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Presente na capital de Goiás para acompanhar o Festival Internacional de Cinema de Goiânia 2023, o Papo de Cinema assistiu aos títulos selecionados para a Mostra Competitiva Ruptura, que acontece no Cine Lume Ritz (R. 8, 501 – St. Central). Na sessão, três longas e seis curtas, além de debates de apoio, destacaram o cinemas goiano, brasileiro e internacional, visando romper com as narrativas clássicas. Em variados gêneros, os filmes se conectam em formatos experimentais e tramas que examinam os limites da sociedade. A seguir, vamos conferir do que tratam esses projetos e de que maneiras eles nos propõem reflexões. Siga o fio! 

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Alguns dos projetos mais destacados do GIFF estão na seleção de longas desta mostra, que se relacionam ao tratar das ansiedades em um mundo em transformação. O mais comentado pelo público, certamente, foi Mais Pesado é o Céu, elogiado drama de Petrus Cariry que já havia carimbado passaporte em outros eventos, como Gramado e Los Angeles. Estrelado por Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios, o enredo apresenta prostituição, instinto de defesa e desigualdade social, temas que se misturam para testar a empatia na contemporaneidade. Pela honrada trajetória pregressa de Nachtergaele, provavelmente, esse foi o título que carregou mais espectadores à sala do Cine Ritz.

Um degrau de aceitação abaixo, a trama de amadurecimento The Scent of The Wormwood, de Aibek Daiyrbekov, foi uma das sensações da mostra. Isso porque a obra desembarcou diretamente do Quirguistão, país da Ásia Central, fato que atiçou a curiosidade dos cinéfilos. Presentes no evento, Nurbek e Nurgul Daiyrbekov, produtores da empreitada, tiveram os olhares voltados para si em grande parte das atividades. Mesmo vindo de uma cultura tão distante, o filme segue à risca a famosa frase de Tolstoi: “fale de sua aldeia e estará falando do mundo”.  

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Cena de The Scent of The Wormwood.

As apostas citadas acima não podem se considerar homenagens como Môa: Raiz Afro Mãe, de Gustavo McNair, o terceiro longa da sessão. Entretanto, os enraivecimentos sociais de ambas atravessam uma produção que deveria apenas celebrar a imagem de um ícone da cultura brasileira. De fato, há a comemoração da trajetória de Romualdo Rosário da Costa, compositor, percussionista, artesão, educador e mestre de capoeira brasileiro, mas tal importância se revela nacionalmente após o artista ter sido assassinado, vítima de intolerância. Assim como seus irmãos de sessão, este filme também gerou reflexões potentes no público. 

Entre os curtas, o destaque ficou por conta de Big Bang. Dirigido por Carlos Segundo, o mesmo de Sideral, a obra brasileira ousa em estética e confronto ao seguir Chico, um homem com nanismo que trabalha consertando fornos. Solitário, vive um conflito interno contínuo, resultado do sentimento de abandono familiar e da exclusão social que normalmente o persegue. Contrastando com diversos dos projetos do GIFF 2023, este trata de vingança. Paralelamente, também em tom sombrio, outros transtornos pós-modernos puderam ser assistidos em produções como Mediterrianian Dreams, de Misagh Bahraloloomian, filme iraniano que discorre com dinamismo sobre a poluição e como ela se retroalimenta, e Esto No Es Un Espejo, de Laureano R. Nazar, título argentino que expressa em linguagem de horror os tormentos e protocolos de um mundo conectado por redes sociais. 

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Cena de Big Bang.

Ainda que abreviado, sobrou tempo para o público estimular a credulidade no futuro com dois curtas nacionais. O primeiro foi Fitoterapia, de Eduardo Piotroski, trama que exemplifica de forma fantasiosa as relações cada vez mais robustas entre as novas gerações com as plantas. Afinal, em selvas de pedra, elas enfim estão ganhando seu devido valor energético. Um movimento contrastante que é abordado de forma muito simpática. Na mesma medida, a animação Jussara, de Camila Ribeiro, em pouco mais de oito minutos enaltece uma personagem conhecida pelo valor de suas histórias e a força que possuem de transformação.   

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Cine Ritz, espaço de exibições do GIFF 2023.

O Festival Internacional de Cinema de Goiânia 2023 proporcionou uma ampla gama de sugestões e abordagens cinematográficas, estabelecendo uma eloquente ponte para que os habitantes locais assimilassem de maneira profunda e significativa as pautas mais relevantes da contemporaneidade. Ao realizar essa proeza, o festival não apenas cumpriu, mas excedeu seu objetivo primordial de articular intercâmbios, promovendo uma interação enriquecedora entre diferentes visões de mundo e perspectivas artísticas. Além disso, a diversidade de obras apresentadas contribuiu para enriquecer o panorama cultural da região, consolidando o GIFF como um catalisador de diálogo e reflexão. 

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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