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Globo de Ouro 2019 :: Melhor Filme – Comédia ou Musical

Publicado por
Robledo Milani

Vice? Green Book: O Guia? A Favorita? O Retorno de Mary Poppins? Vamos ser sinceros: qualquer um desses quatro tem chances quase parelhas de sair vitorioso da noite do dia 06 de janeiro. O estranho no ninho? Podres de Ricos, que pouco se assemelha aos demais – e cujas motivações por trás de sua inclusão a gente irá detalhar um pouco melhor logo abaixo. Entre os outros títulos, no entanto, a situação está bem confusa – e, curiosamente, muito mais disputada do que na categoria irmã de Melhor Filme – Drama. Um é o campeão de indicações do ano. O outro ganhou o National Board of Review e é simplesmente amado por todos. O terceiro conta com um elenco estelar e já foi premiado por várias associações. E o quarto é o único musical de fato entre todos os concorrentes. O páreo está realmente duro, e, num cenário como esse, tudo pode acontecer. Porém, a lógica do Globo de Ouro é bastante particular – e, em última análise, é isso que deve pensar na hora do registro dos votos. Quem viver, verá!

Indicados

 

FAVORITO
Vice
Os votantes do Globo de Ouro demonstraram uma paixão singular pela comédia política do diretor Adam McKay, lhe oferecendo nada mais do que seis indicações neste ano – é o filme com o maior número de lembranças desta edição! E isso, evidentemente, tem algum peso. Sem falar que os quatro protagonistas – Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell e Sam Rockwell – já ganharam o Globo em edições anteriores, o que deixa claro o apreço dos votantes por eles. Vice concorre também ao Critics Choice e ficou entre os melhores do ano pelos críticos de Dallas-Fort Worth, Houston, Las Vegas, Nova Iorque, Phoenix, Southeastern e St. Louis – sem que em algum caso tenha levado para casa o troféu principal, no entanto. Ou seja, é uma aposta ousada, e mesmo que todos os fatores estejam a seu favor, não será surpresa caso uma novidade de última hora tome o seu lugar nos holofotes!

 

AZARÃO
O Retorno de Mary Poppins
Este é o filme que tinha tudo para dar errado – e é impressionante como tenha se saído tão bem! Porém, uma vez nas mãos de Rob Marshall – o mesmo do oscarizado Chicago (2002) – e a partir da escolha mais do que acertada de Emily Blunt como protagonista – a recriação que ela faz da icônica personagem é em nenhum momento menos do que perfeita – a mistura se revelou numa fórmula infalível. Ainda que, é claro, não deixe de ser exatamente isso: uma fórmula. O Retorno de Mary Poppins concorre também como Melhor Filme no Critics Choice e no Satellite, além de ter sido apontado como um dos dez melhores longas do ano pelo National Board of Review, mas não contou com o apoio de qualquer associação regional de críticos – no máximo, lembranças aos deslumbrantes figurinos e design de produção (Washington, Seattle), para a trilha sonora (Detroit) ou para a performance da protagonista (Londres). Portanto, é bem fácil dizer que esse não é o favorito na categoria. Mas, uma eventual vitória iria bem ao encontro do que os votantes do Globo de Ouro volta e meia gostam de deixar claro estar entre as suas preferências – sem falar que esse é o único musical de verdade dentre os cinco concorrentes. E isso sempre conta pontos, afinal.

 

SEM CHANCE
Podres de Ricos
Afinal, o que esse filme está fazendo nessa lista? É o único dos cinco concorrentes que destoa totalmente dos demais. Podres de Ricos só está aqui por três motivos: o livro de Kevin Kwan, no qual a história se baseia, é um best seller; o longa foi um incrível sucesso de bilheteria, tendo arrecadado no mundo todo quase dez vezes o valor do seu orçamento; representatividade – afinal, quando foi a última vez que uma produção totalmente estrelada por asiáticos causou tanto barulho? Deixando tudo isso de lado, muito pouco sobra na memória. Constance Wu, a protagonista, é não mais que competente – sua indicação na categoria de Melhor Atriz em Comédia ou Musical também é um exagero – e a narrativa do diretor Jon M. Chu (o mesmo de Justin Bieber: Never Say Never, 2011, e G. I. Joe: Retaliação, 2013) é completamente previsível e esquemática, sem um pingo de originalidade e/ou criatividade. Ok, entendemos as razões para ter chegado tão longe. Mas, qualquer passo além desse ponto seria um gigantesco absurdo.

 

ESQUECIDO
Oitava Série
Bom, vamos combinar. Os verdadeiros esquecidos em 2018 nesta categoria são Nasce uma Estrela e Bohemian Rhapsody – afinal, ambos são musicais e deveriam estar concorrendo aqui, e não entre os longas dramáticos. Como isso não aconteceu – e ninguém levou muito a sério Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (o outro grande musical deste ano) – a aposta seria neste longa independente estrelado pela novata Elsie Fisher – que conseguiu uma inédita indicação em sua carreira na categoria de Melhor Atriz em Comédia ou Musical. A comédia sobre as agruras dos adolescentes nos últimos anos escolares também entrou em várias listas de melhores do ano: do National Board of Review (em que foi premiado também como Diretor Revelação) às associações de críticos de Nova Iorque, North Texas, Phoenix, San Diego, São Francisco, Seattle, Southeastern, St. Louis, Toronto, Utah, Vancouver, Washington, Atlanta, Boston, Chicago, Dallas, Florida, Houston, Indiana, Kansas e Las Vegas, além de ter sido eleito o melhor do ano pelos críticos de Detroit, o melhor independente do ano pelos críticos de Los Angeles e estar indicado a Melhor Filme no Film Independent Spirit. Como se vê, respaldo crítico o longa tem, e de sobra. Só faltou, pelo jeito, um nome estrelado o suficiente para garantir a atenção dos votantes do Globo de Ouro.

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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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