Sete. Este número vai ficar na memória dos brasileiros um bom tempo após a seleção perder de lavada para a Alemanha na semifinal desta Copa, garantindo apenas um mísero gol para contar história. E a disputa pelo terceiro lugar vai ser tensa, afinal, a Holanda não é um time qualquer e entra no campo para disputar a tapa a colocação. Sem Neymar para garantir goleadas, com um time apático no gramado e o povo indignado, de onde o Brasil pode tirar forças para subir no pódio da disputa? A dúvida será respondida logo. Enquanto isso, os editores Marcelo Müller e Rodrigo de Oliveira fazem escolhas polêmicas para defender suas seleções na Copa de Cinema. E aí, quem garante o terceiro lugar?
Os Sete Gatinhos (Brasil, 1980)
Foram sete gols. Impressionantes sete gols. Como se não houvesse outra seleção em campo além da Alemã, o Brasil viu o sonho do hexa evaporar em uma partida que ficará para a história como o maior fiasco dos nossos jogadores canarinhos. Resta agora lamber as feridas e tentar o terceiro lugar em partida contra a Holanda. Aproveitando o número cabalístico que nos tirou do torneio e lançando mão do apaixonado por futebol Nelson Rodrigues, o escolhido para defender o Brasil na Copa de Cinema é uma comédia dirigida por Neville D’Almeida: Os Sete Gatinhos (1980). Baseado na obra de Rodrigues, o filme conta a história da família Noronha, que faz de tudo para manter a caçula de cinco filhas, Silene, a mais pura das meninas. Nem que para isso as demais garotas precisem se prostituir para garantir este objetivo. Com elenco cheio de bons nomes do nosso cinema nacional, como Lima Duarte, Antônio Fagundes, Regina Casé e Ary Fontoura, Os Sete Gatinhos foi um sucesso, em uma época em que as pornochanchadas garantiam a saúde das salas de cinema do Brasil. Depois daquela obscenidade que vimos em campo na última terça-feira, uma sacanagem a mais, uma a menos não fará diferença. – por Rodrigo de Oliveira
A Espiã (Zwartboek, Holanda/Alemanha/Inglaterra/Bélgica, 2006)
Após perder nos pênaltis a semifinal para a Argentina, à Holanda só resta disputar o honroso terceiro lugar com o Brasil. E para esse jogo que, a bem da verdade, ninguém queria jogar, na nossa equivalente cinematográfica da Copa do Mundo, quem vai a campo para defender pela última vez o “Carrossel Holandês” é novamente Paul Verhoeven, agora com seu mais recente filme, A Espiã (2006), retorno do diretor à Holanda após anos de serviços prestados à Hollywood. Na trama, uma cantora judia que resolve atravessar o país rumo ao Sul, tornando-se posteriormente uma espiã aliada à resistência, peça-chave aos planos contra o nazismo. Mesmo não mais podendo ser campeã, a Holanda mostrou ao longo tanto da Copa do Mundo quanto da Copa de Cinema que figura entre os países mais fortes. Esperemos, apenas, que ele não exerça seu favoritismo em campo nessa decisão de terceiro lugar, deixando que o Brasil minimize sua desastrosa eliminação. Já no cinema, não há perdedores quando as produções têm qualidade. Com bons filmes brasileiros ou holandeses, ganhamos todos. – por Marcelo Müller