o grupo comandado por Francis Ford Coppola talvez mudasse de lado. Mas para defender os Estados Unidos em um grupo com Portugal, Alemanha e Gana, a família Corleone não teria problema algum em usar dos métodos mais persuasivos para conseguir sua vitória. Vencedor de três Oscars, incluindo Melhor Filme, O Poderoso Chefão é cabeça de chave em qualquer campeonato que disputar e um dos maiores clássicos do cinema. – por Rodrigo de Oliveira
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