O ano de 1995 ficou marcado na história do cinema brasileiro como o marco zero da Retomada. Se o governo do presidente Fernando Collor de Mello é lembrado até hoje por uma série de denúncias e polêmicas, uma das maiores foi a extinção da Embrafilme, estatal responsável pela produção e distribuição do que era feito naquele momento. Foi praticamente a extinção da produção nacional, que levou quase meia década para recuperar suas forças. E quatro foram os filmes que marcaram essa volta às telas: O Quatrilho, de Fábio Barreto, que chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; Carlota Joaquina: A Princesa do Brazil, de Carla Camurati, que somou 1,2 milhão de espectadores, Terra Estrangeira, de Daniela Thomas e Walter Salles, o mais bem recebido pela crítica no país e no exterior, e Menino Maluquinho: O Filme, de Helvécio Ratton, baseado no clássico personagem de Ziraldo. Pensando nisso, a equipe do Papo de Cinema decidiu revisitar esses novos clássicos nacionais, e para isso fomos conversar com as equipes e realizadores, vinte e cinco anos depois, para ouvir deles como foi ter participado da construção de títulos tão marcantes em nossa trajetória.
Chegava aos cinemas de todo o Brasil, no dia 07 de julho de 1995, o aguardado Menino Maluquinho: O Filme. Segundo longa-metragem do diretor Helvécio Ratton, a adaptação cinematográfica do personagem criado pelo escritor e cartunista Ziraldo era quase uma alienígena naquela época: não apenas era um filme brasileiro, falado em português, como também se tratava de uma produção infantil – e bem diferente daquelas estreladas pelos Trapalhões ou pela Xuxa, por exemplo. Para saber quem teve a ideia de levar essa figura tão marcante para os cinemas, fomos falar com o diretor Helvécio Ratton, com o ator Samuel Costa – que vive em cena ninguém menos do que o próprio Menino Maluquinho, na época com apenas 9 anos de idade – e com a atriz Patrícia Pillar, intérprete da mãe do protagonista. Mas é claro, esse olhar não estaria completo sem a palavra do pai da criatura. Mesmo com a saúde debilitada e com dificuldades em se expressar, Ziraldo, aos 87 anos, aceitou conversar conosco e foi, mais uma vez, um exemplo e simpatia e generosidade.
“Quem pensou em adaptar o Menino Maluquinho para os cinemas foi o Tarcísio Vidigal, que era meu sócio na época. Foi uma ideia dele, que me trouxe, e gostei”, revela Ratton. E continua: “pensamos que o Menino Maluquinho poderia resultar em um filme capaz de divertir as crianças e os adultos, os pais delas. Sempre tive essa preocupação de falar com ambos, achava que era possível se comunicar com mais de um público, e que havia meios para isso”. Mas no início dos anos 1990, no Brasil, para fazer cinema não bastava apenas querer. Era preciso descobrir como fazer. E encontrar a fórmula para levar o Menino Maluquinho, das páginas dos livros e das histórias em quadrinhos, para a tela grande, não foi das mais fáceis. “A criação do roteiro foi difícil. Quem primeiro trabalhou no texto foi o Alcione Araújo, um profissional muito habilidoso, mas que não estava achando o tom do filme. Eu e o Ziraldo nos envolvemos com o texto depois, e percebi que não se tratava de uma adaptação literária. O livro não conta uma história, ele cria um personagem. A percepção disso me permitiu propor ao Ziraldo: “vamos ficar no universo do livro e imaginar situações a partir daqui”, não se apoiando tanto, portanto, nas histórias em quadrinhos, nas tiras com o personagem”, relembra o diretor.
“Eu e o Helvécio Ratton trabalhamos muito juntos. Perguntei se poderia dar palpites, ele disse que sim, então opinei em tudo que achava importante. Lembro que foi um trabalho muito gratificante”, comenta Ziraldo. E continua: “O Helvécio usou com propriedade o material que a gente tinha. Isso fica explícito na tela. O filme buscou contar uma história típica do personagem. A gente tinha muito material referente à infância, às brincadeiras de meninos e meninas. O Ratton aproveitou isso e fez um belo trabalho. É um filme bonito, do qual tenho muito orgulho”. Quem também recorda da oportunidade de se envolver com esse projeto foi Patrícia Pillar, que pode ser considerada uma das musas da Retomada: além desse, estava no elenco também de O Quatrilho e de O Monge e a Filha do Carrasco (1996), lançado um ano depois, mas filmado na mesma época. “Quando me chamaram para o filme, ainda tinha o meu livro do Menino Maluquinho. E também adorava Flicts, era apaixonada por essa história. Ou seja, era fã assumida do Ziraldo, então só de terem lembrado do meu nome já me deixou explodindo de felicidade. Fiquei honrada com o convite e até hoje guardo comigo a alegria por ter participado”, comenta a atriz.
