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Spencer Bonaventure Tracy nasceu em 05 de abril de 1900, na cidade de Milwaukee, Wisconsin, EUA. Portanto, ele não era nem cinco anos mais velho que o próprio cinema, meio no qual construiu boa parte da carreira, tornando-se referência. Tracy não se encaixava no tipo “galã hollywoodiano”. Chamava atenção das plateias principalmente pela força de seus personagens, algo difícil até mesmo de explicar, pois uma virtude acima dos métodos. Antes de ingressar no mundo das artes, farto da escola regular, ele se alistou na Marinha. Aliás, sobre a escola, certa vez disse: “Eu nunca teria ido para a escola se tivesse havido qualquer outra forma de aprender a ler as legendas nos filmes”. Pat O’Brien, também futuro ator proeminente, foi seu colega de empreitada militar. Ao invés de lutarem na Primeira Guerra Mundial, os dois permaneceram em serviço no estado da Viríginia. Findo o conflito, Tracy foi transferido de volta ao Wisconsin, onde tratou de terminar os estudos.

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Após estrear nos palcos em 1921, com a peça The Truth, do Ripon College, Spencer Tracy decidiu seguir a carreira de ator. “Ajudou a desenvolver minha memória para as falas, o que tem sido uma dádiva divina desde que comecei no ofício; ganhei alguma presença de palco; e ajudou a espantar minha inibição. Também consegui gradualmente a habilidade de falar de improviso”, disse mais tarde. Numa das turnês, fez teste e foi aceito na American Academy of Dramatic Arts, em Nova York. Seu primeiro papel na Broadway foi o de um robô estranho, na peça Karel Capek’s. Durante os anos 1920, excursionou por diversos palcos dos Estados Unidos.

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Seus primeiros contatos com o cinema se deram em 1930, nos curtas-metragens The Strong Arm, Taxi Talks e The Hard Guy. No mesmo ano, depois de uma encenação de The Last Mile, grande sucesso teatral da época, foi convidado pelo cineasta John Ford para atuar em seu próximo longa-metragem, Up The River, comédia dramática na qual contracenaria com Humphrey Bogart. Na época, já casado há sete anos com Louise Treadwell, Tracy mudou-se para Hollywood, onde fez 25 filmes no curto espaço de cinco anos.

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Depois de passar pela Fox e eventualmente fazer alguns trabalhos na Warner, Spencer Tracy chegou à MGM, onde permaneceu por mais de 20 anos. A popularidade crescente lhe rendeu convites para papeis muito diferentes, algo favorecido por sua versatilidade. A partir de 1955 começou a atuar de maneira independente, sem exclusividade com qualquer estúdio. Tracy recebeu 9 indicações ao Oscar de Melhor Ator (é recordista de lembranças na categoria, ao lado de Laurence Olivier) e trabalhou sob a direção de grandes nomes da Era de Ouro de Hollywood, tais como John Ford, Victor Fleming, Vincente Minnelli, John Sturges, Stanley Kramer, Fritz Lang, George Stevens, entre outros. Aliás, foi numa das produções do último, A Mulher do Dia (1942), que conheceu Katharine Hepburn, atriz com quem teve um longo relacionamento amoroso nunca oficialmente assumido. Na ocasião da primeira parceria, ela disse: “Eu fiquei muito grata quando soube que ele estava disposto a trabalhar comigo”. Por força de sua formação religiosa, Tracy não se divorciou legalmente de Louise, mesmo estando efetivamente separado dela.

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Concomitante ao sucesso era notório seu problema com o álcool. No fim dos anos 1940, Tracy foi diagnosticado com diabetes, quadro agravado pelo vício. Em 1963, portanto convivendo já há mais de uma década com a doença, sofreu um ataque cardíaco que lhe afastou temporariamente do cinema. Retornou quatro anos depois aos holofotes para filmar Adivinhe quem vem para Jantar, retomando a longa parceria profissional com Hepburn. Três semanas após a conclusão das gravações – num trabalho que lhe rendeu outra indicação ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas – Spencer Tracy foi encontrado, já sem vida, pela própria Katherine Hepburn na cozinha de sua casa, vítima de um novo ataque do coração, no dia 10 de junho de 1967. Morria, então, um dos que engrandeceram a arte de representar no cinema. Tanto que, em 1999, o American Film Institute o incluiu merecidamente entre as dez maiores lendas de Hollywood.

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Filmes imprescindíveis: Julgamento em Nuremberg (1961) e Com os Braços Abertos (1938)

Maior sucesso de bilheteria: Deu a Louca no Mundo (1963)

Primeiro longa-metragem: Up The River (1930)

Último longa-metragem: Adivinhe quem vem para Jantar (1967)

Papeis perdidos/recusados: Tracy recusou papéis em Longa Jornada Noite Adentro (1962) e O Leopardo (1963), e teve de desistir de fazer A Conquista do Oeste (1962).

Oscar: Recebeu 9 indicações ao Oscar de Melhor Ator, por: São Francisco: A Cidade do Pecado (1936), Marujo Intrépido (1937), Com os Braços Abertos (1938), O Pai da Noiva (1950), A Conspiração do Silêncio (1955), O Velho e o Mar (1958), O Vento Será tua Herança (1960), Julgamento em Nuremberg (1961) e Adivinhe quem vem para Jantar (1967). Venceu por Marujo Intrépido e Com os Braços Abertos.

Frase inesquecível: “Por que os atores pensam que são tão importantes? Eles não são. Atuar não é um trabalho importante no esquema das coisas. O de encanador é.”

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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