Hora de separar os homens dos meninos, pois é no mata-mata que as coisas se definem. É vencer ou voltar para casa e ver tudo da televisão. E aqui, na Copa de Cinema, o confronto da vez se dá entre os primeiros e segundos lugares dos Grupos G e H. A sempre forte Alemanha encara o time aguerrido da Argélia. Já a Bélgica tem pela frente a surpreendente seleção dos EUA, país que certamente está pegando o gosto pelo soccer. Palpites são válidos, mas numa etapa da competição em que muitas vezes o preparo físico e, sobretudo, o emocional podem definir uma partida, melhor não arriscar. Será que os alemães podem ser surpreendidos pelos argelinos? E os EUA farão história, avançando ainda mais contra a bem armada equipe belga? Só saberemos quando a bola rolar. Aqui, no Papo de Cinema, a gente segue pinçando filmes desses países para um fictício duelo cinematográfico. E aí, para você quem ganha, nos campos e nas telas?
ALEMANHA x ARGÉLIA
Corra, Lola, Corra (Lola Rennt, Alemanha, 1998)
A Copa de Cinema aqui do Papo de Cinema tem se focado em grandes clássicos, filmes que se tornaram referência da própria identidade de cada cinematografia. Mas, da mesma forma como seleções consideradas imbatíveis por seu histórico – como Espanha, Uruguai e Inglaterra – não duraram muito na competição, mais uma vez ficou provado que não se vive apenas das glórias do passado. E se na primeira fase a Alemanha chegou trazendo um clássico indiscutível, dessa vez fomos buscar um legítimo exemplar do novo e revigorado cinema germânico que tem surgido desde o final do século passado. Revolucionário em uma narrativa que brincava com o desenrolar da ação, a história da garota que tem apenas vinte minutos para ajudar seu namorado estava literalmente à frente do seu tempo, gerando debates, controvérsias e discussões, ao mesmo tempo em que deixou milhares de espectadores de queixo caído após cada sessão. Além de ter servido para abrir as portas de Hollywood aos seus realizadores, foi indicado ao Bafta, ao Grande Prêmio Brasil de Cinema e ao Festival de Veneza, premiado em Sundance e no National Board of Review e foi, principalmente, o grande vencedor do German Film Awards. Inovador, dinâmico e surpreendente, tal qual deve ser o futebol de todo sério candidato a campeão do mundo! – por Robledo Milani
Z (Z, Argélia/França, 1969)
O Brasil pode encher a boca e gritar aos quatro cantos: somos penta campeões mundiais. No entanto, quando falamos de Oscar, até a Argélia, país sem grande tradição no cinema, já possui uma estatueta na estante, enquanto o país do futebol segue chupando o dedo. O prêmio em questão foi dado a Z (1969), longa-metragem assinado pelo cineasta grego Costa-Gavras e que contava a história real dos eventos envolvendo a morte do político Grigoris Lambrakis. Como é possível perceber, a Grécia poderia entrar no tapetão e tentar chamar este filme de seu. Mas, como não fazemos as regras e a Argélia assinou a produção, deixamos assim. Z não recebeu apenas o prêmio como Melhor Filme Estrangeiro em 1970. Levou pra casa a estatueta de Melhor Edição e é uma das raras produções a ser indicada tanto na categoria específica aos concorrentes de outros países como também na de Melhor Filme. Alguns podem considerá-lo datado e não ser páreo para um Corra, Lola, Corra (1998), mas não faz feio de forma alguma nesta Copa de Cinema. – por Rodrigo de Oliveira
BÉLGICA x EUA
Rosetta (Rosetta, Bélgica/França, 1999)
Se em time que está ganhando não se mexe, a Bélgica, país classificado em primeiro lugar do Grupo H da Copa do Mundo, continua nesta nossa Copa de Cinema sendo representada pelo trabalho dos irmãos Dardenne, desta vez com Rosetta, outro filme que lhes deu a Palma de Ouro no prestigiado Festival de Cannes. A trama é centrada numa menina que vive com a mãe num estacionamento de trailers. Pobre, ela vê escoar suas possibilidades de melhoria imediata de vida assim que demitida. Mesmo que estejamos diante de uma protagonista que luta contra a herança da fatia menos abastada da Europa, continente tão alardeado como berço do primeiro mundo, não há um pingo de paternalismo no filme dos irmãos belgas. As pessoas não são melhores ou piores simplesmente por terem ou não dinheiro, por fazerem esta ou aquela escolha diante do desespero que testa limites constantemente. Talvez a Bélgica não tenha lá um grande time em campo (e não tem mesmo), mas nas telas, sobretudo quando representada pelo cinema pungente dos Dardenne, entraria como favorita em qualquer competição. – por Marcelo Müller
Cidadão Kane (Citizen Kane, EUA, 1941)
Em primeira análise, o grupo dos Estados Unidos na Copa do Mundo não era dos mais fáceis. Uma vitória, um empate e uma derrota depois, temos a seleção do Tio Sam chegando as oitavas-de-final e enfrentando o destemido escrete da Bélgica. No campo, o jogo será equilibrado. Na Copa de Cinema, será covardia. Por mais que Rosetta, dos irmãos Dardenne, seja um filme formidável, não é páreo para um dos maiores clássicos da história do cinema, o longa-metragem que está sempre nas principais listas de melhores trabalhos já realizados: Cidadão Kane. Dirigido, escrito e estrelado por Orson Welles, venceu inacreditavelmente apenas UM prêmio da Academia, o de Melhor Roteiro Original, tendo sido indicado a outras oito estatuetas. A história do magnata das comunicações Charles Foster Kane (Welles) é contada através de um recurso inventivo: o cidadão do título sussurra “Rosebud” em seu leito de morte e um repórter passa a investigar fatos da vida daquele homem para descobrir o que significa aquela última palavra. Uma fórmula diferenciada (à época) para fazer um grande flashback e nos apresentar os caminhos tortuosos pelos quais percorreu Charles Kane. Título imbatível para deixar tremendo qualquer seleção adversária. – por Rodrigo de Oliveira
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