Acostumado a navegar pelas mais diversas cinematografias ao redor do mundo, Marcello Mastroianni desembarcou no Brasil para, ao lado de Sônia Braga, estrelar esta adaptação da célebre obra de Jorge Amado, comandada por Bruno Barreto. A história se passa em 1925, na cidade de Ilhéus, Bahia, onde a jovem retirante da seca nordestina, Gabriela (Braga), encontra refúgio. Dona de uma sensualidade latente, a garota atrai os olhares de todos os homens que cruzam o seu caminho, incluindo o turco Nacib (Mastroianni), proprietário do bar mais popular da região, que lhe oferece emprego. A convivência leva a um tórrido caso e, posteriormente, ao casamento, contudo, o relacionamento desmorona quando Gabriela trai Nacib com o maior conquistador da cidade. O projeto, que parecia possuir todos os elementos para o sucesso – o retorno de Braga ao papel que a consagrara na TV, bem como o de Barreto ao universo de Jorge Amado, depois do estrondoso êxito de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), além do nome de Mastroianni – acabou não tendo o resultado esperado, muito pela dificuldade do cineasta em condensar os elementos do romance original, mas também por outras razões, como a estranheza da escalação do italiano no papel de um turco. No entanto, a curiosidade da presença, ainda que deslocada, do lendário galã – que acabou dublado na versão final – constitui, juntamente com a beleza de Braga, o principal atrativo do longa. Com seu charme habitual, sua imponência icônica e a habilidade para a comédia, Mastroianni conseguiu, mesmo em meio às dificuldades, sair incólume de sua aventura pelo cinema nacional. – por Leonardo Ribeiro