Dos cinco indicados, apenas três concorrem também nessa categoria do Critics Choice: Ilha dos Cachorros, O Primeiro Homem e O Retorno de Mary Poppins. Os outros dois foram verdadeiros fenômenos de bilheteria, e certamente garantiram o espaço mais pela popularidade que apresentaram durante suas passagens pelos cinemas do que por qualquer outro mérito. E um deles, aliás, foi o maior sucesso do ano – e certamente não sairá de mãos abanando da festa do dia 06 de janeiro. E se nas categorias principais a disputa é acirrada, aqui pode ser uma oportunidade mais tranquila para uma eventual vitória, não é mesmo? Enquanto isso, temos o trio principal: uma animação que pouca gente viu, um drama que prometia mais do que acabou entregando e um legítimo musical, do início ao fim. Adivinha quem é o favorito? Para um grupo de votantes em que nenhum é expert no assunto – lembre-se, os membros da Hollywood Foreign Press Association, que organiza o Globo de Ouro, são jornalistas estrangeiros, ou seja, nem norte-americanos eles são – o fato de que apenas um dos indicados realmente faz uso pontual da música na condução da sua trama pode ser o tipo de isca da qual será quase impossível escapar. Sem falar que tanto Alexandre Desplat (O Despertar de uma Paixão, 2006, e A Forma da Água, 2017) quanto Justin Hurwitz (La La Land: Cantando Estações, 2016) possuem, cada um, dois Globos de Ouro no currículo – tá mais do que na hora de premiar outro talento, não é mesmo?
Indicados
- Marco Beltrami, por Um Lugar Silencioso
- Alexandre Desplat, por Ilha dos Cachorros
- Ludwig Göransson, por Pantera Negra
- Justin Hurwitz, por O Primeiro Homem
- Marc Shaiman, por O Retorno de Mary Poppins
FAVORITO
Marc Shaiman, por O Retorno de Mary Poppins
Dono de nada menos do que cinco indicações ao Oscar – é dele, por exemplo, a infame Blame Canada, canção original da animação South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes (1999) – Marc Shaiman tem ainda no seu currículo outros trabalhos memoráveis, como as trilhas de A Família Addams (1991), Mudança de Hábito (1992), O Clube das Desquitadas (1996) e Hairspray: Em Busca da Fama (2007), por exemplo. Mesmo assim, essa é sua segunda indicação ao Globo – e a primeira nessa categoria (concorreu antes pela canção The Star, da animação A Estrela de Belém, 2017). E se o histórico dele praticamente fala por si, o que faz em O Retorno de Mary Poppins é mais um belo empurrão: afinal, será quase impossível não sair da sessão cantarolando ao menos uma das tantas e irresistíveis canções desse belo filme. Assumidamente um musical – o único do gênero dentre os cinco concorrentes – está indicado também ao Critics Choice Awards. Mesmo que tenha sido ignorado por todas as associações regionais de críticos dos Estados Unidos, isso pouco deverá contar na hora de escolher quem levará o ouro para casa. Afinal, sem essa mágica e irresistível trilha, muito do charme da babá que veio do céu certamente se perderia. E se amaram tanto o resultado – que concorre ainda a Melhor Filme em Comédia ou Musical – como não parabenizar o homem por trás das belas melodias?
AZARÃO
Ludwig Göransson, por Pantera Negra
Esta é a primeira indicação ao Globo de Ouro de Ludwig Göransson, compositor que, provavelmente, receberá no próximo ano também sua primeira indicação ao Oscar. O trabalho que apresenta no blockbuster Pantera Negra – o longa de maior bilheteria de 2018 nos Estados Unidos, tendo faturado mais de US$ 700 milhões apenas em casa (e um total de US$ 1,3 bilhão no mundo todo) – no entanto, não pode ser menosprezado. Indicado ao Grammy e pelas associações de críticos de Washington, San Francisco, Houston, Phoenix e Los Angeles, apresenta um conjunto poderoso que dificilmente passa desapercebido pela audiência. Sem falar que Göransson é também um dos autores de This is America, co-escrita – e cantada – pelo rapper Childish Gambino (Donald Glover), um dos maiores fenômenos musicais do ano, indicada ao Grammy nas categorias de Canção do Ano e Gravação do Ano. Ou seja, mesmo que não seja a escolha óbvia, seu nome – e talento – está por todos os lados. E ignorá-lo não será uma tarefa das mais fáceis.
SEM CHANCES
Marco Beltrami, por Um Lugar Silencioso
Um filme sobre o silêncio… concorrendo à Melhor Trilha Sonora? Meio inusitado, no mínimo. Ainda mais se levarmos em conta que Marco Beltrami é um novato na premiação. Dono de duas indicações ao Oscar – por Os Indomáveis (2007) e por Guerra ao Terror (2008) –, ele foi lembrado neste ano pela primeira vez no Globo de Ouro, um feito ainda mais surpreendente se levarmos outros dois fatores em conta: essa é a única indicação de Um Lugar Silencioso e foi também a única indicação que o filme recebeu na categoria em toda a temporada de premiações, tendo sido ignorado – ao menos até agora – pelas demais associações regionais de críticos, pelo Critics Choice e até pelo Satellite! O que se passou pela cabeça dos votantes ao decidiram oferecer esse mimo ao longa dirigido e estrelado por John Krasinski ninguém sabe ao certo – certamente havia outros concorrentes mais fortes que poderiam ter preenchido esse lugar.
ESQUECIDO
Nicholas Britell, por Se a Rua Beale Falasse
Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro pela trilha sonora de Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), Nicholas Britell foi a grande ausência entre os indicados deste ano na categoria – e isso que Se a Rua Beale Falasse conquistou três indicações: Filme – Drama, Roteiro e Atriz Coadjuvante! E não estamos falando de um trabalho qualquer. Por essa composição, Britell foi eleito o melhor do ano pelos críticos de Boston, Chicago, Los Angeles, Phoenix, Washington e Nova Iorque (online), além de ter sido indicado ao Satellite e ao Critics Choice. Ou seja, como se percebe, ele já é desde agora um dos favoritos ao Oscar – e, mesmo assim, não foi capaz de comover os votantes do Globo de Ouro. Pelo jeito, além desse pessoal muitas vezes ser cego e não enxergar o óbvio, há outras tantas em que são também meio surdos!
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