Ao contrário do Oscar e da maioria das premiações nos Estados Unidos, o Globo de Ouro não separa os melhores roteiros do ano em adaptados e originais. No entanto, dos cinco finalistas, quatro são trabalhos originais, enquanto apenas um – Se A Rua Beale Falasse – é adaptado. Um tanto desequilibrada essa seleção, pelo que se percebe. Se por um lado seria tranquilo afirmar que há uma preferência entre os votantes por trabalhos pensados especificamente para cinema, também não é válido pensar que aquele que parte de uma obra referencial, justamente por ser a única escolhida nesse formato, não está um passo à frente dos demais? Situação, no mínimo, confusa. Ainda mais se levarmos em conta que um dos títulos mais premiados do ano até o momento nesta categoria ficou, inexplicavelmente, de fora da seleção final. Como explicar? Sendo assim, é bom estar preparado para uma surpresa. Afinal, por aqui, a impressão que temos é a de que qualquer coisa pode acontecer.
Indicados
- Alfonso Cuarón, por Roma
- Deborah Davis e Tony McNamara, por A Favorita
- Barry Jenkins, por Se a Rua Beale Falasse
- Adam McKay, por Vice
- Peter Farrelly, Nick Vallelonga e Brian Currie, por Green Book: O Guia
FAVORITO
Adam McKay, por Vice
Há um só motivo para acreditar que Vice é o favorito nesta categoria: esse filme é o campeão de indicações deste ano, com um total de seis (mais que qualquer outro título). Ou seja, isso quer dizer, ao menos, que os membros da Hollywood Foreign Press Association gostaram bastante do filme. É a segunda indicação de Adam McKay ao Globo de Ouro nesta categoria – e ele perdeu na vez anterior, por A Grande Aposta (2015). Seria agora a sua vez? Por esse trabalho, foi premiado pelos críticos de Detroit, St. Louis e Los Angeles (online), além de estar indicado ao Critics Choice. Agora, a disputa não será nada fácil. Afinal, se, por um lado, Green Book: O Guia não parece ser uma ameaça tão grande (o show, aqui, é mesmo dos dois protagonistas), em A Favorita a situação é completamente inversa – o longa dirigido por Yorgos Lanthimos já ganhou mais de 10 troféus nesse quesito até agora. Ou seja, pelo que se vê, esse é o típico caso que vai ser decidido no último minuto – e olhe lá!
AZARÃO
Barry Jenkins, por Se a Rua Beale Falasse
Baseado no clássico de James Baldwin, Se a Rua Beale Falasse tem tido uma recepção bastante irregular, porém, duas coisas são certas: a excelência do trabalho de Regina King, como coadjuvante, e o texto de Barry Jenkins. Tanto que ele já foi premiado aqui pelos críticos de Chicago e no National Board of Review, além de estar concorrendo ao Critics Choice. Outro fator também pesa a seu favor: ainda que tenha sido indicado, Barry Jenkins perdeu o Globo de Melhor Roteiro por Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), dois anos atrás. Não seria a vez, portanto, de enfim fazer justiça com o talentoso cineasta?
SEM CHANCES
Alfonso Cuarón, por Roma
Dono de três indicações ao Globo de Ouro – Direção, Roteiro e Filme Estrangeiro – Roma já pode cantar vitória antecipada em ao menos uma delas: a de Filme Estrangeiro, garantindo mais uma conquista para o México. Sendo assim, é compreensível que os votantes pensem: “bom, se já vai ganhar um, não precisa levar todos, e assim podemos abrir espaço para reconhecer outros trabalhos de peso”. Tanto é que o longa de Alfonso Cuarón já recebeu várias indicações nessa categoria – como no Critics Choice e nas premiações dos críticos de Chicago, Londres, São Francisco, Toronto, Washington e Seattle – sem, no entanto, levar o ouro para casa em nenhuma delas. Pesa também o fato de que Cuarón acumulou muitas funções no projeto: ele é produtor, diretor, fotógrafo, montador e roteirista. Ou seja, algum ele irá levar. Mas não aqui, infelizmente.
ESQUECIDO
Paul Schrader, por No Coração da Escuridão
Um dos roteiros mais premiados do ano, No Coração da Escuridão acabou de fora da seleção do Globo de Ouro. Como explicar? Cegueira, preconceito, ou simplesmente não chegaram a assistir ao filme – que foi lançado nos cinemas norte-americanos, em circuito limitado, ainda no primeiro semestre de 2018? Porém, se os jornalistas estrangeiros membros da HFPA não foram atrás do mais recente longa de Paul Schrader, teve muito crítico que fez e esforço. Tanto é que esse trabalho foi reconhecido como o melhor do ano na categoria pelas associações críticas de Boston (online), Chicago, Indiana, Nova Iorque, São Francisco, Toronto e Vancouver, ganhou o Gotham e o National Board of Review e está indicado no Film Independent Spirit e no Critics Choice. Difícil tanta gente assim estar errada ao mesmo tempo, não é verdade?
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