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In Memoriam :: Elizabeth Taylor (1932-2011)

Publicado por
Robledo Milani

Filha de pais americanos, Elizabeth Rosemond Taylor nasceu no dia 27 de fevereiro de 1932 em Londres. A mãe, que havia tentado uma carreira como atriz anos antes, acompanhava o pai, um negociante de arte. Eles haviam se mudado para a capital inglesa para abrir uma galeria, facilitando as conexões com o cenário artístico local, o que de uma maneira ou outra ajudou a influenciar a garota. Considerada uma das últimas grandes estrelas da era de ouro de Hollywood, começou a atuar muito cedo e levou uma vida muito conturbada e polêmica, tanto nas telas quanto fora delas. Conhecida internacionalmente pela beleza estonteante, pelos hipnotizantes olhos violetas, pelos diversos casamentos e pelos personagens marcantes que levou às telas, Liz Taylor faleceu no dia 23 de março de 2011, aos 79 anos, devido a um ataque do coração, deixando quatro filhos e nove netos.

Taylor morou em Londres até os sete anos de idade. No início de 1939, com a proximidade da guerra que se anunciava, a família decidiu voltar para os Estados Unidos, indo morar em Los Angeles. Foi um conhecido, impressionado com a beleza da filha mais jovem, que sugeriu que a caçula deveria fazer um teste de cena. O resultado não poderia ter sido melhor, e após impressionar os executivos da Universal Pictures foi convidada a assinar um contrato com o estúdio. Seu primeiro filme foi There’s One Born Every Minute, lançado quando ela já tinha dez anos. A Universal, no entanto, desistiu dela logo após esse único trabalho. A MGM, sabendo do ocorrido, foi atrás e a convenceu a assinar com eles.

No novo estúdio ela recebeu sua primeira oportunidade como protagonista. Lassie: A Força do Coração (1943) foi um inesperado sucesso de bilheteria, e deu início a uma série que contou com diversas sequências ao longo das décadas seguintes: os filmes estrelados pela cadela Lassie. A própria Taylor faria mais um filme ao lado do animal, em A Coragem de Lassie (1946), outro grande fenômeno popular. Neste meio tempo, participou da produção que a fez uma das maiores estrelas daquela década: A Mocidade é Assim Mesmo (1944), ao lado de Mickey Rooney. Com este resultado, se tornou a jovem estrela mais bem paga da MGM.

Seu primeiro trabalho mais sério viria na década seguinte, no marcante Um Lugar ao Sol (1950), que foi indicado ao Oscar em nove categorias e ganhou seis estatuetas. Este filme marcou também sua primeira parceria com o astro Montgomery Clift, que se tornaria um dos seus melhores amigos. Os dois trabalhariam juntos ainda em A Árvore da Vida (1957) e De Repente, No Último Verão (1959). Liz Taylor atuou ao lado dos maiores intérpretes masculinos do seu tempo, como Paul Newman (Gata em Teto de Zinco Quente, 1958), Marlon Brando (Os Pecados de Todos Nós, 1967), Rock Hudson e James Dean (Assim Caminha a Humanidade, 1956). Nenhum, no entanto, lhe foi tão marcante quanto Richard Burton, com quem trabalhou junto em 11 filmes e foi casada duas vezes!

Elizabeth Taylor foi indicada cinco vezes ao Oscar. Após concorrer em quatro anos consecutivos, entre 1958 e 1961, ganhou finalmente no último, por Disque Butterfield 8. Esta vitória foi considerada bastante problemática, pois a favorita era Shirley MacLaine, por Se Meu Apartamento Falasse (1960). Mas Taylor havia perdido o marido Michael Todd poucos meses antes em um acidente de avião, e ela própria havia sofrido uma traqueotomia meses antes que quase lhe tirou a vida. A conjunção destas duas tragédias resultou em um “voto de simpatia” que lhe valeu a estatueta. Para provar que tinha talento, acabou ganhando novamente na próxima indicação, dessa vez por Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? (1966), um dos seus trabalhos mais difíceis e impressionantes.

