A partir das Oitavas de Final da Copa do Mundo, acabou-se as segundas – e terceiras – chances. Agora é tudo ou nada, vencer ou morrer. Das 32 nações selecionadas para o campeonato mundial de futebol, apenas a metade seguiu em diante, e a cada novo jogo um time será eliminado, ao mesmo tempo em que ao outro cabe a responsabilidade de seguir em frente em busca do ouro. Aqui na Copa de Cinema é a mesma coisa, e se nestes dois confrontos temos a presença de três equipes sul-americanas, é possível que apenas uma delas se mantenha na disputa. Os filmes aqui escolhidos estão no nível destes times: podem até ser subestimados, sem maiores destaques, mas no último momento revelam ter condições suficientes para surpreender os desavisados. Confira nossas apostas!
COLÔMBIA x URUGUAI
La Playa (La Playa D.C., Colômbia/França/Brasil, 2012)
Este drama familiar é um trabalho que se comunica fortemente com a produção atual brasileira. O protagonista é um jovem perdido em uma das maiores cidades da Colômbia. Morador da periferia, abandona a casa materna após uma discussão com o padrasto, se junta ao irmão mais velho – já morador das ruas – e, juntos, partem em busca do caçula da família, viciado em drogas. Se o cenário ao qual o título alude soa quase como um refúgio idílico e utópico, o que pega firme em cena é a cidade de pedra, tomada pela violência. Enquanto sonha em voltar para a região costeira, de onde precisaram se refugiar para fugir das guerrilhas do tráfico, o garoto aprende a desenvolver uma inusitada arte no corte de cabelos. Escolhido para representar a Colômbia na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, fez bonito em festivais internacionais, conferindo ao cineasta estreante Juan Andrés Arango Garcia o potencial para apresentar bons e melhores frutos no futuro. Da mesma forma como a seleção de futebol do país, que sempre pode surpreender. – por Robledo Milani
Whisky (Whisky, Uruguai/Argentina/Espanha/Alemanha, 2004)
A seleção uruguaia penou este ano para conseguir se classificar às semifinais da Copa do Mundo. Nas telonas, o cinema do país também demorou para ser reconhecido pelo mundo. Um dos grandes responsáveis foi Whisky, produção de 2004 que levou o prêmio da crítica na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, além de ter conquistado outras vitórias, como os kikitos de Melhor Filme Latino para os júris oficial e popular do Festival de Gramado, o troféu do Festival de Cinema de Havana e o Goya de Melhor Filme Estrangeiro, entre outros. O longa de Pablo Stoll e Juan Pablo Rebella é feito sem planos sequência, com a câmera parada todo o tempo. O cenário é a fábrica de meias quase falida onde trabalha Jacobo Koller. Prestes a receber a visita do irmão, que mora no Brasil e a quem não vê há anos, o protagonista finge ser casado com sua secretária, Marta. A intenção inicial pode ser simplesmente iludir o irmão de que as coisas vão bem, mas, no fundo, Jacobo quer fugir da solidão, mesmo que apenas na aparência. Afinal, não é o que todos querem? Ao utilizar uma sinopse tão simples para um complexo estudo da psique humana, Rebella e Stoll entregaram uma grande obra, por sinal, eleita em primeiro lugar na lista organizada pelos membros do Festival de Valdivia sobre os dez melhores filmes latino-americanos dos últimos 20 anos. – por Matheus Bonez
COSTA RICA x GRÉCIA
Del Amor y Otros Demonios (Del Amor y Otros Demonios, Costa Rica/Colombia, 2009)
A Costa Rica iniciou o campeonato mundial como o patinho feio do chamado grupo da morte. Tinha tudo para ser o saco de pancada contra seleções do Uruguai, Inglaterra e Itália. Como o futebol é uma caixinha de surpresas e não existe mais bobo na Copa (como vaticina o lugar comum), sua seleção não só passou para a próxima fase como ficou em primeiro lugar no grupo. Nesta nova fase da Copa de Cinema, fomos obrigados a buscar um reforço aos costa-riquenhos com uma coprodução entre aquele país e a Colômbia (outro que continua no torneio). Del Amor y Otros Demonios é capitaneado por uma estreante cineasta costa-riquenha: Hilda Hidalgo, que tomou como base a clássica novela homônima de Gabriel García Márquez. Filmado na Colômbia, o longa-metragem pode ter as cores daquela nação, mas foi o escolhido pela Costa Rica para representá-lo no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro – não chegando a ser indicado, no entanto. No Brasil, a única exibição que teve foi durante o Cine Ceará de 2010, de onde saiu com o prêmio de Melhor Direção de Arte. Com o futebol que a Costa Rica está jogando, quem sabe ela não sai daqui com outro troféu? – por Rodrigo de Oliveira
Paisagem na Neblina (Topio Stin Omichli, Grécia/Itália/França, 1988)
A surpreendente classificação da Grécia às oitavas-de-final da Copa do Mundo nos faz voltar aos filmes de lá. E desta vez, no mata-mata, quem representa a tradição grega é este drama dirigido por Theo Angelopoulos, provavelmente o mais prestigiado cineasta do país. Na trama, os irmãos Voula (Tania Palaiologou), de 11 anos e Alexandros (Michalis Zeke), de cinco, decidem fugir de casa. Saem de Atenas, deixando a mãe para trás e, sem dinheiro, seguem rumo à Alemanha, país para o qual o pai supostamente emigrou. Durante a viagem o que se vê é o amadurecimento dessas crianças frente às dificuldades impostas pelo caminho. Se nos campos brasileiros a Grécia não parece ter lá muitas chances de sobrevida, em virtude do futebol de qualidade escassa apresentado até então, se representado pelo filme de Angelopoulos o time europeu contaria com maiores probabilidades de galgar degraus até uma eventual final. – por Marcelo Müller
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