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Nos últimos meses tem circulado algumas notícias que fizeram o nome de Alfred Hitchcock voltar à tona. O conhecido mestre do suspense deve ser retomado em pelo menos quatro produções para o cinema e a televisão, sendo que duas são remakes de seus filmes. Talvez o mais importante destes projetos seja a adaptação para as telonas do livro de Stephen Rebello, Alfred Hitchcock and the making of Psycho, que, como já anuncia o título, conta a história dos bastidores das filmagens de um dos mais famosos suspenses de todos os tempos, Psicose. Helen Mirren, a premiada atriz de A Rainha, deve viver Alma Reville, a mulher do cineasta, e Anthony Hopkins, o eterno Hannibal Lecter, vai encarnar o próprio Hitchcock.

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Psicose

O detalhe é que a história é focada não apenas na relação do casal, mas também em como a Paramount não acreditava que o filme fosse render alguma coisa e não queria realizar de jeito nenhum a produção. Engraçado que esse foi o maior sucesso de bilheteria de Hitchcock e também um dos seus filmes mais elogiados, comentados e estudados. Talvez os chefões do estúdio não acreditassem no potencial deste clássico do suspense justamente pela protagonista, Janet Leigh (uma estrela da época), morrer no primeiro terço do longa, assim como o caráter sexual dúbio do antagonista também ser polêmico – para a época. De qualquer maneira, o filme dirigido por Sacha Gervasi deve ser lançado em 2013 e, com um elenco desses, mais o roteiro de John McLaughlin (Cisne Negro), espera-se uma bela produção. Será que vem mais Oscar para Helen e Hopkins por aí? As filmagens, a princípio, começam em abril deste ano.

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Os Pássaros

Enquanto isso, a BBC está produzindo uma adaptação para a televisão sobre os bastidores de mais um clássico do mestre do suspense, Os Pássaros. No elenco estão Toby Jones (de Capitão América: O Primeiro Vingador, O Espião que Sabia Demais e que já viveu Capote no filme Confidencial), Imelda Staunton (da franquia Harry Potter e indicada ao Oscar por O Segredo de Vera Drake) e a bela Sienna Miller como Tippi Hedren, a protagonista original do filme sobre as aves e que teve uma relação conturbada com Hitchcock, chegando a tortura psicológica e perseguições. Este é um importante ponto da história das filmagens e espero que seja realçado na tela.

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Rebecca, A Mulher Inesquecível

Agora, a dúvida é porque realizar os remakes de Rebecca: A Mulher Inesquecível e Suspeita? Pode ser uma forma de corrigir alguns “erros” da época em que foram filmados. Os dois longas foram produzidos pelo grandão da RKO na época, David O. Selznick (responsável pelo sucesso e a premiação de …E o Vento Levou), quando Hitchcock recém havia saído da Inglaterra e se mudado para os EUA. Foi quando o diretor teve que se deparar com os problemas dos grandes estúdios e as imposições que eles colocaram nestes dois filmes, dos quais o próprio cineasta afirmou, anos depois, que não gostava. Ambos tiveram bastidores tumultuados, mas Rebecca saiu menos prejudicado – tanto que levou o Oscar de melhor filme (mas não direção, prêmio que Hitchcock nunca ganhou, por sinal) em 1941. Já com Suspeita, a história é outra.

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Suspeita

O filme estrelado por Joan Fontaine (que levou o Oscar de melhor atriz por essa produção e tinha sido indicada no ano anterior por Rebecca) é a adaptação do romance Before the Fact, de Frances Iles, sobre uma mulher rica que se casa com um homem misterioso (Cary Grant) e aos poucos, começa a suspeitar que ele é um assassino. No livro, o personagem realmente é. E assim Hitchcock queria que fosse. Mas a RKO e, principalmente, O. Selznick acharam que seria “pesado” demais um astro do gabarito de Grant, conhecido por suas comédias e papéis de conquistador, se tornar um psicopata em um filme. Deu no que deu. O trabalho de Hitchcock está impecável em praticamente toda a película, assim como seus atores. Há cenas memoráveis, desde a corrida de carro em que a mulher suspeita que vai ser empurrada colina abaixo pelo marido, assim como o copo de leite envenenado (parte crucial do livro, pois é assim que a esposa é morta) filmado com uma lâmpada dentro dele, criando uma atmosfera em que só vemos o branco do leite reluzindo na tela. Porém, o final é bobo, Cary Grant é apenas um grande trapalhão apaixonado de verdade pela mulher, o que estraga tudo o que o resto do roteiro vai construindo. Resta agora saber se a história, que vai ser reescrita pela roteirista da série The Killing, Veena Sud, vai se manter fiel ao livro. Ou não. Aguardemos.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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