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In Memoriam :: Eli Wallach (1915-2014)

Publicado por
Marcelo Müller

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Nascido em 07 de dezembro de 1915 em Nova Iorque, Eli Wallach era filho de poloneses. Após servir o exército durante a Segunda Guerra Mundial, iniciou uma carreira tão vasta quanto rica, em trajetória que começou com alguns papeis para a televisão nas décadas de 1940 e 1950, passou pelos palcos – inclusive ele venceu o Tony em 1951, o mais prestigiado prêmio do teatro americano, por A Rosa Tatuada, de Tennessee Williams –  até a estreia cinematográfica em 1956, no filme Boneca de Carne, de Elia Kazan, pelo qual, já de cara, recebeu o BAFTA de Revelação Masculina. Apesar disso, muitos ainda o reconhecem essencialmente pelo marcante papel de Tuco, o “Feio”, em Três Homens em Conflito (1966), de Sérgio Leone.

Embora tenha dito algumas vezes que era no teatro onde se sentia melhor, Wallach trabalhou em mais de 150 longas-metragens, contribuindo com alguns dos diretores mais importantes, tanto da velha quanto da nova Hollywood, além de eventuais incursões na Europa. Foi um dos fundadores do Actors Studios de Lee Strasberg, famosa escola de atores que pregava “O Método”, técnica de interpretação cujo centro era a identificação psicológica do intérprete com seu personagem. Ainda no cinema, contracenou com nomes de peso, tais como Clark Gable, Steve MacQueen, Yul Brynner, Lee Van Cleef, Al Pacino, Marilyn Monroe, Peter O’Toole e Clint Eastwood.

No início de 2005, Eli Wallach lançou uma autobiografia intitulada “The Good, The Bad And Me:. In My Anecdotage”, na qual comenta não apenas a carreira artística, mas também seu percurso familiar, inclusive o casamento de 66 anos com a também atriz Anne Jackson. Wallach tinha três filhos (Roberta, Peter e Katherine), cinco netos e vários bisnetos. Embora nunca tenha sido indicado ao Oscar, em 2011 a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas reconheceu com justiça sua contribuição artística, concedendo-lhe uma estatueta honorária pela “desenvoltura inata com a qual interpretou uma variedade de personagens, ao mesmo tempo em que deixou uma marca inimitável em cada papel”.

Seus últimos trabalhos no cinema foram em O Escritor Fantasma (2010) e em Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010), mas talvez seja na comédia de Nancy Meyers, O Amor Não Tira Férias (2006) sua última participação de maior destaque, interpretando justamente um veterano de Hollywood. Eli Wallach morreu em Nova Iork, ontem, terça-feira (24), aos 98 anos, de causas não informadas pela família.

Filme imprescindível: Três Homens em Conflito (1966)
Filme esquecível: Nova York, Eu Te Amo (2008)
Maior sucesso de bilheteria: O Amor Não Tira Férias (2006)
Primeiro filme: Boneca de Carne (1956)
Último filme: Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010)
Guilty pleasure: O Amor Não Tira Férias (2006)
Papel perdido: Segundo boatos, Wallach teria perdido a vaga para Frank Sinatra em A Um Passo da Eternidade (1953), dada a influência das conexões do cantor/ator na máfia.
Oscar: Recebeu uma estatueta honorária em 2011, pelo conjunto da carreira.
Frase inesquecível: “Quando você tem que atirar, atire, não fale”, clássica frase do personagem Tuco em Três Homens em Conflito.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.