Um dos maiores galãs de todos os tempos. Uma lenda de Hollywood. Os mais famosos olhos azuis da história do cinema. Muitos foram os títulos que acompanharam a gloriosa carreira de Paul Newman, astro inesquecível que deixou para sempre marcada sua trajetória entre as grandes da sétima arte. Aquariano, nasceu no dia 26 de janeiro de 1925, no interior do estado do Ohio, Estados Unidos, e faleceu 83 anos depois, no dia 26 de setembro de 2008, em Connecticut, EUA, vítima de câncer do pulmão.
Durante esse período, Newman deixou seu nome registrado em mais de 80 projetos diferentes no cinema e na televisão, em dramas, comédias, suspenses, thrillers e animações. Acumulou mais de quarenta prêmios conquistados e outras cinquenta indicações, além de ter atuado ao lado de nomes como Elizabeth Taylor, Robert Redford, Lauren Bacall, Julie Andrews, James Mason, George C. Scott, Henry Fonda, Sidney Poitier, Eva Marie Saint, Sal Mineo, Jessica Tandy, Sally Field, Burt Lancaster, Harvey Keitel, Gene Hackman, Susan Sarandon, Bruce Willis, Tom Cruise, Kevin Costner, Tom Hanks e trabalhou sob o comando de cineastas como Alfred Hitchcock, Robert Altman, Robert Wise, Arthur Penn, Sidney Lumet, George Roy Hill, Sydney Pollack, John Huston, Martin Scorsese e Otto Preminger. Uma coleção e tanto!
Paul Leonard Newman não era, curiosamente, tão santo quanto sua imagem cinematográfica tratou de eternizar. Aos 25 anos de idade, foi expulso da Universidade de Ohio por mau comportamento, o que o levou a servir por três anos na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, como operador de rádio. Acabou se graduando no Ohio’s Kenyon College, casando-se logo em seguida com sua primeira esposa, Jackie, e tendo seu primeiro filho, Scott. Foi nessa mesma época que seu pai morreu, uma de suas grandes tristezas – frequentemente o astro lamentava, durante o início da carreira, o fato dele não poder presenciar seu sucesso. Já estabelecido como homem de família, decidiu trocar totalmente sua vida. Mudou-se para New Haven, Connecticut, onde foi estudar Artes Dramáticas na Universidade de Yale.
No palco, Paul Newman foi notado por dois agentes que o convidaram a ir a Nova York e se profissionalizar como ator. Após algumas participações em programas de televisão, conseguiu seu primeiro papel mais popular em 1953, na peça Picnic, ao lado da atriz Joanne Woodward. Já pai de duas crianças – a menina Susan nascera naquele mesmo ano – e tendo aulas na prestigiosa New York Actors Studio, conseguiu estrear no cinema em O Cálice Sagrado (1954). Esse desempenho, no entanto, foi motivo de muita dor de cabeça ao ator, que por anos tentava se desculpar com qualquer pessoa que o tenha assistido, por considerar o resultado muito ruim.
Um dos seus melhores amigos nessa época era James Dean. Os dois fizeram testes juntos para o filme Vidas Amargas (1955), que acabou sendo estrelado por Dean. Eles disputaram também participações em Marcado pela Sarjeta (1956) e Um de Nós Morrerá (1958) mas, com a morte do colega em um acidente de automóvel, Newman acabou conquistando tais oportunidades. Outro astro contemporâneo com quem ele era frequentemente confundido era Marlon Brando: “cheguei a assinar mais de uma centena de autógrafos em nome dele”, afirmou certa vez.
A primeira indicação ao Oscar veio por Gata em Teto de Zinco Quente (1958), drama baseado na peça de Tennessee Williams. Durante toda a carreira somou mais sete indicações como Melhor Ator, uma como Ator Coadjuvante e uma como Produtor. Após ser premiado com um troféu honorário em 1987 pelo conjunto de sua carreira, a esperada estatueta dourada só lhe foi concedida por A Cor do Dinheiro (1986), quando já tinha mais de 60 anos de idade. Em 1994 ganhou ainda o Troféu Humanitário Jean Hersholt. Ao todo recebeu seis Globos de Ouro, um Emmy, um BAFTA, um Urso de Prata no Festival de Berlim, um prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes, um da Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA e de associações críticas na Itália, Canadá, Argentina e Espanha, entre outros lugares.
