Muitos podem afirmar que nunca haverá uma Anna Karenina melhor do que a inesquecível Greta Garbo, que interpretou a personagem em duas ocasiões no cinema – no filme mudo Love (1927) e, principalmente, no clássico Anna Karenina (1935). No entanto ela está longe de ser uma unanimidade. Há quem prefira o desempenho apaixonado de Vivien Leigh (a eterna Scarlett O’Hara de …E O Vento Levou, 1939) na versão de 1948, enquanto que muitos se apaixonaram pela trágica personagem através do desempenho rígido da francesa Sophie Marceau, em 1987. E agora a heroína criada por Leon Tolstoy está de volta às telas, na luxuosa produção dirigida por Joe Wright e estrelada por Keira Knightley.
Em todos estes filmes, a trama é basicamente a mesma: Anna vem de São Petesburgo a Moscou para ajudar o irmão infiel e a cunhada a retomarem seu casamento. Nesta visita ela conhece o Conde Vronsky, que irá mexer com seu coração a ponto de abalar a própria relação com o marido, um poderoso homem do governo russo. O caso entre a dama da sociedade e o jovem oficial do exército será polêmico e controverso, levando-a a abandonar o esposo e o filho para viver essa nova paixão, até uma conclusão triste e de grande pesar.
Publicado em 1877, Anna Karenina é considerada uma das obras-primas do escritor de Guerra e Paz (também adaptado para o cinema). A frase inicial – “todas as famílias felizes são iguais; as infelizes o são cada uma à sua maneira” – é uma das mais emblemáticas da literatura mundial. Ao todo, conta-se cerca de 27 versões para o cinema e para a televisão, sendo estas quatro as mais famosas. Vamos, agora, conhecer um pouco mais sobre cada uma destas intérpretes.
Grande musa do cinema sueco, nasceu em 18 de setembro de 1905 em Estocolmo, capital. Com apenas 21 anos estreou em Hollywood, e no ano seguinte interpretou Anna pela primeira vez, em Love. Fez tranquilamente a transição do cinema mudo para o falado, e chegou a receber quatro indicações ao Oscar – ganhou apenas um, no entanto, e honorário, em 1955, pelo conjunto de sua obra. Por Anna Karenina foi escolhida como Melhor Atriz do ano de acordo com o Círculo de Críticos de Cinema de Nova York.
Confira a crítica de Anna Karenina (1935), por Robledo Milani
Nascida em 05 de novembro de 1913 em Darjeeling, na Índia, quando ainda era colônia inglesa, Vivian Mary Hartley – ou apenas Vivien Leigh – mudou-se na infância para a Inglaterra, onde se consagrou como uma das maiores atrizes de todos os tempos. Ganhou dois Oscars como Melhor Atriz – por …E O Vento Levou (1939) e por Uma Rua Chamada Pecado (1951) – além de ter sido premiada também, por este último trabalho, no Festival de Veneza e no BAFTA. Vivien foi casada duas vezes, tendo sido a última com o grande Laurence Olivier, com quem ficou por 21 anos. Faleceu com apenas 53 anos, vítima de tuberculose.
Confira a crítica de Anna Karenina (1948), por Robledo Milani
Sophie Danièle Sylvie Maupu era uma jovem revelação do cinema francês que começava a despontar internacionalmente – havia recém participado do oscarizado Coração Valente (1995), de e com Mel Gibson – quando foi convidada para estrelar mais uma adaptação do romance de Tolstoy. O desafio foi enorme, mas ao lado de um elenco célebre – que trazia ainda Sean Bean, Alfred Molina, James Fox, Fiona Shaw, Danny Huston e Mia Kirshner – ela se sai relativamente bem, sendo que os maiores deslizes da produção devem ser creditados à condução um pouco desajeitada do diretor Bernard Rose. Há, no entanto, o mérito de ter sido esta a primeira versão filmada nas locações onde a história de fato se passa, e as paisagens de Moscou e São Petesburgo são, realmente, deslumbrantes.
Confira a crítica de Anna Karenina (1997), por Robledo Milani
De todas as versões já feitas deste romance, esta última foi a única a ser indicada ao Oscar – e ainda ser premiada, com a estatueta de Melhor Figurino, um prêmio mais do que justo. No entanto, quando começou a se falar sobre o projeto, as expectativas eram ainda maiores, e alguns críticos chegaram a cotar o longa entre os finalistas aos principais prêmios, como Filme, Direção e Atriz. Knightley, ainda que limitada, se esforça como poucas vezes em sua carreira, e sua performance é comovente e arrebatadora. Tamanho esforço foi reconhecido apenas no Satellite Awards, que conferiu 6 indicações ao filme, inclusive à protagonista como Melhor Atriz. Com cenários deslumbrantes e uma realização criativa em que tudo se passa num palco, temos aqui uma das mais felizes adaptações da obra, respeitosa ao original e inventiva de acordo com os tempos atuais.
Confira a crítica de Anna Karenina (2012), por Matheus Bonez