Dos cinco indicados nesta categoria, apenas dois – Michael Douglas e Bill Hader – também foram lembrados no Critics Choice e no Screen Actors Guild Awards. Ou seja, são, naturalmente, os favoritos. Correto? E se levarmos em conta que Hader ganhou o Emmy nesta mesma categoria, então sua vitória no Globo de Ouro é bastante óbvia. Feito? Não! Afinal, ele está na disputa contra um dos maiores astros de Hollywood, por um programa que não era elegível ao Emmy (foi lançado depois da premiação). Disputa acirrada. Entre os demais, temos um antigo vencedor pelo mesmo trabalho – e todos nós sabemos como os votantes do Globo odeiam se repetir – e dois “novatos veteranos”, por assim dizer. Tanto Jim Carrey (dono de dois Globos, aqui em sua sétima indicação) quanto Sacha Baron Cohen (vencedor do Globo por Borat, 2006, aqui concorrendo pela segunda vez) já foram premiados, e por esses trabalhos – considerados, em seus lançamentos, grandes retornos após um longo período longe dos holofotes – não foram lembrados a absolutamente mais qualquer outra premiação. Isso os deixa de fora? Com certeza não. Afinal, seria a oportunidade perfeita para um abraço de “bem-vindo de volta”, além de se colocarem, mais uma vez, como “diferentões”, “à frente do tempo”, na vanguarda ou algo que o valha. Mas não aposte nisso.
Indicados
- Sacha Baron Cohen, por Who Is America?
- Jim Carrey, por Kidding
- Michael Douglas, por O Método Kominsky
- Donald Glover, por Atlanta
- Bill Hader, por Barry
FAVORITO
Michael Douglas, por O Método Kominsky
Este tem tudo para ser um daqueles casamentos idealizados no céu: O Método Kominsky é uma série feita para render prêmios e elogios aos seus dois protagonistas, Michael Douglas e Alan Arkin – ambos indicados ao Globo, o segundo na categoria de Coadjuvante. Os dois passam o programa inteiro dispostos a rir de si mesmos, criando personas alusivas as suas próprias carreiras, fazendo piadas com a velha Hollywood e ainda debochando da idade. Dono de nove indicações e de duas estatuetas – além de um Prêmio Cecil B. DeMille, pelo conjunto de sua obra – Douglas é o filho pródigo que conseguiu superar o pai – o mestre Kirk Douglas – em reconhecimentos e aplausos, revelando um talento ainda maior. Indicado ao Critics Choice e ao Screen Actors Guild Awards, tem tudo para fazer a festa nesta temporada, aumentando sua coleção de troféus – que já conta com dois Oscars, entre tantos outros. E se isso de fato acontecer, será mais do que merecido.
AZARÃO
Bill Hader, por Barry
Quem é Bill Hader? Comediante popular apenas nos Estados Unidos, conhecido mais por suas participações no programa Saturday Night Live do que por trabalhos no cinema, ele encontrou em Barry um veículo e tanto para mostrar o que tem de melhor. Tanto que, além de assinar a criação da série – já renovada para uma segunda temporada – ele também assina a direção e roteiro de vários episódios, sem falar que da vida ao protagonista, o assassino de aluguel Barry Berkman que, durante uma crise de consciência, decide largar sua antiga vida no crime e se tornar… ator! Com muito humor negro e sarcasmo, o show pode não ter agradado tanto assim as audiências – foi exibido no canal fechado HBO – mas tem conquistado muitos elogios dos críticos. Premiado no Emmy, foi indicado ainda ao Screen Actors Guild, ao Critics Choice, ao Television Critics Association e ao Satellite Awards. Ou seja, tinha tudo para ser o franco favorito, não fosse a competição tê-lo colocado ao lado de uma estrela capaz de eclipsar qualquer um que dela se aproxime.
SEM CHANCES
Donald Glover, por Atlanta
Donald Glover ganhou o Globo de Ouro por seu desempenho na primeira temporada de Atlanta, série criada, protagonizada, roteirizada e muitas vezes dirigida por ele mesmo. Mas assim como aconteceu no Emmy – ganhou na estreia, perdeu na segunda vez – os olhares não estão mais tão voltados para a sua direção. O sentimento é de: “ok, você continua bom, mas já o aplaudimos por esse trabalho, então boa sorte aí, viu?”. E exemplos assim no histórico do Globo de Ouro não faltam: Gael Garcia Bernal ganhou por Mozart in the Jungle (2016), Jeffrey Tambor por Transparent (2015), Andy Samberg por Brooklyn Nine-Nine (2014), Don Cheadle por House of Lies (2013), Matt LeBlanc por Episodes (2012), Jim Parsons por The Big Bang Theory (2011) e Alec Baldwin por 30 Rock (2010), apenas para ficarmos nesta década, sem nunca ocorrer uma repetição.
ESQUECIDO
Ted Danson, por The Good Place
Onde está o genial Ted Danson? Ok, já entendemos que os votantes do Globo de Ouro apenas “descobriram” The Good Place agora, em sua terceira temporada, mas como puderam dar apenas duas indicações para o programa – Melhor Série Comédia e Atriz em Série Comédia (Kristen Bell) – e ignorar o veterano astro? Sem falar que Danson é um antigo “queridinho” da premiação – ou era, ao menos – já com três Globos no currículo, e um total de 11 indicações, o que torna a sua ausência ainda mais inexplicável. Ele foi indicado ao Emmy e venceu do Critics Choice. Esse seria o momento ideal para, mais uma vez, aplaudir um verdadeiro talento hollywoodiano, um nome que há anos vem se mantendo na indústria, sempre se renovando e entregando o melhor de si. Em The Good Place, como o demônio arrependido Michael, ele pode não estar no seu melhor na terceira temporada – de fato, tanto na primeira quanto na segunda o seu domínio no show era muito maior – mas como ele ainda não recebeu indicação aqui por esse trabalho, ele segue em débito. Que venha no próximo ano, antes que seja tarde demais!
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