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Norma Jeane Mortenson ou Marilyn Monroe? Marilyn Monroe era apenas aquela imagem vendida por todo o lado, da loira frágil, sexy e inocente, ou havia mais nela que permaneceu escondido do grande público? Quais foram seus principais trabalhos – ela teve pouco mais de uma dezena de longas de destaque – e maiores parceiros artísticos? Como era a intimidade da estrela e o quanto da pessoa Norma Jeane os filmes de Marilyn Monroe revelam?

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Essas dúvidas são uma constante até hoje, mais de cinquenta anos após sua morte, não somente entre os fãs, mas acima de tudo no íntimo da própria atriz, que durante os 36 anos em que esteve viva levou uma existência conturbada, polêmica e repleta de altos e baixos. Entre o dia 01 de junho de 1926, quando Norma nasceu em Los Angeles, EUA, até a fatídica data de 05 de agosto de 1962, quando Marilyn faleceu na mesma cidade, essa mulher se tornou o maior ícone que o cinema hollywoodiano jamais conheceu, com uma influência tão grande que repercute entre admiradores, curiosos e cinéfilos até os dias de hoje.

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Se tornar uma intérprete de sucesso e reconhecida por sua beleza e talento sempre foi um desejo de Norma Jeane. Filha de uma mulher com problemas psicológicos, acabou indo parar na casa de parentes ainda criança. Nunca conheceu o pai. Com o passar dos anos foi trocando de casas e famílias, inclusive tendo sido adotada por alguns meses por uma vizinha. A vontade de se ver livre dessa rotina era tanta que aceitou um casamento de conveniência com apenas 16 anos com Jim Dougherty, um garoto da vizinhança que logo foi chamado pelo exército e a deixou, novamente, sozinha. Os dois ficaram oficialmente juntos por quatro anos, mas muito antes disso ela já havia se mudado para tentar a sorte em Hollywood.

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De inicio, experimentou de tudo: foi modelo fotográfica, atendente, recepcionista, secretária. Em 1945 começou a aparecer nas capas de revistas, e no ano seguinte conseguiu seu primeiro teste no estúdio da Twentieth Century-Fox. Quem assistiu a esta sua aparição de estreia em frente às câmeras foi o chefão Darryl F. Zanuck, que mesmo sem ter ficado muito impressionado, lhe garantiu um contrato. Antes, no entanto, ela foi chamada ao gabinete de Ben Lyon, um dos executivos responsáveis pelo departamento de marketing, que lhe sugeriu arranjar um novo nome mais sonante. Morria ali, portanto, Norma Jeane. E nascia Marilyn Monroe.

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Almas Desesperadas (1952)

A musa despontou para os holofotes pela primeira vez no drama Almas Desesperadas (1952), em que interpretava uma jovem problemática com tendências suicidas. Ali já se revelava um talento que, infelizmente, acabou eclipsado por um estrelato avassalador que insistia em jogá-la em uma zona de conforto que a impedia de novas e ousadas tentativas como essa. Antes desse trabalho, no entanto, chamou atenção dos mais curiosos em dois filmes emblemáticos: O Segredo das Joias (1950), de John Huston, e A Malvada (1950), de Joseph L. Mankiewicz. O primeiro foi indicado a quatro Oscars, o segundo ganhou 6 estatuetas douradas – inclusive a de Melhor Filme – e em ambos ela interpretou o mesmo tipo que eternizaria com o tempo: a pin up atrapalhada e irresistível, que deixa os homens aos seus pés e as mulheres morrendo de inveja. Foram participações pequenas, mas que bastaram para que as portas de Hollywood se abrissem de vez, após quase vinte longas descartáveis que fez no início de carreira, entre figurações, atuações não creditadas e personagens coadjuvantes irrelevantes.

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O Pecado Mora ao Lado (1955)

O ano do seu primeiro filme como protagonista foi marcado também por ter conhecido o jogador de baseball Joe DiMaggio, um dos maiores astros da época. A atração entre os dois foi instantânea, e se casaram em 1954. No entanto, permaneceram juntos por pouco mais de um ano. Mesmo assim, em mais de uma ocasião ela afirmou que ele fora o homem de sua vida, e foi quem a encontrou morta, vítima de uma overdose de comprimidos, sete anos após terem se separado, na casa onde morava sozinha. Eles ficaram ligados pelo resto da vida. Mas Marilyn não passou estes últimos anos sozinha: casou-se, por uma terceira vez, com o escritor e dramaturgo Arthur Miller, entre 1956 e 1961. A relação deles nunca foi das mais tranquilas: ele a via como um troféu conquistado, enquanto que ela o via como fonte de inspiração e motivação. Não como mulher e homem, menos ainda como marido e esposa.