Uma vez definida a história do filme, outra questão era decidir quem viveria personagens tão carismáticos na tela. “O grande lance foi a seleção do garoto que faria o Menino Maluquinho. Inclusive, me deu uma medida do tanto que o personagem do Ziraldo era universal. Fizemos testes no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte com mais de 3 mil crianças. E apareceram de todos os tipos. Garotos nissei, negros, qualquer um poderia ser o Maluquinho. O pai, a mãe, quem levava também achava que tinha um Maluquinho em casa”, aponta Ratton. Mas entre tantos candidatos, somente um poderia ser o escolhido. “Eu era de agência de atores e modelos mirins em São Paulo. Estava acostumado a fazer testes. Foi quando fiquei sabendo que haveria um para o filme. Fui e me inscrevi, tudo muito normal. Juntavam uma criançada, e quem se destacava naquela dinâmica, era chamado para participar de mais perguntas, uma nova fase. Um mês depois veio outra peneira, mais reduzida. A última etapa foi em Belo Horizonte. Lá ensaiamos uma cena, e o Helvécio que avisou que havíamos sido escolhidos”, comenta Samuel Costa, que até então nunca havia atuado no cinema.
Fazer esse filme foi uma forma de continuar dialogando com o menino que tenho dentro de mim. Nunca esqueci desses sentimentos de criança. E me deixa muito feliz perceber que certos sentimentos daquela época, que colocamos no filme, seguem válidos até hoje
“O Samuel Costa deu um show. Uma coisa admirável, a atuação do garoto. Acreditou mesmo que era o personagem. Fiquei encantado com ele. Gostou muito de fazer o filme. Conseguiu incorporar a figura do Maluquinho com perfeição”, atesta Ziraldo. E não é o único. “A descoberta do Samuel foi fantástica. Ele era um diamante. Logo que apareceu nos testes em São Paulo, percebemos o talento dele. Segurou o filme de uma forma impressionante. Inclusive, liderou aquele grupo de crianças. A forma como percebeu o cinema como um jogo foi incrível. E estabeleceu uma relação comigo que dura até hoje. Temos um sentimento muito forte um pelo outro. Ele tinha um brilho no olhar e não estava atuando, era mesmo aquilo. O fato da câmera estar ligada não mudava o comportamento dele. Era daquele jeito na frente e fora da câmera. Uma criança encantadora”, afirma o cineasta, emocionado.
“O Helvécio deve lembrar: eu ficava perguntando o tempo todo sobre o funcionamento das coisas. Cheguei a trocar um rolo de filme, pra ter ideia. Até medir o foco eu fiz. Seguimos em contato até hoje. O Ziraldo foi a mesma coisa, fui encontrando ele ao longo dos anos”, comenta Samuel Costa. Mas essas amizades, com o diretor e com o criador do personagem, não são as únicas coisas que ganhou com o filme e que mantém até hoje. “Foi muito fácil fazer o Menino Maluquinho, pois agi naturalmente. Basta ver os diálogos do filme. Quando acharam as crianças disponíveis para serem autênticas e extrovertidas na frente da câmera, era aquilo e pronto. Se não tivesse sido comigo, mas com um outro garoto que se encaixasse, teria sido o mesmo sucesso, porque a história é muito boa. Tenho a panela do filme até hoje, as lembranças são lindas. Tenho também o paletó azul – agora ele serve de boa, já está do meu tamanho”.
“Ainda não havia lido o livro quando fiz o teste para o filme. Mas já conhecia o personagem por causa do gibi que tinha nas bancas de revistas. Não tinha a menor ideia do que significava ser escolhido para ser “o Menino Maluquinho”. Não entendia a importância do personagem. O livro foi escrito nos anos 1980, e a infância que retrata é a do Antônio, filho do Ziraldo. Um moleque nos anos 1970, 1960. Por isso a história é ambientada nessa época. Quando fiz o filme, em 1994, o personagem já existia há mais de dez anos”, comenta Samuel Costa, hoje um homem com 35 anos. Quem continua é o diretor. “Na época, discutimos a possibilidade de situar a trama nos dias de hoje. Era uma proposta do produtor, e o Ziraldo estava indeciso. Mas decidi situá-lo nos anos 1960, e com uma certa liberdade, sem deixar tão marcado a data. Acho que isso favoreceu, pois deu ao filme uma cara atemporal. Foi atravessando gerações. Não incluímos, por exemplo, videogames e outros jogos eletrônicos. Achava que não era por aí. Queria fazer filmes para crianças, e acima de tudo, anti-consumistas. Ficava irritado quando levava minhas filhas ao cinema e os filmes eram basicamente vitrines de lançamentos de produtos. Tinha uma implicância enorme com isso, pois a história era o que menos importava. Queria fazer algo com o qual as crianças se divertissem sem a necessidade de consumir nada. Essa era uma das propostas centrais do filme”, declara Ratton.
