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Um dos profissionais mais respeitados do cinema, o britânico Richard Attenborough fez papéis inesquecíveis e dirigiu memoráveis longas-metragens em uma carreira que durou mais de seis décadas. Nascido Richard Samuel Attenborough, em Cambridge, Inglaterra, no dia 29 de agosto de 1923, o futuro diretor de Gandhi (1982) não demorou para escolher o caminho das artes. Seus pais eram figuras cultas da sociedade da época. A mãe, escritora. O pai, acadêmico. Com o apoio do casal, Attenborough perseguiu a carreira de ator, estrelando peças de pequeno e médio porte quando beirava os vinte anos de idade. Seu primeiro papel no cinema foi uma pequena participação em Nosso Barco, Nossa Alma (1942), longa-metragem estrelado e dirigido por Noel Coward (e co-dirigido pelo mestre David Lean).

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Se alistou na Força Aérea Britânica durante a Segunda Guerra Mundial, quando perdeu parte da audição, saindo do conflito como sargento. Talvez por causa dessa passagem como piloto, tenha construído uma carreira cinematográfica com inúmeros filmes de guerra. Em 1945, estrelou o filme de propaganda bélica Journey Together, com a participação de Edward G. Robinson. No ano seguinte, viveu um piloto britânico em Neste Mundo e no Outro, estrelado por David Niven. Ainda em 1946, estava no elenco de School for Secrets, de Peter Ustinov, também ambientado na guerra.

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O ator tentou se afastar dos personagens bélicos em 1947, quando viveu um taxista confundido com um membro de gangue no suspense Bailando com o Crime. Mas logo voltou à temática, ainda que de forma tangencial, em The Guinea Pig (1948) e The Lost People (1949). Na década de 1950, estrelou filmes indicados ao BAFTA, como Morning Departure (1950), dividindo a cena com John Mills, A Caixa Mágica (1951), co-estrelado por Maria Schell, e A 5 Passos da Morte (1958), dirigido por Guy Green.

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O cineasta dirigiria a primeira indicação para o BAFTA como Melhor Ator de Attenborough. A lembrança da Academia Britânica se deu em 1960, no filme Momentos de Angústia. Com este longa, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, o ator viu portas abrirem em Hollywood. Antes de tentar a sorte nos Estados Unidos, ainda estrelaria (e seria novamente indicado ao BAFTA) por The Dock Brief (1962), co-estrelado por Peter Sellers.

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Festejado com suas atuações no Reino Unido, Richard Attenborough preparava sua grande estreia em Hollywood e não decepcionou. No elenco de Fugindo do Inferno (1963), o ator dividiu a cena com Steve McQueen, James Garner, Charles Bronson, Donald Pleasence e James Coburn. Dirigido por John Sturges, o longa foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme-Drama e lembrado pela Academia como Melhor Roteiro. Fugindo do Inferno segue até hoje nas listas de melhores produções de guerra.

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Em 1964, de volta ao Reino Unido, Attenborough ganharia seu primeiro BAFTA por performance dupla: em Farsa Diabólica, dividindo a tela com Kim Stanley, atriz indicada ao Oscar por sua interpretação no filme; e em Os Rifles de Batasi, no qual vivia mais um personagem em guerra. Interpretaria o simpático Frenchy em O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966), filme indicado a oito Oscars e papel que lhe rendeu seu primeiro Globo de Ouro. Um ano depois, receberia o segundo por O Fabuloso Doutor Dolittle (1967). Entre outros trabalhos naquela década, O Voo da Fênix (1965), com James Stewart, e Um Beatle no Paraíso (1969), com Peter Sellers e Ringo Starr, se destacam.