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O Príncipe Encantado (1957)

Inquieta, dona de um QI altíssimo e ambiciosa, Marilyn nunca foi daquelas de ficar parada, esperando que as coisas surgissem no seu caminho: ia atrás do que queria. Estreou como produtora no romântico O Príncipe Encantado (1957), ao lado do grande Laurence Olivier – essa passagem em particular foi muito bem explorada no biográfico Sete Dias com Marilyn (2011), que rendeu à Michelle Williams uma indicação ao Oscar como Melhor Atriz ao interpretar a estrela, fato que ela própria nunca conseguiu durante toda a sua carreira. Prezava muito também os colegas que escolhia para estar ao seu lado em cada projeto, como as duas vezes em que trabalhou sob o comando de Billy Wilder, no delicioso O Pecado Mora ao Lado (1955) – que lhe rendeu uma indicação ao Bafta – e no insuperável Quanto Mais Quente Melhor (1959), pelo qual ganhou o Globo de Ouro como Melhor Atriz em Comédia ou Musical. Este filme, aliás, é seu maior sucesso, e foi escolhido como a Melhor Comédia de Todos os Tempos pelo American Film Institute, muito tempo depois. Um clássico inesquecível.

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Quanto Mais Quente Melhor (1959)

Marilyn Monroe encarnou sua persona cinematográfica na maioria dos seus trabalhos. Filmes como Torrentes de Paixão (1953), em que interpreta uma psicopata, o faroeste O Rio das Almas Perdidas (1954), ou o seminal Os Desajustados (1961), seu último longa completo, tentaram explorar um outro lado de sua personalidade artística, mas sem muito sucesso. Tanto o público quanto a indústria queriam apenas vê-la como uma presença sexy, loura, adorável, sedutora e irresistível. Mas ela era mais do que isso, e tinha consciência. É por isso que o marcante Os Homens Preferem as Louras (1953) é tão importante em sua filmografia: sua personagem tem plena noção de tudo o que acontece o tempo todo, ainda que prefira se fazer de boba apenas para iludir os que estão ao seu redor. É um trabalho que acabou sendo subestimado por outros fatores – a cena da canção Diamonds Are a Girl’s Best Friend, por exemplo – mas que resume com perfeição quem era essa grande estrela e o que ela poderia ter representado para a história do cinema caso tivesse tido mais tempo. O que, infelizmente, não foi possível!

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Os Homens Preferem as Louras (1953)

Filme imprescindível: Os Homens Preferem as Louras (1953).
Filme esquecível: O Mundo da Fantasia (1954), longa feito por exigência do estúdio em que sua personagem é mal explorada e não faz sentido na trama, servindo apenas como chamariz de bilheteria.
Filme favorito de sua filmografia: O Pecado Mora ao Lado (1955), no qual trabalhou pela primeira vez com o diretor Billy Wilder e interpretando uma personagem chamada apenas de ‘A Garota’, mas que afirmava ser a mais próxima de sua própria personalidade.
Maior sucesso de bilheteria: Quanto Mais Quente Melhor (1959), insuperável.
Primeiro filme: Sua Alteza, A Secretária (1947), em que faz apenas a voz de uma operadora de telefone.
Último filme: Os Desajustados (1961), o último completo, e Something’s Got to Give (1962), que teve suas filmagens interrompidas após a morte da atriz. Este acabou sendo levado às telas no ano seguinte com o nome Eu, Ela e a Outra (1963), com Doris Day no seu lugar.
Guilty pleasure: Como Agarrar um Milionário (1960), em que aparece ao lado de Lauren Bacall e Betty Grable em busca do marido perfeito.
Papel perdido: Bonequinha de Luxo (1961), cujo livro foi escrito por Truman Capote com ela em mente, porém acabou preterida pelo diretor Blake Edwards, que preferiu Audrey Hepburn como protagonista.
Oscar: Marilyn nunca foi indicada, mas ganhou três Globos de Ouro – um como Melhor Atriz em Comédia ou Musical por Quanto Mais Quente Melhor (1959) – além de um David di Donatello (o Oscar italiano) por O Príncipe Encantado (1957).
Frase inesquecível:Eu quero ser amada por você”, da canção I wanna be loved by you, que interpretou no filme Quanto Mais Quente Melhor (1959).

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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