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Seguir os passos dos pais é um caminho comum para muitos. E quando se trata do estrelato em Hollywood, parece ser ainda mais natural esse processo. Mas não para Lon Chaney Jr., ator reconhecido como um dos grandes na época de ouro dos filmes de monstro da Universal, profissional que herdou do pai, Lon Chaney, o talento para a atuação, mas que não recebeu apoio para seguir na profissão da família. Nascido Creighton Tull Chaney, em 10 de fevereiro de 1906, o futuro lobisomem da Universal teve uma infância problemática por causa do relacionamento conturbado dos pais. Ele, um ator de cinema-mudo; Ela, uma cantora; O clima na casa era terrível. Tantas brigas e desentendimentos fizeram com que a mãe de Chaney tentasse o suicídio, o que levou a separação do casal em 1913 e resultou em Creighton ser mandado para colégios internos e famílias adotivas. Só quando casou novamente, três anos depois, é que pai e filho voltaram a viver juntos.

Nesta época, Lon Chaney estava galgando degraus de sucesso em Hollywood, onde viveria grandes personagens como Fagin em Oliver Twist (1922), o Quasímodo de O Corcunda de Notre Dame (1923) e o papel título de O Fantasma da Ópera (1925). Os olhos de seu filho brilharam pela profissão, mas o pai não queria que o rapaz seguisse este caminho. Sem a benção do então astro, Creighton acabou fazendo outros trabalhos em Los Angeles. Só depois da morte de Lon Chaney, em 1930, é que o filho resolveu seguir seu sonho em Hollywood.

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Como Creighton Chaney, o ator fez pequenas participações e trabalhou com dublê em produções entre 1932 e 1935. Ainda que não quisesse ficar sob a sombra do pai, por pressão dos estúdios, decidiu mudar seu nome para Lon Chaney Jr. e, a partir dali, coincidência ou não, começou a abocanhar papéis maiores. Em 1939, estrelaria seu maior filme até então, Carícia Fatal, baseado na obra Ratos e Homens de John Steinbeck. Ao viver o personagem Lennie em atuação elogiada, Chaney Jr. despertou o interesse de Hollywood e os convites começaram a aparecer em maior número. Com isso, o “Jr” do seu nome foi derrubado, assinando de forma igual ao seu pai. Aqui, para evitar confusões, seguiremos com a alcunha completa.

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Em 1941, sua carreira daria uma guinada. A Universal Pictures, famosa por seus filmes de monstros na década de 1930, o convidou para estrelar uma aposta do estúdio. Em 1935, o lobisomem havia ganhado um filme que não tinha atingido os resultados esperados, O Lobisomem de Londres, e era vontade dos executivos utilizar o personagem novamente, repaginado. Com direção de George Waggner e com Bela Lugosi (o eterno conde Drácula) como coadjuvante, O Lobisomem (1941) foi lançado com Lon Chaney Jr. encarnando a besta. O sucesso foi arrebatador. Tanto que o ator foi convidado para reprisar o personagem em quatro sequências, todas divididas com outros monstros da Universal: Frankenstein encontra o Lobisomem (1943), A Mansão de Frankenstein (1944), O Retiro de Drácula (1945) e Abbot e Costello às Voltas com Fantasmas (1948).

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Curiosamente, antes de retornar ao papel de Lobisomem, encontrando o monstro de Frankenstein, Lon Chaney Jr. ganhou a chance de encarnar o próprio ser disforme em A Alma de Frankenstein (1942), quando Boris Karloff decidiu não interpretá-lo. No mesmo ano, Chaney viveria o personagem título na produção A Tumba da Múmia e, em 1943, encarnaria o maior vampiro dos cinemas no filme O Filho de Drácula. Com essa incrível sucessão de papéis, ele se transformaria no único ator a interpretar todos os quatro grandes personagens de terror da Universal.

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O sucesso veio aliado a um vício que o prejudicou intensamente: o alcoolismo. Não era raro Chaney Jr. aparecer no set bêbado. Maquiado, dava um show de horrores ao apresentar Frankenstein cambaleando ou o lobisomem de pileque. Quando a bonança dos filmes de monstro passou na Universal, o ator teve de achar outro gênero para se sustentar. Faroestes e personagens vilanescos o salvaram por um bom tempo. Fez muita tevê. No cinema, conseguiu papéis pequenos em produções assinadas por Stanley Kramer: Matar ou Morrer (1952), Não Serás um Estranho (1955) e Acorrentados (1958). Em 1963, estrelou O Castelo Assombrado (1963), de Roger Corman, ao lado de Vincent Price, outro grande nome do cinema de horror.

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Batalhando contra um câncer na garganta (que ele venceu), doenças do coração e o vício em álcool, Lon Chaney Jr. passou a aceitar papéis menores em produções cada vez menos memoráveis. Quis o destino que seu último papel fosse em uma produção de terror, Drácula Vs. Frankenstein (1971) – no qual não interpretava nenhum dos dois personagens. Seu papel era o de Groton, o servo corcunda de Frankenstein. Em 12 de julho de 1973, Lon Chaney Jr. morreu, vítima de câncer de fígado, deixando órfãos os monstros da Universal que tão talentosamente interpretou por um grande período de sua vida.

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Filme imprescindível: O Lobisomem (1941)
Filme esquecível: Um Biruta na Casa do Espanto (1967)
Primeiro filme: Girl Crazy (1932) – não creditado
Último filme: Drácula Vs. Frankenstein (1971)
Guilty pleasure: Abbott e Costello conhecem Frankenstein (1948)
Papel perdido: Tentou o papel de Quasímodo em O Corcunda de Notre Dame, em 1939, reprisando assim o papel que seu pai havia feito em 1925. Seu teste não foi aceito e Charles Laughton foi escalado.
Frase inesquecível: “Eu não preciso de comidas chiques como feijões com catchup!” – Lennie, de Carícia Fatal (1939)

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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