Original de 1966, escrito por Joe Masteroff e baseado em outra peça, que por sua vez foi inspirada no livro Adeus, Berlim, de Christopher Isherwood, Cabaret foi aqui adaptado por Miguel Falabella e dirigido por José Possi Neto. A história se passa no ano de 1931, no Kit Kat Club, um cabaret decadente de Berlim que tem como estrela Sally Bowles, uma dançarina e prostituta com problemas com álcool e que se apaixona por um escritor americano. Isso tudo se passa com a política alemã e o nazismo como pano de fundo. A versão mais conhecida é a feita em Hollywood, em 1972, quando a protagonista foi imortalizada por Liza Minelli. E até hoje não apareceu ninguém à altura da diva americana.
O Cabaret brasileiro está atualmente localizado no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Quando se entra na sala de espetáculos, o espectador esquece imediatamente que está em um teatro e passa a se sentir automaticamente nos anos 30, como se estivesse em um legítimo cabaré! O teatro foi todo adaptado, com cortinas iluminadas e mesas no palco onde os espectadores podem comprar os ingressos (salgados) e assistirem a peça com se realmente fizessem parte da performance. Esse mérito é dos cenógrafos Chris e Nilton Aizner. Por sua vez, o figurino de Fábio Namatame é igualmente luxuoso e caprichado, enquanto que luz, orquestra e atores bailarinos fazem um bom trabalho.
O grande problema é que se vê muito papo e pouca dança e canto. Os números musicais são escassos e nenhum realmente empolga como nos grandes musicais. A peça é excessivamente longa e se perde em cenas arrastadas e de pouco apelo, principalmente as que envolvem o grande Marcos Tumura (aqui totalmente apagado) e Liane Maya, que faz um trabalho apenas ok. O principal papel masculino, que seria o do escritor inglês (que à princípio seria vivido por Reynaldo Gianechini) coube ao fraco Guilherme Magon, que não tem carisma e sequer canta. Kátia Barros e Júlio Mancini fazem boas participações, mas quem realmente mantem esse Cabaret funcionando a todo vapor é o excelente Jarbas Homem De Mello, como MC, o mestre de cerimônia que toma pra si o principal papel masculino. Jarbas canta, dança e entretém como poucos no musical. Não à toa é ovacionado e vem colecionando elogios. Mas aí você se pergunta: e a grande estrela? Pois bem, tem como falar que Cláudia Raia não está bem em um musical? Não!
Em seu décimo trabalho do gênero, “La Raia” é quem atrai o público, que tem esgotado as cinco sessões semanais. Sua entrada em cena é aguardada com ansiedade. Cláudia, como todos sabem, é uma grande atriz, uma intérprete de todos os tipos, dançarina nata, estudada e extremamente talentosa. Só tem um porém: Claudia Raia não canta, e isso fica visível demais em Cabaret. Se em Sweet Charity isso passava batido, aqui não tem como. Em solos fracos, a estrela faz do número final – um dos mais aguardados – um poço de frustração. Sem mencionar que em várias momentos é possível identificar algumas tintas de Charity em Sally. A atriz almejava esse papel, e nós desejávamos vê-la brilhando como sempre. Mas, como dizem: grandes expectativas geram grandes frustrações.
Cotação: Regular
Cabaret reestreia dia 12 de Janeiro no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo
***texto revisto de acordo com as considerações abaixo
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Agradeço a leitora "Karen" pelas correções pertinentes e acertadas. Obrigado pela audiência e siga de olho no Papo de Cinema.
Seria interessante se, antes de criticar, se informar melhor sobre o tema: 1. É Sally Bowles e não Balls; 2. É um escritor americano e não um escritor inglês. Assisti 3 vezes e achei excelente. A Raia esta realmente bem em seus números musicais, as danças são eletrizentes e as músicas também, achei que ela canta o melhor possível, dado o timbre de sua voz. Uma coisa eu concordo com você: o Jarbas rouba as cenas!
Concordo plenamente com o Fábio! Na "Maybe this time" ela quase consegue, mas o falsete impera em toda a música, uma pena. Mas vale ressaltar que é uma super produção!