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Terrence Steven McQueen nasceu em Indianápolis, no dia 24 de Março de 1930. Adolescente problemático, abandonou a escola no nono ano e passou duas temporadas num reformatório da Califórnia. McQueen era assim, desde muito cedo um indomável, como ele próprio se definia. Por não se enquadrar nos padrões, estava claramente à margem, no sentido de não acomodar-se com as possibilidades que sua juventude na fazenda oferecia. Aos quinze anos largou definitivamente a família para alistar-se na Marinha, onde permaneceu por cinco anos. A posterior entrada no campo artístico foi quase como que por acaso, na verdade motivada pelo ganho de 15 dólares semanais com a participação minúscula (apenas uma fala) numa peça encenada no circuito off Broadway, no ano de 1955.

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As coisas foram acontecendo e Steve McQueen começou a fazer pequenos papeis na televisão. Entre 1958 e 1961, estrelou a série Procurado Vivo ou Morto, faroeste da rede CBS que alcançou relativo sucesso. Sua estreia no cinema (não creditada) foi em Marcado pela Sarjeta (1956), filme cujo elenco era encabeçado por Paul Newman. O primeiro papel de destaque na telona veio com, o hoje cult, A Bolha Assassina (1958). Contudo, nesse tempo McQueen ainda intercalava trabalhos cinematográficos e televisivos, alcançando pouco a pouco tanto o reconhecimento do público quanto o respeito da crítica. Houve, então, a guinada que o alçou ao estrelato definitivo, sua participação em Sete Homens e um Destino (1960), espécie de refilmagem de Os Sete Samurais (1954), de Akira Kurosawa, dirigida por John Sturges. A exposição lhe rendeu fama ainda maior e ancoragem definitiva no cinema.

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Steve McQueen era festejado como sucessor de James Dean, mas logo mostrou ter um perfil ligeiramente distante do astro de Juventude Transviada (1955), ainda que a rebeldia e certa irascibilidade certamente os aproximassem. McQueen passou a se interessar cada vez mais por papeis que lhe exigissem esforço físico, tanto que recusava o auxílio de dublês, fazendo ele mesmo as cenas perigosas. Na década de 1960, protagonizou alguns dos mais celebrados longas de ação norte-americanos, tais como Fugindo do Inferno (1963), também de John Sturges, O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966), de Robert Wise e, principalmente, Bullitt (1968), de Peter Yates, este talvez seu filme-emblema. Nessa época, McQueen se configurou num herdeiro da tradição dos durões hollywoodianos, sucessor de John Wayne e Humphrey Bogart, precursor de Clint Eastwood, Bruce Willis, Sylvester Stallone, entre outros que viriam a ser associados ao arquétipo.

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Embora nos anos 1970 tenha participado de grandes sucessos, tais como Papillon (1973), de Franklin J. Schaffner, e Inferno na Torre (1974), de John Guillermin e Irwin Allen, McQueen já não apresentava uma carreira com a mesma vitalidade de antes, sobretudo por conta de seu gênio difícil e da insociabilidade que lhe era característica. Passou cada vez mais a preferir ficar em casa, solitário, do que a participar de filmagens, pré-estreias, e tudo mais que forma o circo midiático intrínseco ao cinema, sobretudo às grandes produções. McQueen, um apaixonado por automóveis, chegou a pedir ao seu mecânico que fizesse a triagem dos roteiros que lhe chegavam. Depois de um tempo afastado, voltou às telas com O Inimigo do Povo (1978), de George Schaefer. Sua última atuação foi no thriller Caçador Implacável (1980), de Buzz Kulik, no qual já mostrava claros sinais de debilidade por conta de um mesotelinoma, câncer na membrana pulmonar, doença que causou sua morte em 7 de novembro de 1980. O corpo de Steve McQueen foi cremado e as cinzas espalhadas pelo Oceano Pacífico.

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Filme(s) imprescindível(is): O Canhoneiro de Yang-Tsé (1966), de Robert Wise e Bullitt (1968), de Peter Yates.

Filme esquecível: O Inimigo do Povo (1978), de George Schaefer

Maior sucesso de bilheteria: Inferno na Torre (1974), de John Guillermin e Irwin Allen

Maior fracasso de bilheteria: Marcado pela Sarjeta (1956), de Robert Wise

Primeiro filme: Marcado pela Sarjeta (1956), de Robert Wise – não creditado.

Último filme: Caçador Implacável (1980), de Buzz Kulik

Guilty pleasure: Nevada Smith (1965), de Henry Hathaway

Papeis Perdidos: A lista é grande e impressionante. Em virtude do contrato que lhe “prendia” à série Procurado Vivo ou Morto, não pôde aceitar o convite para fazer Bonequinha de Luxo (1961) ao lado de Audrey Hepburn; Recusou, mais tarde, o papel de Sundance, em Butch Cassidy (1969), por não concordar com o cachê superior do colega Paul Newman; Não quis interpretar Dirty Harry em O Perseguidor Implacável (1971); Rejeitou, também, o  protagonismo de Operação França (1971), por achar que o personagem era muito semelhante ao de Bullitt (1968); Por fim, declinou o convite de Francis Ford Coppola para ser o ator principal de Apocalypse Now (1979), primeiro pelo valor oferecido, considerado baixo, e depois porque não estava a fim de passar meses filmando na selva filipina. Teria, da mesma maneira, pulado fora de projetos como Rambo: Programado para Matar (1982), Um Estranho no Ninho (1975), O Guarda-Costas (1992), Superman (1978) e Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977).

Oscar: Foi indicado para o Oscar de Melhor ator em 1967, por seu papel em O Canhoneiro do Yang-Tsé.

Frase inesquecível: “Correr é viver. Qualquer coisa que passe antes ou depois é só um momento de espera.”

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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