Considerado um dos cineastas de maior sucesso comercial dos anos dourados do cinema, Cecil B. DeMille foi o rei dos filmes mudos. Nascido em 12 de agosto de 1881, era filho de professores, sendo que o pai também era ator. Com a veia artística da família, entrou para a Academia de Artes Dramáticas de Nova Iorque em 1900, fazendo sua estreia nos palcos naquele ano. Em 1913, fundou a Paramount (na época chamada de Lasky Film Company) ao lado de amigos e começou sua série de filmes de sucesso. Nas primeiras décadas do século XX realizou uma média de 25 produções por ano, entre longas e curta-metragens.
Foi o rei do cinema mudo hollywoodiano. A maioria dos seus temas lhe perseguiria por vários anos, com especial atenção para épicos bíblicos e históricos. Não à toa entre seus sucessos em preto e branco constam títulos como A Marca de Fogo (1915), Joana D’Arc (1917), Os Dez Mandamentos (1923), O Barqueiro do Volga (1926) e O Rei dos Reis (1927). Foi na década de 1920, inclusive, que seu prestígio na sétima arte o tornou um dos 36 fundadores da Academia de Artes de Ciências Cinematográficas, consequentemente, do Oscar.
O fim da década de 1920 não foi dos melhores para a sociedade em geral e a indústria cinematográfica, o que refletiu no trabalho de DeMille. Seu primeiro filme falado, Dinamite (1929), foi um sucesso modesto e seus dois seguintes despencaram nas bilheterias no auge da Grande Depressão. Tanto que o contrato com a MGM acabou não renovado. Em 1931, Cecil e a esposa passaram um ano sabático na Europa. Ao voltarem para Hollywood, o cineasta conseguiu um acordo com a Paramount para produzir e dirigir O Sinal da Cruz (1932). Com o sucesso do longa, a parceria foi realizada até o fim da carreira do diretor.
Foi no final da década de 1930 que DeMille teve seu grande reconhecimento em premiações ao receber a Palma de Ouro em Cannes por Aliança de Aço (1939). Se o cineasta já era prestigiado por seu dom de fomentar as bilheterias, agora ele também ficaria reconhecido pela qualidade dramática de suas obras. Tanto sucesso fez com que, ao longo de sua carreira, refilmasse quatro de seus próprios longas. Dez anos depois, outro clássico inesquecível com sua marca ficaria na memória de todos: Sansão e Dalila (1949), aclamado pelo público e pela crítica.
Talvez um dos momentos mais dramáticos na carreira do diretor tenha ocorrido justamente logo após este sucesso. Entre o final desta década e o início dos anos 1950, DeMille foi acusado de testemunhar contra e/ou delatar colegas perante o Comitê de Atividades Antiamericanas do senador Joseph McCarthy. Algo que foi corrigido anos depois e também pode ter servido como mea culpa do própro diretor, que chamou alguns destes colegas supostamente traídos para participar de sua última megaprodução.
Antes disso tudo, no entanto, Cecil B. DeMille foi homenageado em 1952 pelo Globo do Ouro com a entrega do primeiro prêmio que leva seu nome em reconhecimento à carreira nas telonas. Um ano depois, seria ovacionado por todo o mundo ao receber vários prêmios, inclusive o Oscar de Melhor Filme por O Maior Espetáculo da Terra (1952), um dos grandes clássicos de Hollywood.
Quatro anos mais tarde chegaria às telas seu maior sucesso e, ironicamente, seu último longa: o remake de seu Os Dez Mandamentos (1956), sua maior bilheteria, que contava com os nomes supostamente denunciados durante o Mcarthismo, como o compositor Elmer Bernstein e o ator Edward G. Robinson. Cecil sofreu um ataque cardíaco em locações no Egito durante a realização do filme, mas conseguiu se recuperar para terminar o trabalho. Três anos mais tarde ele não teria a mesma sorte. O cineasta trabalhava na produção de um filme sobre o espaço quando morreu em 21 de janeiro de 1959. Porém, seu legado continua até hoje. A maioria dos blockbusters não teria metade do sucesso que tem atualmente não fossem as ideias de DeMille terem sido plantadas há mais de um século.
Filme imprescindível: Os Dez Mandamentos (1956), um dos maiores clássicos de todos os tempos;
Primeiro filme: Amor de Índio (1914)
Último filme: Os Dez Mandamentos
Guilty pleasure: O Sinal da Cruz (1932), sobre a luta do imperador romano Nero contra os cristãos
Filme perdido: Os Bucaneiros (1958) tem roteiro do diretor, que pretendia também comandar a produção. Como estava doente demais, deixou a direção para o ator Anthony Quinn, que completou o filme. DeMille não ficou satisfeito com o resultado final e tentou salvar o filme na pós-produção, morrendo um mês depois de sua estreia.
Oscar: Em 1950 recebeu o Oscar honorário pelo conjunto da obra. Três anos depois, levou o prêmio de Melhor Filme por O Maior Espetáculo da Terra (1952), pelo qual também concorreu a Melhor Direção. Em 1957, foi indicado a Melhor Filme novamente por Os Dez Mandamentos.
Frases inesquecíveis: “O público está sempre certo”; “Eu faço filmes para as pessoas, não para os críticos”; “Eu não escrevi a Bíblia e não inventei o pecado”.
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