Nascido em uma vila mineira do interior da Inglaterra, John Vincent Hurt estudou na Academia Real de Artes Dramáticas e estreou nos palcos e no cinema em 1962. Porém, foi na televisão que finalmente pôde libertar todo seu potencial para as grandes audiências ao viver o escritor gay Quentin Crisp em Vida Nua (1975), peça televisionada, baseada na autobiografia de Crisp, que rendeu ao ator diversos prêmios. Não foi muito tempo depois que o Oscar reconheceu o talento proeminente do artista britânico, indicando-o como Melhor Ator Coadjuvante por O Expresso da Meia-Noite (1978). Foi um período rico para Hurt, que ainda estava para protagonizar um papel pequeno, mas icônico em Alien: O Oitavo Passageiro (1979), estando à frente da uma das cenas mais lembradas do cinema. E já em 1981 voltou ao Oscar, desta vez indicado a Melhor Ator por O Homem Elefante (1980). Com a fama consolidada, Hurt teve uma carreira diversificada e digna do calibre de seu talento, entre alguns de seus filmes mais conhecidos estão 1984 (1984), Contato (1997), a saga Harry Potter (2001-2011), Hellboy (2004), V de Vingança (2005), Melancolia (2011), O Espião que Sabia Demais (2011), Amantes Eternos (2013), Expresso do Amanhã (2013). Foi um intérprete peculiar, dono de uma voz grave que recorrentemente contrastava com sua estatura frágil, ainda mais na velhice, conseguindo passar tanto sabedoria quanto ameaça, despertando tanto a empatia quanto a repulsa. Foi um Winston Smith trágico, que teria deixado George Orwell orgulhoso, e um Senhor Olivaras carismático, além de ter encarnado brevemente e de maneira humilde e nobre um dos mais celebrados personagens da cultura inglesa, o Doctor, de Doctor Who (1963-). John Hurt foi casado quatro vezes, teve dois filhos e morreu no dia 25 de janeiro, aos 77 anos, devido a complicações de um câncer no pâncreas, que enfrentava desde 2015.