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Na juventude, Victor Fleming não teve qualquer relação com o cinema.  Nascido em Pasadena, EUA, em 23 de fevereiro de 1883, ele sempre foi mais ligado às máquinas, de preferência as de alta velocidade. Participou de corridas de automóveis, foi motociclista e pilotou aviões. Mas foi justamente essa paixão por viver perigosamente, sob o efeito da adrenalina, que abriu suas portas em Hollywood. Em 1910, Fleming foi contratado como dublê para trabalhar em cenas que exigiam peripécias acrobáticas. Assim que tomou contato com as engrenagens de produção, se interessou por outro tipo de ocupação atrás das câmeras. Logo conseguiu vários trabalhos como assistente, inclusive em alguns filmes de Douglas Fairbanks, um dos maiores astros da época, e sob a supervisão de outros proeminentes, como Allan Dwan e D. W. Griffith.

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Em 1915, em plena Primeira Guerra Mundial, Victor Fleming servia o exército no Departamento de Fotografia do Serviço de Informações. Em 1919, desempenhou a função de cameraman pessoal do presidente Woodrow Wilson na Conferência da Paz de Versalhes, ocorrida em Paris. De volta a Hollywood, foi cooptado novamente por Fairbanks, agora para trabalhar na sua recém-criada United Artists, estúdio que também contava com outros dois artistas renomados na direção: Mary Pickford e Charles Chaplin. No mesmo ano dirigiu seu primeiro longa-metragem, When The Clouds Roll By, aventura muda estrelada por Fairbanks. Seus próximos filmes, The Mollycoddle (1920), Red Hot Romance (1922), Lord Jim (1925) e Mantrap (1926), fizeram dele uma referência no gênero. Nesse período, sua reputação já era grande junto aos chefes de estúdio e aos astros de renome – eles que muitas vezes eram os verdadeiros responsáveis por contratar e derrubar cineastas.

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Após anos de filmes bem-sucedidos, incluindo aí A Ilha no Tesouro (1934), e a transferência para a Metro-Goldwyn-Mayer, Fleming teve em 1939 o que podemos chamar de seu ano de ouro. Nele, primeiro dirigiu O Mágico de Oz, depois de três outros cineastas (Richard Thorpe, George Cukor, e King Vidor) começarem o trabalho e saírem por divergências com os produtores. A despeito do sucesso modesto de público e crítica na época, O Mágico de Oz provou-se uma realização resistente a passagem dos anos, verdadeiro marco dos filmes juvenis e um bom definidor do que se faria em termos musicais dali para adiante. No mesmo ano, Fleming, novamente em meio a uma produção que havia contado anteriormente com outros diretores (William Cameron Menzies, Sam Wood e George Cukor), assinou E o Vento Levou, esse sim um estrondoso sucesso que elevou sua carreira a um patamar inédito. Em meio à enxurrada de Oscars que o filme venceu (oito), foi escolhido como Melhor Diretor.

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Após o reconhecimento, Victor Fleming dirigiu ainda longas de grande qualidade, entre os de maior destaque uma versão do clássico livro de Robert Louis Stevenson, O Médico e o Monstro (1941). Sua última realização foi Joana D’Arc (1948). Fleming morreu um ano depois, em 1949, no dia 6 de janeiro, de ataque cardíaco, enquanto descansava em seu retiro no Arizona. Foi sepultado no Hollywood Forever Cemetery, em Los Angeles. Seu nome está imortalizado na Calçada da Fama desde 1959.

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Filmes imprescindíveis: O Mágico de Oz e E O Vento Levou, ambos de 1939

Filme esquecível: Tentação da Carne (1927)

Maior sucesso de bilheteria: E o Vento Levou (1939), o filme mais visto do mundo. Em valores atualizados, estima-se que tenha arrecadado US$ 3.161.014.684,00 (mais de R$ 6 bilhões), com um público estimado de 202 milhões de espectadores.

Primeiro filme: When The Clouds Roll By (1919)

Último filme: Joana D’Arc (1948)

Guilty pleasure: Marujo Intrépido (1937)

Filmes perdidos: Fleming é mais conhecido pelo contrário, ou seja, por substituir diretores em grandes produções, como em dois de seus melhores filmes, O Mágico de Oz e E o Vento Levou.

Oscar: recebeu o Oscar de Melhor Diretor por E o Vento Levou (1939).

Frase inesquecível:Não fique animado. Obstáculos geram um filme melhor.”

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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