por Roberto Cunha*
O personagem é o mesmo, mas a história não se repete. Em 1955, a então atriz Grace Kelly era só glamour e estava em Cannes acompanhando a delegação de Amar é Sofrer (1854). O título saiu de lá sem a Palma de Ouro, mas acabou rendendo, entre outros prêmios, um Oscar de Melhor Atriz para ela. Agora, em 2014, ela está de volta à festa do cinema mundial, só que na pele de Nicole Kidman, no filme Grace de Mônaco e as polêmicas não param.
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Dirigido pelo francês Olivier Dahan, o drama foi escolhido como título de abertura do Festival de Cannes 2014 e a repercussão junto a família real não tem sido nada boa. A sessão de gala aconteceu na quarta-feira, 14, contando com a presença do cineasta, sua protagonista e integrantes da equipe, mas os membros da corte já haviam adiantado que não iriam prestigiar a sessão. Na visão deles, o filme que se concentra em apenas um pequeno período da vida de Kelly, é, entre outras coisas, uma farsa.
No ano passado, depois de passarem os olhos no roteiro, o Príncipe Albert e as princesas Caroline e Stéphanie, de Mônaco, disseram que o longa contém “significativas imprecisões históricas assim como cenas de pura ficção”. Na última sexta-feira, 9, eles foram mais contundentes, dizendo que o trailer mostrava a total natureza ficcional do longa. “A família não tem o menor desejo de ser associada a este filme, que não reflete a realidade e lamenta que a história tenha sido modificada por interesses puramente comerciais”, disse um comunicado oficial da realeza.
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Kidman declarou dias atrás que entende o ponto de vista dos três herdeiros de Grace Kelly. “É a missão dos filhos proteger seus pais. De certa forma, eu entendo. Não é para ser uma biografia e eu, certamente, fiz o meu melhor para honrar tudo que era real e verdadeiro nele“, disse a atriz.
Domingo agora, dia 11, o diretor afirmou ao francês Le Journal du Dimanche, que está revoltado com as declarações da família. “Nunca pretendi fazer um cinebiografia. Há coisas reais e outras inventadas. É meu direito à ficção. Mas quando leio em seu comunicado que tudo foi feito com fins comerciais, me sinto insultado“, disse o cineasta, famoso pelo emocionante Piaf: Um Hino ao Amor (2007). Ele disse ainda nunca ter passado por nada parecido antes e não sabe o que tanto preocupa eles.
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Grace de Mônaco começa em 1962, seis anos depois do casamento de Grace Kelly com Rainier III. Sua estreia no Brasil está prevista para janeiro de 2015. O elenco tem ainda Tim Roth como o príncipe Rainier, a espanhola Paz Vega vivendo a cantora Maria Callas e Frank Langella no papel do padre Francis Tucker, conselheiro do casal. O roteiro é de Arash Amel (Perseguição Implacável, 2012).
*enviado especial do Papo de Cinema ao Festival de Cannes 2014
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