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Globo de Ouro 2019 :: Melhor Atriz em Drama

Publicado por
Robledo Milani

Conseguirão os votantes do Globo de Ouro resistir à tentação de premiar uma das maiores estrelas da Hollywood atual? Eles já demonstraram anteriormente que o fascínio que Lady Gaga exerce sobre eles é muito forte – ela ganhou o Globo por sua performance na série American Horror Story (2016). Agora, no entanto, recebeu duas indicações, e com a de Melhor Canção Original praticamente no papo, não seria a oportunidade de, aqui, reparar uma velha injustiça? Pois temos ao seu lado uma veterana dona de nada menos do que 14 indicações, e ainda que tenha duas estatuetas em casa, nenhuma foi por um dos seus inúmeros trabalhos no cinema. Teria chegado a hora? Entre as demais concorrentes, tanto Nicole Kidman quanto Melissa McCarthy estão muito corretas – e não mais do que isso – enquanto a presença de Rosamund Pike é daquelas que deixou todo mundo perguntando: puxa, como é que foram se lembrar dela? Enfim, a disputa, aqui, é mesmo entre apenas duas: as outras não são mais do que convidadas de luxo para a festa do dia 06 de janeiro.

Indicadas

 

FAVORITA
Glenn Close, por A Esposa
Seis indicações ao Oscar, e nenhuma vitória. Quatorze indicações ao Globo de Ouro, e duas conquistas: um como Melhor Atriz em Telefilme e outra como Melhor Atriz em Série Dramática. Em cinema, já concorreu quatro vezes antes, sempre saindo de mãos vazias. Com uma carreira de mais de quarenta anos, teria chegado, finalmente, a vez da estrela de clássicos como Atração Fatal (1987) e Ligações Perigosas (1988)? Em A Esposa, um projeto pessoal pelo qual se empenhou, enfrentou resistência até dos seus colegas de Hollywood – nenhum grande ator aceitou o convite para atuar ao seu lado, com medo de acabar eclipsado por sua performance. Tanto foi que ela precisou convidar um intérprete inglês – o ótimo Jonathan Pryce – que não se incomodou nem um pouco em servir-lhe de “escada”, deixando todas as oportunidades para que ela brilhasse. O resultado, ainda que não tenha atingido qualquer unanimidade, parece fazer jus ao talento da atriz, indicada também ao Screen Actors Guild, ao Critics Choice e ao Film Independent Spirit, além de outras diversas associações de críticos por todos os Estados Unidos. Prêmios até agora, no entanto, levou apenas junto aos críticos de San Diego e New Mexico, além do Hollywood Film Awards e o no Palm Springs International Film Festival. Ainda é pouco, mas o suficiente para que a justiça, enfim, seja feita.

 

AZARÃO
Lady Gaga, por Nasce Uma Estrela
Quem diria que Stefani Joanne Angelina Germanotta – mais conhecida como Lady Gaga – se revelaria uma atriz de talento? Com um Globo de Ouro já no currículo – por um trabalho em televisão, no entanto – ela parece ter se sentido segura o bastante para assumir um dos maiores desafios de sua carreira: estrear na tela grande em um papel que, em versões anteriores, foi vivido por divas como Barbra Streisand, Judy Garland e Janet Gaynor! E não é que ela se sai razoavelmente bem? Ok, mais do que razoável. Mas vamos combinar: Ally, sua personagem, é quase uma variável da sua própria persona pública, uma garota que veio basicamente do nada e que, num lance de sorte, acaba conseguindo a oportunidade certa para mostrar seu talento como cantora e, com isso, conquistar o mundo todo. A combinação deu mais que certo, e Lady Gaga se revelou a inesperada favorita do ano, conseguindo também indicações ao Screen Actors Guild e ao Critics Choice, além de ter ganho o National Board of Review e o prêmio dos críticos de Las Vegas e Washington. Nada avassalador, mas já despertar um sinal de alerta. Será que ela conseguirá ir além da mera surpresa? Pouco provável, porém nem de longe uma possibilidade a ser descartada.

 

SEM CHANCES
Rosamund Pike, por A Private War
Por este trabalho, Rosamund Pike ganhou, até agora, exatamente zero prêmios. E foi ignorada também pela imensa maioria de premiações, que nem ao menos uma indicação reservou a ela. Além do Globo, concorre apenas ao Satellite, tendo ficado em terceiro lugar na votação dos críticos de North Texas – e mais nada. Com duas indicações ao Globo – concorreu antes por Garota Exemplar (2014) – já é uma vitória ter sido lembrada por um trabalho tão pequeno, que teve lançamento limitado nos cinemas norte-americanos e arrecadou pouco mais de US$ 1,6 milhão nas bilheterias. A Private War conta a história da jornalista e correspondente de guerra Marie Colvin, um filme curioso, porém, inegavelmente, para poucos.

 

ESQUECIDA
Toni Collette, por Hereditário
É curioso dizer isso, porém contra os fatos não há o que argumentar: Toni Collette é a atriz dramática mais premiada do ano – ao menos até o momento. Por seu trabalho em Hereditário, foi escolhida a melhor atriz do ano pelos críticos de Boston (online), Chicago, Detroit, Los Angeles (online), Nevada, North Texas, Seattle e St. Louis, além de ter ganhado também o Gotham Awards e estar indicada ao Critics Choice e ao Film Independent Spirit. Ficou de fora, no entanto, de duas competições muito disputadas – as mais importantes no que diz respeito ao Oscar: o Screen Actors Guild Award e aqui, no Globo de Ouro. E ainda que o filme seja um tanto irregular – o final tem momentos constrangedores – a performance de Collette como a protagonista está acima de qualquer suspeita. Só que se trata de um longa de horror, e todo mundo bem sabe o preconceito que o gênero sofre durante a temporada de premiações – poucas, como Ellen Burstyn, em O Exorcista (1973), conseguem romper essa barreira.

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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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