Tão ou mais importante do que as categorias de Cinema, as voltadas às produções televisivas têm ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos. Elas podem ser menores em número – são 11 ao todo, contra 14 cinematográficas – mas vão direto ao ponto: abordam séries de drama e de comédia, minisséries e telefilmes, e os protagonistas e coadjuvantes de todos esses diferentes programas. O curioso, no entanto, é que a premiação acontece num momento de entressafra para a televisão norte-americana, que costuma seguir o calendário das estações – é no verão (ou seja, no meio do ano para eles), em que as programações costumam apresentar suas maiores mudanças. Portanto, há muita série aqui indicada que nem chegou ao fim ainda, por exemplo. Só por isso, já a coloca numa posição bem distinta do Emmy, por exemplo, que costuma acontecer em setembro (e que realmente premia os melhores do último ano na TV). Ou seja, se em cinema a relação entre Globo de Ouro e Oscar é bastante próxima, em televisão essa sintonia é mais problemática – mas não menos interessante de ser acompanhada. Por isso, confira nossas apostas entre os favoritos em cada uma das categorias a seguir:
MELHOR SÉRIE – DRAMA
FAVORITO: Succession (HBO)
AZARÃO: The Crown (Netflix)
SEM CHANCES: Big Little Lies (HBO)
Que os votantes do Globo de Ouro adoram uma novidade, disso ninguém duvida. No entanto, neste ano tanto Succession quanto The Crown ofereceram tantas mudanças em suas novas temporadas que foi praticamente impossível ignorá-las. A primeira fica um pouco à frente por falar diretamente sobre Hollywood e os bastidores de uma grande fortuna norte-americana, enquanto que a segunda – que chegou, inclusive, a alterar por completo seu elenco – vem logo atrás. Das cinco séries indicadas, a única recém-chegada é The Morning Show, e não será espanto nenhum se acabar levando o ouro para casa. Killing Eve e Big Little Lies perderam, no último ano, muito do impacto que haviam gerado em suas temporadas de estreia, mas a segunda se saiu um pouco pior por ter sido produzida, assumidamente, como um legítimo caça-níquel, pois o programa havia sido anunciado inicialmente como uma minissérie (como foi premiada no ano anterior).
MELHOR SÉRIE – MUSICAL OU COMÉDIA
FAVORITO: Fleabag (Amazon Prime Video)
AZARÃO: The Politician (Netflix)
SEM CHANCES: O Método Kominsky (Netflix)
Aqui, sim, falamos de novidades. Quer dizer, quase isso. A segunda temporada de Fleabag chegou três anos após o lançamento da anterior, e como esta foi literalmente ignorada por tudo e todos, essa nova ganhou ares de estreia – e que lançamento! Público e crítica ficaram completamente fascinados, e sua derrota aqui é virtualmente impossível. Se alguma tragédia acontecer, essa terá o nome de The Politician, movido apenas pelo fascínio que os votantes do Globo de Ouro já deixaram claro, em edições anteriores, terem pelas produções assinadas por Ryan Murphy – e esta é a sua mais recente. Das demais, todas possuem gosto de déjà vù. Maravilhosa Sra. Maisel já foi premiada, assim como Barry ou O Método Kominsky, mas se as duas primeiras até apresentaram fôlego novo em suas novas temporadas, essa última deixou bastante a desejar.
MELHOR MINISSÉRIE OU TELEFILME
FAVORITO: Chernobyl (HBO)
AZARÃO: Inacreditável (Netflix)
SEM CHANCES: The Loudest Voice (Showtime)
Chernobyl foi o evento televisivo do ano nessa categoria, e poucos conseguirão fazer frente ao impacto provocado pela minissérie da HBO. Fosse/Verdon – outra produção de Ryan Murphy – até ameaçou, mas quem surpreendeu na última hora foi Inacreditável, minissérie da Netflix que ninguém dava nada, mas que aos poucos acabou conquistando fãs ardorosos. The Loudest Voice e Catch-22 permanecem inéditas no Brasil, mas a segunda tem a assinatura de George Clooney na direção, o que nunca pode ser descartado.