“Faz muita falta ter um cinema infantil com uma abordagem que não seja boboca. A criança também tem suas angústias, seus momentos de solidão, é bom que elas possam se identificar em relação a esses sentimentos também. É importante que a criança tenha essa referência”, admite Patrícia Pillar. Sua posição é importante para lembrar que nem tudo são alegrias no filme. No meio da trama, os pais do Maluquinho decidem se separar. Mais adiante, o avô, uma figura central na sua infância, morre. “O que o filme mostra é uma infância feliz. Dá pra você refletir a respeito de diversas maneiras. É um espelho de uma coisa legal, um exemplo. De aprendizado, também. Pais separados, o avô que morre, coisas que vamos lidar com a vida. Frustrações fazem parte”, reflete Samuel Costa.
O importante é ser feliz e autêntico. O Menino Maluquinho era um menino de 9 anos que não se importava com o que os outros pensavam, e por isso era tão feliz
O diretor Helvécio Ratton faz coro: “Era importante ter essas questões para marcar o ritual do crescimento, a transformação em adulto. Desafios que enfrentamos na vida. Quis colocar como parte desse rito de passagem da vida. E trabalhar esses elementos de forma leve. Por exemplo, o avô morre, mas as crianças não deixam de ter a partida de futebol que estavam preparando com ele. A vida é assim, tem que sentir as dores, mas, ao mesmo tempo, é preciso seguir em frente. Foi algo que quis colocar no filme, e o Ziraldo topou, o que me deu muita satisfação”. Quem complementa é a atriz: “o filme tem a leveza das brincadeiras de rua, mas também tem os momentos difíceis como a separação dos pais e a morte do avô. Tudo isso tratado de uma forma muito sensível e delicada”.
“Há três atores adultos que foram fundamentais para o filme que queríamos contar: a mãe, o pai e o avô, interpretados pela Patrícia Pillar, Roberto Bomtempo e o Luiz Carlos Arutin. Sem falar da Edyr de Castro, que faz a Irene, a empregada. Estavam todos interessados na volta do cinema brasileiro, e embarcaram no meu convite com alegria. Estavam muito dispostos a trabalhar”, recorda o diretor. “Todo mundo fez com carinho. Lembro da Patrícia Pillar, que ficou linda como a mãe do Menino Maluquinho. Tem uma cena dela fazendo o filho dormir, que é uma das coisas mais ternas que já vi na minha vida”, relembra Ziraldo. E Samuel Costa continua: “o Arutin era incrível. Era realmente um avô. De espírito também. A interação que sentia com ele, e também com a dona Hilda Rebello, que fazia a avó, era muito grande. Me sentia como neto deles, de verdade”.
Era apaixonada por essa história. Era fã assumida do Ziraldo, então só de terem lembrado do meu nome já me deixou explodindo de felicidade. Fiquei honrada com o convite e até hoje guardo comigo a alegria por ter participado
“Nós tivemos um cuidado com todas as crianças, usando as figuras dos quadrinhos como referência, mas sem rigidez. Não havia necessidade de encaixar os meninos numa figura pré-estabelecida. Dei mais importância à espontaneidade, à forma como cada um se comportava no set. Mais do que com a uma semelhança física, por exemplo. Queríamos estabelecer um grupo que interagisse. E conversamos muito com os pais. Precisava saber quem estaria com eles durante as filmagens. Praticamente me entregaram aqueles meninos. Sou grato por isso. A gente conseguiu estabelecer essa proximidade entre eles, para não ser fabricada em cima da hora, o que seria superficial. Havia uma confiança grande desses pais, e isso ajudou na nossa relação com as crianças”, confessa Ratton.
“Impressiona a permanência desse filme, até hoje recebo mensagens a respeito. De pais e mãos que viram com os filhos, e nos relatam como as crianças se emocionam com a história”, comenta Ratton. E complementa: “acho que diz respeito a certos sentimentos que são atemporais. Que carregamos dentro da gente. Essa coisa da turma, do brincar, da solidariedade entre as crianças. Os sentimentos não mudam com o tempo. As embalagens talvez, mas o que sentimos segue igual, independente da época. Quando lançamos o filme, em 1995, foi muito bem recebido nas salas de cinema. Foi um sucesso incrível também em dvd. Pega pelo lado da emoção de uma forma que tem muito a ver com a nossa humanidade. É um filme humanista”.