Defensora de causas sociais – uma de suas principais causas foi a luta contra a AIDS – e amiga de celebridades – sempre esteve ao lado de amigos como Hudson, Clift e Michael Jackson, por exemplo – foi a primeira atriz a receber um milhão de dólares por um filme – pelo épico Cleópatra (1963), que quase quebrou a Fox, mas rendeu fortunas nas bilheterias e foi indicado ao Oscar como Melhor Filme no ano seguinte. Elizabeth Taylor foi casada nove vezes, com oito maridos diferentes. Apaixonada por diamantes, marcou para sempre com seu brilho intenso, que reluzia tanto na tela quanto na própria vida.

Filme imprescindível: Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? (1966), no qual se expõe como poucas vezes antes, deixando claro seu talento superlativo sem se esconder atrás da beleza estonteante;

Filme esquecível: O Ocaso de uma Vida (1974), drama co-estrelado por Andy Warhol e apontado por muitos críticos como o pior trabalho da estrela;

Maior sucesso de bilheteria: Apesar de ter quase quebrado os Estúdios Fox, por seus atrasos e orçamento exorbitante, em termos reajustados o épico Cleópatra (1963) teria faturado, em valores atuais, mais de US$ 557 milhões, o que o colocaria entre os 40 filmes de maior sucesso de todos os tempos;

Primeiro filme: There’s One Born Every Minute (1942);

Último filme: As Damas de Hollywood (2001), telefilme que a reuniu com as divas Shirley MacLaine, Debbie Reynolds e Joan Collins, e Os Flintstones: O Filme (1994), sua última aparição no cinema;

Guilty pleasure: Taylor foi rainha de filmes que se tornaram memoráveis por outros motivos além de suas (supostas) qualidades. Por exemplo: Lassie: A Força do Coração (1943), primeiro filme estrelado pela cadela Lassie; O Papai da Noiva (1950), que foi indicado ao Oscar, teve continuação e foi refilmado décadas depois; ou os deliciosamente kitches O Pássaro Azul (1976), uma fábula mágica dirigida por George Cukor, e A Maldição do Espelho (1980), baseada num romance de Agatha Christie;

Cinebio: Teve sua história contada ao menos três vezes na televisão. Em 1995, foi interpretada por Sherilyn Fenn em Liz: The Elizabeth Taylor Story. Lindsay Lohan a interpretou em Liz & Dick (2012) e Helena Bonham Carter atuou em Burton e Taylor (2013);

Premiações: Indicada cinco vezes ao Oscar, foi premiada duas vezes como Melhor Atriz, por Disque Butterfield 8 (1960) e por Quem Tem Medo de Virginia Woolf?. Ganhou ainda um Globo de Ouro (De Repente, No Último Verão, 1956), um Bafta (Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?) e um Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim (Unidos pelo Mal, 1972);

Papel perdido: Se empenhou bravamente para ser escolhida para interpretar Eliza Dolittle, em Minha Bela Dama (1964), mas quem ficou com o papel foi Audrey Hepburn;

Frase inesquecível: “Se alguém é idiota o suficiente para me oferecer um milhão de dólares para fazer um filme, eu que não serei idiota o suficiente para recusar”, sobre sua decisão de estrelar Cleopatra, em 1963 – o valor foi recorde na época. “Alguns dos meus melhores parceiros em cena foram cachorros e cavalos”, ao lembrar dos grandes astros que atuaram ao seu lado. “Atuar, para mim, é algo muito artificial. Ver pessoas sofrendo, isso, sim, é real. Algumas pessoas não gostam de encarar essa realidade porque é muito dolorosa. Mas se ninguém olhar para esse problema, nada será jamais feito”, sobre sua dedicação aos trabalhos humanitários, já no fim de sua vida.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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