MELHOR ATOR EM SÉRIE – DRAMA
FAVORITO: Brian Cox, por Succession
AZARÃO: Billy Porter, por Pose
SEM CHANCES: Kit Harington, por Game of Thrones
Se Game of Thrones fez a festa no Emmy, a impressão que se tem é que tal impacto não durou tanto a ponto de ser lembrado pelos votantes do Globo de Ouro – Kit Harington garantiu a única indicação do programa, e esse desprestígio em relação à produção fez sepultar qualquer chance de vitória. Quem se sai melhor nesse momento é Brian Cox, protagonista de Succession, que deverá receber os aplausos que ficaram devendo pela temporada anterior. Billy Porter levou o Emmy, por isso é sempre uma carta na manga. Já Rami Malek e Tobias Menzies representam indicações de prestígios – um pelo nome do astro recém vencedor do Oscar, o outro pelo programa em que está envolvido – mas não chegam a representar nenhuma ameaça aos demais.
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE – DRAMA
FAVORITA: Jennifer Aniston, de The Morning Show
AZARÃO: Olivia Colman, por The Crown
SEM CHANCES: Nicole Kidman, por Big Little Lies
O ano é de Jennifer Aniston, a ponto de quem nem uma vencedora do Oscar poderá fazer frente ao seu sucesso – ou será que não? A disputa é certamente entre ela e Olivia Colman, mas aqueles que apostaram na ex-Friends deverão ter um resultado mais garantido. Jodie Comer roubou as atenções que até então eram de Sandra Oh – que ganhou no ano passado, e agora nem foi indicada – e esse já é seu prêmio. Por outro lado, Reese Witherspoon e Nicole Kidman, duas ex-vencedoras do Oscar, estão aqui mais para marcar presença. A primeira até está no programa certo, ao menos. Já a segunda, só seu prestígio pessoal justificam sua inclusão.
MELHOR ATOR EM SÉRIE – MUSICAL OU COMÉDIA
FAVORITO: Ben Platt, por The Politician
AZARÃO: Bill Hader, por Barry
SEM CHANCES: Ramy Youssef, por Ramy
Quem é Ramy Youssef? A própria indicação já foi uma surpresa, e o programa da Hulu, ainda inédito no Brasil, deve agradecer aos céus por essa sua única indicação. E se a disputa real é entre os demais, Ben Platt e Paul Rudd é que são as novidades – mas o primeiro, amparado pela assinatura do midas Ryan Murphy, é que deve garantir o ouro. Mas também não se pode esquecer do carisma de Bill Hader (vencedor do Emmy) ou a tradição de Michael Douglas – que, por ter sido premiado no ano anterior, está virtualmente eliminado neste ano (os votantes do Globo raramente repetem vencedores de um ano para o outro pelo mesmo programa).
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE – MUSICAL OU COMÉDIA
FAVORITA: Phoebe Waller-Bridge, por Fleabag
AZARÃO: Kirsten Dunst, por On Becoming a God in Central Florida
SEM CHANCES: Christina Applegate, por Disque Amiga para Matar
A estatueta desta categoria já tem dona, e ela é Phoebe Waller-Bridge! Grande vencedora do Emmy (foi premiada como Série, Atriz e Roteiro), ela só irá à festa para buscar seu troféu, na disputa mais previsível deste ano – as demais estarão lá apenas para fazer número. Kirsten Dunst sai um pouco (mas bem de leve) das sombras por ser o nome mais conhecido. Christina Applegate e Natasha Lyonne também estão em programas estreantes, ambos da Netflix, mas quase descartáveis, dos quais muito pouco se falou. Por fim, Rachel Brosnahan garantiu aquela indicação de prestígio – ela já ganhou em anos anteriores, e por isso uma nova vitória é praticamente impossível.
MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
FAVORITO: Jared Harris, por Chernobyl
AZARÃO: Russell Crowe, por The Loudest Voice
SEM CHANCES: Christopher Abbott, por Catch-22
Motivado pelo impacto do programa, Jared Harris deve garantir essa vitória sem muito esforço. No seu encalço, no entanto, está o prestígio de um ex-vencedor do Oscar. Ou serão dois? Afinal, tanto Russell Crowe quanto Sam Rockwell podem surpreender – o primeiro sai na frente por ser o protagonista absoluto da minissérie, enquanto que o segundo divide o estrelato com sua parceira de elenco. Sacha Baron Cohen deixa as comédias escrachadas de lado para se aventurar em um programa mais sério, e só pelo esforço já merece o reconhecimento. Por fim, Christopher Abbott é o nome a ser observado – o rapaz ainda dará muito o que falar no futuro. Só que esse momento ainda não chegou.
MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE OU TELEFILME
FAVORITA: Michelle Williams, por Fosse/Verdon
AZARÃO: Merritt Wever, por Inacreditável
SEM CHANCES: Helen Mirren, por Catherine The Great
Quem diria que uma vencedora do Oscar – e uma das atrizes mais celebradas de todo o mundo – seria justamente aquela sem menor chance dentre as indicadas? Pois é isso mesmo que acontece aqui com Helen Mirren, indicada apenas pela força do seu nome, já que seu programa recebeu duras críticas. E se Merritt Wever e Kaitlyn Dever meio que se anulam por estarem no mesmo programa – a primeira, por ser uma veterana, sai um pouco à frente – a jovem Joey King deve estar comemorando até agora a simples menção ao seu nome. Assim, a disputa se reduz ao nome de Michelle Williams, que deve garantir sem muito esforço o seu segundo Globo de Ouro (ela já possui um em Cinema).
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
FAVORITO: Andrew Scott, por Fleabag
AZARÃO: Stellan Skarsgard, por Chernobyl
SEM CHANCES: Henry Winkler, por Barry
Outro que também deverá ver seu nome anunciado entre os vitoriosos graças ao impacto de sua série é Andrew Scott. Se há alguma concorrência, é entre ele e o veterano Stellan Skarsgard, que também teve suas chances aumentadas graças ao sucesso da minissérie que participa. Alan Arkin e Henry Winkler são velhos conhecidos, em programas já muito premiados, e não devem oferecer nenhum tipo de ameaça aos demais. Mas o que dizer de Kieran Culkin, que está em sua terceira indicação ao Globo – e a segunda consecutiva pelo mesmo programa? Ele é sempre uma incógnita, e com ele tudo pode acontecer. Até voltar de mãos abanando.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
FAVORITO: Helena Bonham Carter, por The Crown
AZARÃO: Meryl Streep, por Big Little Lies
SEM CHANCES: Emily Watson, por Chernobyl
Seria lindo se Toni Collette, em sua sexta indicação ao Globo, ganhasse essa segunda estatueta – ela já possui uma como protagonista de Série de Comédia. Mas não deverá ser o caso – afinal, temos o nome da quase imbatível Meryl Streep na disputa – ela está na impressionante 32a indicação, já tendo ganho em 8 ocasiões anteriores, além de um Cecil B. DeMille (honorário pelo conjunto da carreira), que lhe foi oferecido em 2017. Talvez seja mais do que suficiente, não é mesmo? Ainda mais que essa indicação veio por um programa que ficou bem aquém das expectativas. Assim, talvez seja mais seguro apostar em Helena Bonham Carter, que está concorrendo pela oitava vez, e nunca ganhou – terá chegado, enfim, a sua vez? Emily Watson e Patricia Arquette são nomes de prestígio, que não podem ser ignorados, mas não aparentam ter força suficiente neste ano para garantirem eventuais vitórias.