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Depois de ter atingido sucesso em frente às câmeras, o artista resolveu se propor um novo desafio. Como diretor, estreou em 1969 com o longa-metragem Oh! Que Bela Guerra!, estrelado por Laurence Olivier e Maggie Smith, com ótima aceitação de público e de crítica. Venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro falado em Inglês e ganhou cinco BAFTAS (tendo sido indicado a Melhor Diretor). A partir daí, na década de 1970, Attenborough se dividiria como ator e diretor em diversas produções interessantes. Como ator, em filmes como A Última Granada, O Estrangulador de Rillingston Place (1971), Setembro Negro (1975) e The Human Factor (1979); Como diretor, em As Garras do Leão (1972), indicado a três Oscar e vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro; Uma Ponte Longe Demais (1977), ganhador de três BAFTA, e indicado a Melhor Diretor; e Um Passe de Mágica (1978), com Anthony Hopkins e Ann-Margret.

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A partir dos anos 1980, se dedicou exclusivamente a direção. E o resultado foi o multipremiado Gandhi (1982), longa-metragem estrelado por Ben Kingsley e vencedor de oito Oscars, incluindo Melhor Filme e Direção. Trabalho mais importante da filmografia do ator/diretor, a produção ainda levou cinco Globos de Ouro, cinco BAFTAs e um sem número de outros louros ao redor do mundo. Foi a consolidação total de Attenborough como cineasta. Na mesma década, dirigiu o musical Chorus Line: Em Busca da Fama (1985), indicado a três Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Direção, e Um Grito de Liberdade (1987), novamente lembrado pela Academia e pela Imprensa Estrangeira.

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Na década de 1990, dirigiria Robert Downey Jr. em atuação destacada na biografia Chaplin (1991), e voltaria a aparecer frente às câmeras à convite de Steven Spielberg. Em Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993), viveu John Hammond, o criador das atrações vistas no megablockbuster. O ator repetiria o papel em uma pequena participação em 1997, em O Mundo Perdido: Jurassic Park. Antes disso, daria vida ao Papai Noel no remake do clássico O Milagre da Rua 34 (1994). E na sequência teria um pequeno papel no drama histórico Elizabeth (1998). Como cineasta, ainda faria um grande trabalho naquela década: Terra das Sombras (1993), novamente dirigindo Anthony Hopkins, premiado com BAFTAs.

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Com idade avançada, Attenborough começou a trabalhar cada vez menos. Na década de 2000, fez alguns filmes e séries para a tevê como ator e dirigiu Um Amor para Toda Vida (2007), estrelado por Shirley MacLaine e Christopher Plummer, seu último trabalho como cineasta. Um ano depois, sofreu um derrame do qual jamais se recuperou completamente. Foi cuidado de perto por sua esposa, Sheila Sim, atriz que conheceu ainda durante seus estudos, com quem se casou em 1945, e com quem teve três filhos. No dia 24 de agosto de 2014, cinco dias antes de completar seus 91 anos, Richard Attenborough faleceu em sua casa, em Northwood, Londres.

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Filme imprescindível: Gandhi (1982), seu primeiro Oscar de Melhor Diretor;
Filme esquecível: No Amor e Na Guerra (1996), dirigindo Sandra Bullock e Chris O’Donnell, terrivelmente mal escalado como Ernest Hemingway;
Maior sucesso de bilheteria: Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993). O diretor saiu de sua aposentadoria como ator por querer trabalhar com Steven Spielberg;
Maior fracasso de bilheteria: Chaplin (1992). Ainda que tenha ganhado indicações ao Oscar, o público não foi assistir ao filme nos cinemas. Com orçamento estimado de US$ 30 milhões, a biografia rendeu apenas US$ 9 milhões;
Primeiro Filme: Como ator, Nosso Barco, Nossa Alma (1942); Como diretor, Oh, Que Bela Guerra! (1969);
Último Filme: Como ator, Puckoon (2002) – ainda que tenha feito trabalho vocal em uma produção espanhola em 2004; Como diretor, Um Amor para Toda Vida (2007);
Guilty Pleasure: O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997). O filme é fraquíssimo, mas a presença de Attenborough no início faz bela ligação com o ótimo longa-metragem original;
Oscar: Venceu duas vezes por Gandhi (1981), como Diretor e Produtor; Como ator, nunca foi indicado;
Frase inesquecível: Bem-vindos ao Jurassic Park!”, John Hammond, em Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993)

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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