Selton Mello é um dos atores mais completos do atual cenário brasileiro. Ele estreou no cinema em 1990, no infantil Uma Escola Atrapalhada – ao lado dos populares Trapalhões! Logo em seguida, no entanto, começaram a surgir os trabalhos mais sérios, como Lamarca (1994), O que é isso, companheiro? (1997) e Guerra de Canudos (1997), por exemplo. Cada vez mais afastado da televisão, conquistou imensa popularidade ao ser um dos protagonistas de O Auto da Compadecida (2000), minissérie da Rede Globo dirigida por Guel Arraes que depois foi reeditada para exibição nos cinemas e somou mais de dois milhões de espectadores, tornando-se um dos campeões de público da retomada.
Neste novo século Selton tem alternado projetos mais experimentais e autorais, como Lavoura Arcaica (2001), Garotas do ABC (2003), Árido Movie (2005), O Cheiro do Ralo (2006) e A Erva do Rato (2008) com outros de grande apelo popular, como Lisbela e o Prisioneiro (2003), O Coronel e o Lobisomem (2005), Meu Nome não é Johnny (2008) e A Mulher Invisível (2009), entre outros. Recebeu muitos elogios por filme como Jean Charles (2009), ao mesmo tempo em que foi duramente criticado por trabalhos como Federal (2010). Deu seu primeiro passo na carreira internacional com o espanhol Lope (2010), sob o comando do brasileiro Andrucha Waddington (Casa de Areia) e ao lado de Alberto Ammann, Luis Tosar, Leonor Watling e Sonia Braga. Mas atuar já não lhe é suficiente.
Em 2008 Selton Mello estreou como diretor de longa-metragens em Feliz Natal, título que rendeu aos coadjuvantes Darlene Gloria e Lucio Mauro indicações ao Grande Prêmio de Cinema Brasil, além de ter sido premiado como Melhor Fotografia (de Lula Carvalho) nos festivais de Lima e Miami. Três anos se passaram, e também ficou para trás a insatisfação com a ato de interpretar. Tanto que seu novo projeto como realizador é o mais iluminado O Palhaço, no qual, além de dirigir e de interpretar o papel principal, também é responsável pelo roteiro. A consequência mais imediata foi o prêmio que conquistou como Melhor Diretor no último Festival de Paulínia. E esse novo filme é mesmo algo mais leve e bem humorado – mas não menos reflexivo. De acordo com os diversos talentos desse profissional da sétima arte.
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