Dono de uma grave e marcante voz, James Scott Bumgarner nasceu no dia 7 de abril de 1928 em Norman, interior de Oklahoma, EUA. Hoje, a pequena cidade possui a Avenida James Garner, batizada em sua homenagem. Durante esse percurso de mais de oito décadas ele foi um dos poucos artistas a circular com sucesso tanto pelo cinema como pela televisão – ao menos antes da virada do século e do atual bom momento dos programas televisivos. Se hoje em dia todo ator ou atriz que se preze busca um show de qualidade na telinha, é por causa também do pioneirismo de estrelas como Garner, que nunca teve preconceito contra qualquer tipo de expressão audiovisual.
Filho de um vendedor de carpetes, James Garner abandonou os estudos com apenas 16 anos e se alistou na marinha mercante. Trabalhou em diversos serviços – em entrevistas chegou a declarar ter exercido cerca de 75 atividades diferentes antes de começar a atuar – de frentista em postos de gasolina até modelo de roupas masculinas. Convocado para a Guerra da Coréia, acabou ferido em ação, o que lhe rendeu uma Medalha de Honra do Mérito. Sua primeira oportunidade nos palcos, no entanto, veio anos depois, quando um amigo o chamou para um papel sem falas na produção da Broadway The Caine Mutiny Court Martial, em 1954. Com o sucesso da peça, acabou sendo chamado para pequenas participações em programas de televisão, comerciais e, finalmente, um contrato com a Warner Brothers. O ano era 1956, quando marcou presença simultaneamente tanto no cinema – nos filmes Rumo ao Desconhecido, ao lado de William Holden, e Impulsos da Mocidade, com Natalie Wood – e nos seriados de tv Warner Brothers Presents e Zane Grey Theater.
Sua estatura (tinha 1,88m de altura) e belo visual logo lhe garantiram melhores oportunidades, como o papel de Bret Maverick, protagonista das séries Sugarfoot (1957), Maverick (1957), Young Maverick (1979) e Bret Maverick (1981). Como homenagem, seria chamado também para estrelar, ao lado de Mel Gibson (que assumiu o personagem principal) e Jodie Foster, a versão cinematográfica do personagem, no filme Maverick (1994). Se tornaria conhecido também por comédias românticas como Uma Vez por Semana (1962), com Kim Novak, e Tempero do Amor (1963) e Eu, Ela e a Outra (1963), ambas com Doris Day. Durante toda a sua carreira estabeleceu outras importantes parcerias, como com a atriz Julie Andrews (fizeram três filmes juntos, entre eles o clássico Victor ou Victoria, em 1982) e Paul Newman, um dos seus melhores amigos.
Os anos 1970 não lhe foram particularmente felizes, período em que voltou a se refugiar na televisão, reconquistando o sucesso como o investigador privado Jim Rockford no seriado Arquivo Confidencial (1974). No entanto, em diversas ocasiões entrou em conflito com os estúdios, processando-os juridicamente – como fez com a Universal em 1977. Essas ações minaram muitas chances de uma carreira de maior destaque junto ao público.
Ao longo de todos esses anos de atividades artísticas, James Garner recebeu doze indicações ao Globo de Ouro – ganhou como Revelação Masculina, em 1958, e como Melhor Ator pelos telefilmes Decoration Day (1990) e Selvagens em Wall Street (1993) – e quinze ao Emmy – ganhou como protagonista do seriado Arquivo Confidencial, em 1977, como produtor dos telefilmes Promise (1986) e My Name is Bill W. (1989), e também como Melhor Ator, por este último. O Sindicato dos Atores de Hollywood o premiou com um troféu honorário por sua carreira em 2005, após ter recebido quatro indicações – a última neste mesmo ano, como coadjuvante pelo drama romântico Diário de uma Paixão (2004).
O Oscar, no entanto, só o reconheceu uma única vez, quando foi finalista pela comédia dramática O Romance de Murphy (1985), em que aparecia ao lado de Sally Field. Outros trabalhos importantes foram Sayonara (1957), com Marlon Brando; Infâmia (1961), com Audrey Hepburn e Shirley MacLaine; Fugindo do Inferno (1963), com Steve McQueen; O Fã: Obsessão Cega (1981), com Lauren Bacall; Meus Queridos Presidentes (1996), com Jack Lemmon; e Cowboys do Espaço (2000), de e com Clint Eastwood. Dono de um estilo bastante reservado e conhecido por seu contínuo envolvimento em causas humanitárias, James Garner faleceu em casa, em Los Angeles, no dia 19 de julho de 2014, ao lado da esposa, Lois, e das filhas Gigi e Kimberly (adotiva). Um adeus tranquilo de um dos mais confiáveis astros do cenário artístico norte-americano.
Filme imprescindível: Maverick (1994), em que apesar de não interpretar o protagonista, marca presença como homenagem pelo personagem que tornou popular na televisão mais de três décadas antes
Filme esquecível: Latigo: O Pistoleiro (1971), desnecessária continuação do sucesso Uma Cidade Contra o Xerife (1969)
Filme favorito de sua filmografia: Não Podes Comprar Meu Amor (1964), segundo ele próprio
Maior sucesso de bilheteria: Atlantis: O Reino Perdido (2001), animação dos Estúdios Disney em que faz a voz do Comandante Lyle Tiberius Rourke, que faturou mais de US$ 186 milhões em todo o mundo.
Primeiro filme: Rumo ao Desconhecido (1956)
Último filme: Batalha por T.E.R.A. (2007)
Guilty pleasure: Assassinato em Hollywood (1988), comédia que rendeu a Blake Edwards uma Framboesa de Ouro de Pior Direção e cuja trama se passa durante os bastidores da entrega do Oscar de 1929
Papel perdido: Perdeu o papel do homossexual presidiário de O Beijo da Mulher Aranha (1985), que rendeu a William Hurt o Oscar de Melhor Ator – vencendo o próprio Garner, que concorria por O Romance de Murphy (1985)
Oscar: Foi indicado uma única vez, como Melhor Ator, pela comédia dramática O Romance de Murphy (1985), que lhe rendeu também uma indicação ao Globo de Ouro
Frase inesquecível: “Eu não faço filmes de terror”, ao ser questionado se algum dia aceitaria fazer uma cena de nu frontal
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