20171226 emmanuelle riva papo de cinema

Já em sua estreia como protagonista, Emmanuelle Riva mostrou a todos sua potência na atuação. No clássico Hiroshima, Meu Amor (1959), a atriz é Elle, uma das personagens femininas mais interessantes da história da filmografia mundial. A obra de Alain Resnais ecoa até hoje como uma das melhores de todos os tempos. E não é à toa. Riva pode ter ficado marcada por um papel tão emblemático, mas sua carreira foi além. Poucos anos depois, no Festival de Veneza, levou o prêmio de Melhor Atriz por Therese (1962). Seguiu uma carreira discreta por décadas, preferindo se manter longe dos holofotes. “Não quero ser estereotipada”, afirmava. Ela não desejava ser diva de um número só. Seu retorno, para quem não reconhecia seu nome, se deu há cinco anos, quando foi indicada, pela primeira e única vez, ao Oscar de Melhor Atriz. O trabalho foi tão estupendo quanto o filme que lhe lançou há cinco décadas. Em Amor, do austríaco Michael Haneke, ela passa boa parte na cama, sem poder se mexer e até falar. Mais uma vez, provou que a arte da atuação vai além das palavras. Vem do olhar, dos gestos, do sentimento exprimido no rosto. Em janeiro de 2017, sua batalha de anos contra o câncer chegou ao fim, levando a artista para outro plano. “Eu conheço o esquecimento”, dizia sua personagem em Hiroshima, Meu Amor. Porém, para os amantes do cinema, seu nome vai ficar pra sempre guardado na memória, Emmanuelle.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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