“O primeiro filme do Menino Maluquinho é melhor do que o segundo porque é mais espontâneo. Uma coisa boa de Menino Maluquinho 2: A Aventura (1998) é que é mais agitado, dinâmico, e também com muita qualidade. Mas o primeiro tem uma certa ingenuidade que cai bem no personagem. É mais sensível, acredito”, confessa Ziraldo. “Até hoje fico impressionado pela quantidade de pessoas que mandam mensagens falando sobre seus filhos que assistem ao filme e amam. Já tem uma nova geração envolvida. Recebo toda hora fotos com moleques com panelas na cabeça. Foi um trabalho incrível, muito bonito”, aponta Samuel.
“Quando o Menino sonha, com a Fada do Tempo, é uma canção do Fernando Brant que pontua aquele momento. Uma composição muito linda, que expressa bem o clima, ao mesmo tempo mineiro, mas universal, sem ser pesado. Traz esse clima de quintal, que aqui as coisas tem um outro sentido, um outro tempo”, cita o diretor. Esse lado mais poético do filme é reforçado também pelo escritor. “A cena em que o Menino Maluquinho dança em cima do disco, foi incrível. E feita sem ensaio nenhum, o que me deixou ainda mais abismado. O Samuel dançou e cantou como se fosse ele próprio o personagem. Uma coisa inacreditável e comovente. Nunca vi uma interpretação infantil mais querida do que essa”, recorda emocionado.
Samuel Costa, que viveu aquilo como uma criança que vê seus sonhos se tornando realidade, também faz seus apontamentos a respeito das lembranças que guarda até hoje sobre essa experiência única em sua vida: “a cena do relógio foi incrível. Foi uma companhia de aço que fez o aparato daquele tamanho, tudo de verdade, de metal, e gigantesco. Realmente dava para andar nele. O pêndulo entra pela janela do quarto, eu monto e saio com ele. Foi incrível. Vou lembrando de tudo isso, e como hoje trabalho com produção, fico pensando nas dificuldades, ainda mais naquela realidade. Quando assisto ao filme, porque participei de tudo aquilo, fico cada vez mais admirado com o que fizeram”.
Mas essa não é a única cena que ele lembra com carinho. “uma das que mais gosto de lembrar foi a corrida de carrinho de rolimã. Fecharam aquela avenida para filmarmos! Tinha um cordão de isolamento, e no fim, colchões e uma parafernália louca. Ninguém se acidentou, mas foi uma loucura. Tinha uma passagem do roteiro que esperava muito, mas que não entrou porque não chegou a ser gravada. Nessa descida, ia passar uns caras com um vidro, e o Menino Maluquinho ia atravessar no meio, dar o maior estouro. Mas as filmagens naquele dia atrasaram, estava tudo pronto, mas o sol não ajudou, e acabou não acontecendo. Uma pena, teria sido incrível”, recorda em meio a um sorriso impossível de ser disfarçado.
“Que coisa impressionante já terem se passado 25 anos, parece que foi ontem. Fico muito feliz que vocês tenham lembrado do filme. Foi uma aventura muito divertida. Escolhemos lugares bonitos para contar a história, acho que ficou ótimo”, conclui Ziraldo. Quem também se impressionou com a passagem do tempo foi Patrícia Pillar, que aproveitou a data para também ela revistar esse que é um dos seus trabalhos mais marcantes no cinema: “Como o filme completou 25 anos, tive vontade de revê-lo e, para minha alegria, gostei ainda mais agora. É uma linda homenagem à infância”, justifica.
“Estou sempre revendo quando posso. A última vez deve fazer uns dois anos. Foi com a minha namorada. Hoje em dia, já vejo comentando, de tantas vezes que assisti”, se diverte Samuel. Para ele, a mensagem é uma só: “o importante é ser feliz e autêntico. Mas vejo também que não é tão simples. Acho que precisa haver um clique na mente da criança pra ela não se deixar levar pelas influências externas. O Menino Maluquinho era um menino de 9 anos que não se importava com o que os outros pensavam, e por isso era tão feliz”, acredita ele.
Que coisa impressionante já terem se passado 25 anos, parece que foi ontem. Fico muito feliz que vocês tenham lembrado do filme. Foi uma aventura muito divertida
“Fazer esse filme foi uma forma de continuar dialogando com o menino que tenho dentro de mim. Nunca esqueci desses sentimentos de criança. E me deixa muito feliz perceber que certos sentimentos daquela época, que colocamos no filme, seguem válidos até hoje”, afirma Helvécio Ratton. E o diretor diz mais: “com certeza, é um filme pelo qual tenho muito orgulho. Pois você percebe que as pessoas compreenderam o que estávamos querendo dizer. De certa forma, colocamos ali uma infância ideal. Um pouco mítica, mas muito saudável. E é algo que mudou. O filme resgata essa ideia, da infância com liberdade”, finaliza.
(Entrevistas com Helvécio Ratton e Ziraldo feitas por Francisco Russo. Entrevista com Patrícia Pillar feita por Marcelo Müller. Entrevista com Samuel Costa e edição final do texto por Robledo Milani)