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Professor, grande nome do cinema marginal e da Boca do Lixo, humanista por natureza. Carlos Reichenbach, o Carlão, como era conhecido por todos, foi e ainda é uma das figuras mais importantes e influentes da sétima arte no Brasil. Realizador de 25 filmes, sendo a maior parte longa-metragens, também foi conhecido como diretor de fotografia quase imbatível. Só entre 1971 e 1974 fotografou mais de 200 fimes comerciais e institucionais.

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Carlos Oscar Reichenbach Filho nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 1945, mas já aos dois anos de idade foi com a família paa São Paulo. De herdeiro do ramo editorial, foi parar no cinema por influência do cineasta Osvaldo Sampaio, amigo de seu pai. Aos 21 resolveu estudar cinema na extinta Escola Superior de  Cinema  São  Luís. Lá conheceu alguns de seus grandes parceiros nas telonas, como João Calegaro, e foi influenciado por nomes como Luis Sérgio Person, além de ter descoberto a revista  Cahiers du Cinéma.

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No final dos anos 1960, começa a realizar suas primeiras filmagens. Ao lado de Calegaro e Antônio Lima, roda o episódio Alice do longa amador As Libertinas (1968). De cara já mostra os elementos que se repetiriam obras após obra, como as citações clássicas e filosóficas, além da ironia.  Seu talento chamou a atenção de um núcleo que se formava na Rua do Triunfo, no centro paulista. Lá surgiu a Boca do Lixo, cinema que estaria ligado a produções mais baratas, rápidas de produzir e que continham muita nudez e sexo. Sendo mais direto, a pornochanchada. Desta época surgem filmes como Audácia (1970, o qual ele dirigiu um dos episódios), Corrida em Busca do Amor (1972) e O Guru e os Guris (1973).

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Com dinheiro no caixa, compra uma produtora e realiza um de seus filmes mais aclamados, Lilian M: Relatório Confidencial (1975), que ele considera o primeiro da linha Cinema de Alma. O longa ganha o prêmio de Melhor Roteiro dos Críticos de Arte de São Paulo. Seria o primeiro de muitos que ele receberia desta associação. Para realizar seus filmes de arte, Carlão precisaria de mais dinheiro, por isso revezaria produções da pornochanchada, que atraíam mais público, ainda que esta não fosse sua maior preocupação. Ainda assim, filma um dos maiores sucessos do gênero, A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979).

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Nos anos 1980, continua sua trajetória de sucesso na Boca do Lixo até conseguir realizar seu longa mais pessoal, Filme Demência (1985). Foi o maior fracasso comercial de sua carreira, mas levou os kikitos da Crítica e de Melhor Direção no Festival de Gramado. No ano seguinte viria a consagração da crítica com Anjos do Arrabalde (1987), o grande vencedor do mesmo festival com os prêmios de  Melhor  Filme,  Atriz (Betty Faria) e Atriz coadjuvante (Irene Stefânia).

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Um dos seus maiores sucessos surgiria na primeira metade da década de 1990, desta vez no Festival de Brasília. Alma Corsária (1993) venceu os prêmios  de  Melhor  Filme  (tanto do  júri  como  da  crítica), Direção, Roteiro e Montagem. Reichenbach voltaria aos longas seis anos depois e com mais prêmios. Desta vez, Dois Córregos (1999) daria ao cineasta os prêmios de Melhor Filme e Direção pela audiência, além de Melhor Diretor pela crítica. Já nos anos 2000, produziria três longas que também foram destaque: Garotas do ABC (2003), Bens Confiscados (2005) e Falsa Loura (2007).

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Porém, sua carreira foi encerrada antes do esperado. O cineasta brasileiro morreu em São Paulo no dia do seu aniversário, em 14 de junho de 2012, aos 67 anos, por conta de uma parada cardíaca. Ainda foi premiado postumamente como Melhor Ator Coadjuvante por Avanti Popolo (2013). Em maio de 2015, foi tema da mostra Carlos Reichenbach – O Cinema de Autor Brasileiro, quando foi exibido o documentário inédito Carlos Reichenbach: Relatório Confidencial, de Eugênio Puppo. Uma ode aos orfãos cinéfilos que até hoje estudam e se espelham na sua obra para realizar cinema de verdade. Algo que Carlão fazia como poucos.

 

Filme imprescindível: Alma Corsária (1993)

Maior sucesso de bilheteria: Apesar de não constar registros oficiais, fala-se que Ilha dos Prazeres Proibidos (1978), clássico da pornochanchada, foi o seu maior sucesso.

Primeiro filme: As Libertinas (Segmento Alice, Direção/Roteiro, 1968)

Último filme: Avanti Popolo (como ator, 2013) e Falsa Loura (como diretor/roteirista, 2007)

Premiações: A lista é grande! Pelo Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro, foi indicado como Melhor Diretor e Roteiro por Dois Córregos (1999). No Festival de Brasília, foi premiado como Melhor Ator Coadjuvante por Avanti Popolo (2013), Troféu Especial do Júri por Garotas do ABC (2003), Melhor Filme, Direção e Roteiro por por Alma Corsária (1993), além de ter ganho Melhor Filme pela mesma produção pelo Júri da Crítica. No Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, foi indicado como Melhor Diretor por Dois Córregos (2000) e premiado com Melhor Roteiro pelo mesmo longa. No Festival de Gramado, ganhou os kikitos de Melhor Filme por Anjos do Arrabalde (1987),  Melhor Direção por Filme Demência (1986), Melhor Filme pelo Júri da Crítica por Filme Demência (1986) e o Troféu Especial do Júri por Extremos do Prazer (1984). No Cine PE – Festival de Audiovisual, foi premiado com Melhor Filme por Bens Confiscados (2004). No Cine Ceará, premiado com  Melhor Direção por Bens Confiscados (2005). No Festival de Cuiabá, levou Melhor Direção por Dois Córregos (1999). Pela Associação Paulista de Críticas de Arte, ganhou tudo a que concorreu: Melhor Roteiro por Lilian M.: Relatório Confidencial (1976), Melhor Fotografia por Excitação (1978), Melhor Roteiro Original por Extremos do Prazer (1985), Melhor Filme por Alma Corsária (1993), Melhor Direção por Dois Córregos (2000) e Melhor Roteiro por Falsa Loura (2009).

Frase inesquecível:Se eu for pensar nisso, em trazer público, não faço nada.” (sobre fazer filmes com cunho autoral)

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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