Essa é, talvez, a mais disputada de todas as categorias do Globo de Ouro 2019. Afinal, é muito complicado apontar um ou outro favorito: na verdade, qualquer um dos cinco indicados tem ótimas chances de sair premiado. Dos cinco filmes concorrentes, nós já assistimos à quatro deles – e é um melhor que o outro. Então, vamos ter de nos guiar pelas premiações prévias e por bolsas de apostas, além do histórico da premiação, que costuma ter uma lógica bastante própria. Afinal, entre um veterano nunca premiado, um antigo vencedor em busca da sua segunda vitória (ou terceira), dois comediantes se arriscando como realizadores “sérios” e um dos maiores astros do planeta – e que ainda não foi premiado – a escolha parece irresistível, não é mesmo? Pois é importante nunca esquecer: os membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood são isso mesmo que o título anuncia: jornalistas de outros países que adoram uma badalação hollywoodiana. E qual a melhor maneira disso acontecer do que premiando um deles?
Indicados
Bradley Cooper, por Nasce Uma Estrela
Dono de duas indicações prévias – como Ator em Comédia ou Musical, por O Lado Bom da Vida (2012), e como Coadjuvante, por Trapaça (2013) – Bradley Cooper voltou ao Globo de Ouro em dose dupla, em categorias inéditas: neste ano ele concorre a Melhor Direção e a Melhor Ator em Drama. Remake de um dos clássicos eternos de Hollywood – esta é a quarta (ou quinta) versão da mesma história –, que tem sido muito bem recebida tanto pelo público quanto pela crítica, o filme é um dos campeões de indicações neste ano: ao todo, disputa cinco categorias. Pouco provável, portanto, que saia de mãos abanando. Como realizador, Cooper concorre também ao Critics Choice e foi premiado no National Board of Review e pelos críticos de Atlanta, Las Vegas e Palm Springs (sempre como cineasta revelação, no entanto). Dar a estatueta dourada para ele é tão duvidoso quanto óbvio. E como o Globo adora tanto uma surpresa como destacar sua “relevância” ao indicar uma direção a ser seguida no Oscar, esse parece ser o caminho mais provável.
Alfonso Cuarón, por Roma
Dos cinco indicados, Cuarón é o único que já foi premiado no Globo de Ouro – por Gravidade (2013), que lhe rendeu também o Oscar. E ele é, provavelmente, o cineasta mais laureado deste ano: está indicado ao Critics Choice e foi premiado pelos críticos de Atlanta, Chicago, Dallas-Fort-Worth, Indiana, Kansas, Las Vegas, Nova Iorque, North Texas, Phoenix, Seattle, Southeastern, Toronto, Utah e Washington. Parece imbatível, não é mesmo? Porém, alguns detalhes contam contra. Primeiro, seu filme se trata de uma produção da Netflix, com exibição limitada nos cinemas. Segundo, é um exemplar mexicano, falado em espanhol – e essa é uma associação de jornalistas voltados a cobrir produções norte-americanas, faladas em inglês. Tanto que, apesar de ter recebido três indicações – Direção, Roteiro e Filme Estrangeiro – ficou de fora da principal, a de Melhor Filme em Drama (afinal, de acordo com as regras da Hollywood Foreign Press Association, somente produções feitas nos EUA são elegíveis nessa categoria). Ou seja, premiá-lo seria o reconhecimento de uma excelência. Mas, de acordo como as coisas funcionam por aqui, também seria uma novidade.
Peter Farrelly, por Green Book: O Guia
O que o diretor de filmes como Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros (1994), Quem Vai Ficar com Mary? (1998), O Amor é Cego (2001), Ligado em Você (2003) e Passe Livre (2011) está fazendo aqui? A filmografia de Farrelly, na sua grande parte formada por comédias besteirol, pode causar surpresa, mas basta assistir ao seu mais recente trabalho – o primeiro sem a parceria do irmão Bobby Farrelly – para se ter certeza que o lugar é mais do que merecido. Green Book: O Guia é um dos títulos mais adorados deste ano, dono de cinco indicações ao Globo – Peter concorre aqui e em Melhor Roteiro – e premiado como Melhor Filme de 2018 no National Board of Review e pelos críticos de Boston, North Texas e Philadelphia, além de ter recebido outras sete indicações ao Critics Choice. É um dos mais fortes – e prováveis – concorrentes ao Oscar, mas suas chances são melhores nas categorias de atuação, roteiro e até na de Melhor Filme. Aqui, no entanto, o preconceito deve falar mais alto – na linha “só a indicação já é o prêmio”.
Yorgos Lanthimos, por A Favorita
Dono de cinco indicações ao Globo 2019, A Favorita acabou de fora de uma das categorias mais disputadas: a de Melhor Direção. E isso que a seleção foi bem equilibrada: dos cinco concorrentes, dois são Drama, dois são Comédia e um é Estrangeiro. Difícil, não? Porém, dos que ficaram de fora, o título mais lembrado neste ano é justamente esse aqui. Cineasta grego, Lanthimos há tempos vem incomodando Hollywood com obras provocadoras e perturbadoras, que já lhe renderam até uma indicação ao Oscar. No entanto, segue distante do Globo, mesmo tendo sido premiado neste ano no British Independent e indicado ao Critics Choice, ao Film Independent Spirit e a quase todas as organizações de críticos dos Estados Unidos. Sua presença, portanto, tem sido uma constante. Além da força e do talento demonstrado em um dos filmes mais comentados do ano. Sua ausência, indiscutivelmente, é a mais sentida da temporada.
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