Foi em 1957, durante as filmagens de O Mercador de Almas (1958), novamente ao lado de Joanne Woodward, que os dois decidiram largar seus respectivos cônjuges e ficar juntos. Casaram-se no dia 29 de janeiro do ano seguinte e permaneceram lado a lado até o momento de sua morte, cinco décadas depois. Ao todo Paul Newman teve seis filhos, três com cada uma de suas esposas. Durante os anos 1960 consagrou-se como um dos astros mais populares de todo o mundo, e estreou como diretor com o drama Rachel, Rachel (1968), que recebeu quatro indicações ao Oscar. Em 1969 estrelou seu filme de maior sucesso, Butch Cassidy, que marcou também sua primeira parceria com Robert Redford. O físico atraente, o habitual papel de protagonista e a presença marcante serviram, curiosamente, de inspiração para o visual do super-herói Lanterna Verde/Hal Jordan, da DC Comics, criado em 1959, quando Newman tinha 34 anos. Ao ser adaptado para o cinema, no entanto, mais de cinquenta anos depois, o personagem foi interpretado por Ryan Reynolds.
Durante sua vida, Paul Newman foi reconhecido também por outras qualidades além daquelas exibidas na tela grande. De forte atuação política ao lado dos democratas, foi responsável também por um incansável trabalho com entidades de caridade. Ficou conhecido ainda pela linha de produtos Newman’s Own, que abrangia desde molhos de espaguete a temperos para saladas. Os lucros dessa empresa ultrapassaram os US$ 100 milhões ao longo dos anos, e eram inteiramente doados para diversas associações humanitárias. Outra paixão que possuía era pelo automobilismo – ele próprio que dirigia todos os automóveis que aparecia conduzindo nos filmes. Essa afinidade ficou refletida em filmes como 500 Milhas (1969) e no desenho animado da Pixar Carros (2006), em que dublava o personagem Doc Hudson e que marcou seu adeus às telas. Chegou a ter uma equipe de Fórmula Indy, a Newman Racing.
Filme(s) imprescindível(is): O personagem Fast Eddie Felson, visto primeiro em Desafio à Corrupção (1961) e depois na continuação A Cor do Dinheiro (1986);
Filme esquecível: O Cálice Sagrado (1954), pelo qual ele chegou a comprar um anúncio de uma página na revista Variety pedindo desculpas ao público por sua performance;
Filme favorito de sua filmografia: Sempre demonstrou um carinho muito especial por seu retrato do pugilista Rocky Graziano em Marcado Pela Sarjeta (1956), e declarou ter ficado muito frustrado por não ter sido indicado ao Oscar por esse desempenho;
Maior sucesso de bilheteria: Carros (2006), que faturou mais de US$ 462 milhões em todo o mundo. Em valores reajustados, no entanto, seus maiores sucessos de público seriam as duas parcerias com Robert Redford: Golpe de Mestre (1973), com US$ 726 milhões, e Butch Cassidy (1969), com US$ 575 milhões – ambos os valores referem-se apenas às bilheterias nos Estados Unidos;
Maior fracasso de bilheteria: O divertido Na Roda da Fortuna (1994), dos irmãos Joel e Ethan Coen, faturou menos de US$ 3 milhões nas bilheterias de todo o mundo;
Primeiro filme: O Cálice Sagrado (1954);
Último filme: Carros (2006);
Guilty pleasure: Cortina Rasgada (1966), de Alfred Hitchcock, sobre o qual ele declarou anos depois: “eu e Hitch realmente poderíamos ter nos dado bem… o problema é que o roteiro sempre estava entre nós!”
Papéis perdidos: Recusou o personagem Quint em Tubarão (1975). Era a primeira opção para O Canhoneiro do Yang-Tsé (1966) – que rendeu uma indicação ao Oscar para Steve McQueen – e perdeu o papel de protagonista de Vidas Amargas (1955) para James Dean. Recusou também o papel de Popeye Doyle em Operação França (1971), que rendeu um Oscar para Gene Hackman. Outra recusa histórica foi a do protagonista de Ben-Hur (1959), que deu o Oscar para Charlton Heston, com a desculpa de que “não possuía pernas para usar túnicas”!
Oscar: Foi indicado dez vezes ao Oscar, tendo sido oito delas como Melhor Ator – o que o faz um dos recordistas na categoria (apenas Laurence Olivier teve mais indicações, 9 ao todo). Ganhou somente uma vez, no entanto, por A Cor do Dinheiro (1986);
Frase inesquecível: “A coisa mais constrangedora de toda a minha carreira é que o meu molho de salada rendeu mais do que qualquer um dos meus filmes!”