Robin Williams andava sumido dos holofotes há um bom tempo. Figura carimbada dos anos 1990, onde atingiu o auge da carreira com filmes bem sucedidos de bilheteria, premiações e respeito da crítica, o ator parecia ter se perdido dos anos 2000 para cá em produções pouco apreciadas ou sem grandes interesses artísticos para o público. Nascido em Chicago no dia 21 de julho de 1951, este descendente de galeses e escoceses era o legítimo gordinho nerd da escola. Para fugir do tradicional bullying, começou a fazer imitações. O sucesso entre os colegas fez com que Williams acabasse eleito o “Mais Engraçado e o Menos Provável de se dar bem na vida”. Seus amigos da época tiveram que engolir as palavras após a ascensão do ator.
Não que sua carreira tivesse decolado do dia para a noite. O astro estudou dramaturgia na tradicional Julliard School de Artes Cênicas, onde inclusive sugeriram que ele seguisse no mercado de stand-up comedy. Talento era o que não faltava, mas Williams queria mais. Num de seus shows em bares foi descoberto pela televisão e ganhou o papel de Mork na série Happy Days. Tamanha popularidade fez com que o personagem ganhasse um spin-off em 1978 intitulado Mork & Mindy, que durou quatro anos. Seu timing para a comédia fez com que Williams conseguisse transitar da TV para o cinema já como protagonista do homônimo e popular Popeye (1980), dirigido por Robert Altman e tendo como colega no elenco Shelley Duvall como Olívia Palito. O resultado foi um razoável sucesso de bilheteria que arrecadou o dobro de seu custo de quase 25 milhões de dólares.
Os bons papéis demorariam para chegar, mas em 1987 recebeu sua primeira indicação ao Oscar pela união de comédia e drama no sensível Bom Dia, Vietnã, em que Williams interpreta um radialista do exército que anima as tropas norte-americanas em meio à guerra daquele país. Dois anos depois, mais uma lembrança em um de seus papéis mais emblemáticos: o Professor John Keating, de Sociedade dos Poetas Mortos (1989) que acabou lhe garantindo mais uma nominação ao Oscar.
Já no início dos anos 1990, o nome de Robin Williams era sinônimo de sucesso de público e crítica. Em 1991, teve mais um papel memorável em O Pescador de Ilusões, que lhe conferiu sua terceira indicação ao prêmio da Academia. No mesmo ano, estrelou Hook: A Volta do Capitão Gancho como a versão mais velha de Peter Pan, ao lado do Capitão Gancho de Dustin Hoffman e a Sininho de Julia Roberts.
A consagração para a comédia no cinema chegaria em 1992 e 1993 com uma dublagem e seu papel cômico mais emblemático. Na animação da Disney, Aladdin, era a voz mais do que engraçada do incrível Gênio da Lâmpada, um dos personagens mais carismáticos dos estúdios de todos os tempos. Por sinal, a maior parte de suas falas eram improvisos. Em Uma Babá Quase Perfeita, interpretava a Mrs. Doubtfire, uma senhora pitoresca que, na verdade, era o pai das crianças de quem cuidava e estava longe por conta da separação da mulher.
Em 1996, Williams teve seu auge nas bilheterias e entrou para a história por ter conseguido, numa mesma semana, dois filmes superando a marca dos 100 milhões de dólares: Jumanji e A Gaiola das Loucas. Por este último, ganhou mais fãs entre a comunidade GLS, inclusive sendo homenageado pelo “clã dos ursos”. A consagração artística chegaria com Gênio Indomável (1997), pelo qual ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante por um papel fora de seus padrões: um psicólogo calmo e sem gags hilárias.
Após o prêmio, Williams teria feito seu último grande papel nos cinemas (para o grande público, ao menos): o médico palhaço de Patch Adams: O Amor é Contagioso (1998), que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro pela sensível e divertida performance. Porém, os anos seguintes não seriam dos melhores para sua carreira. Com péssimas escolhas que lhe renderam três indicações ao Framboesa de Ouro, aliadas aos problemas com drogas que deixaram Williams fora dos estúdios, sua filmografia começou a parecer cada vez mais irregular, tendo destaque apenas em produções mais sérias, como Insônia, de Christopher Nolan, e Retratos de Uma Obsessão, dois filmes lançados em 2002 que faziam um twist em sua filmografia. Ele era “o vilão” em ambos.
Sem muitos destaques desde então, sua carreira foi definhando nos últimos anos e só parecia ter tido uma reviravolta com o seriado The Crazy Ones, no qual dividiu a tela com Sarah Michelle Gellar. Apesar dos elogios à sua performance, a produção só durou uma temporada. Para o ano seguinte estava prevista uma continuação de Uma Babá Quase Perfeita, mas Williams foi encontrado morto antes, num aparente suicídio no dia 11 de agosto de 2014, cessando um vida recheada de sorrisos seus para o público.
Filme imprescindível: Sociedade dos Poetas Mortos (1989), sua segunda indicação ao Oscar.
Filme esquecível: Morra, Smoochy, Morra (2002), uma de suas três indicações ao Framboesa de Ouro (a única justa, infelizmente).
Maiores sucessos de bilheteria: Uma Noite no Museu (2006), como coadjuvante, com mais de 250 milhões de dólares arrecadados; e Uma Babá Quase Perfeita (1993), como protagonista, filme que conquistou quase 220 milhões de dólares só nos EUA.
Primeiro filme: Óculos? Para Quê? (1977), onde faz uma pequena participação.
Último filme: O Que Fazer? (2013), já lançado nos EUA, e ainda há três filmes em pós-produção: Uma Noite no Museu 3 (2014), Absolutely Anything (2014) e Merry Friggin’ Christmas (2014).
Guilty pleasure: Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991), no qual faz o papel de Peter Pan já adulto.
Papel perdido: Coringa em Batman (1989), com Jack Nicholson assumindo o papel. Rumores na época diziam que Tim Burton lhe daria o papel do Charada como compensação, o que não ocorreu. No entanto, o papel deste outro vilão seria oferecido a ele pelo diretor Joel Schumacher em Batman Eternamente (1995), o qual Williams recusou. Em 1993, perdeu o papel de Joe Miller para Denzel Washington em Filadélfia. Seu último papel perdido, que poderia ter alavancado sua carreira, foi o de Frank em Pequena Miss Sunshine (2006), que foi parar nas mãos de Steve Carell.
Oscar: Indicado a Melhor Ator por Bom Dia, Vietnã (1987), Sociedade dos Poetas Mortos (1989) e O Pescador de Ilusões (1991). Premiado como Melhor Ator Coadjuvante por Gênio Indomável (1997).
Frase inesquecível: “Carpe diem. Aproveitem o dia, garotos. Façam suas vidas serem extraordinárias”, Professor John Keating, em Sociedade dos Poetas Mortos (1989), ensinando uma lição de vida para seus alunos.