Foram necessários menos de vinte filmes – sendo que apenas a metade destes na condição de protagonista – para que Vivian Mary Hartley tornasse o nome ‘Vivien Leigh’ conhecido mundialmente e imortalizado entre os grandes de Hollywood. A inglesa nascida em Darjeeling, na Índia, no dia 05 de novembro de 1913, faleceu cedo, com apenas 53 anos, em 8 de julho de 1967, em Londres, vítima de uma tuberculose crônica. Mas ainda que tenha enfrentado problemas de saúde e uma notória desestabilidade mental desde cedo, que tenha feito um número reduzido de trabalhos no cinema e tenha partido ainda jovem, será para sempre lembrada pelas suas duas atuações mais marcantes: Scarlett O’Hara, em …E O Vento Levou (1939), e Blanche DuBois, em Uma Rua Chamada Pecado (1951).
Filha de um empresário de sucesso, Vivien nasceu como uma pequena princesa. Porém o período de bonança logo acabou, devido ao começo da Primeira Guerra Mundial, que obrigou a família a voltar para a Inglaterra. Lá foi deixada em um internato, onde se tornou amiga de Maureen O’Sullivan (a eterna Jane de Tarzan: O Filho das Selvas, 1932). As duas garotas se tornaram muito próximas, principalmente por estarem sozinhas e longe de seus pais. Juntas, no entanto, aprenderam a exercer a imaginação, sonhando com vidas diferentes e melhores. Somente após 18 meses sem ver seus familiares é que sua mãe apareceu, levando-a pela primeira vez ao teatro. Nascia, nesse momento, uma paixão que a dominaria por toda a vida.
Fã do ator Leslie Howard (com quem, curiosamente, contracenaria anos depois em …E O Vento Levou), a jovem se casa pela primeira vez aos 19 anos com Herbert Holman, um rapaz impressionantemente semelhante ao astro. Os dois ficam menos de cinco anos juntos. Com ele, Vivien tem sua única filha, Suzanne Farrington. Enquanto tentava se acostumar com a vida de casada, sua melhor amiga da escola se mudou para a Califórnia e começou a aparecer em pequenos papéis no cinema. Aquilo a instigou a desistir de tudo e partir em busca de seus sonhos. Seu primeiro trabalho foi na comédia inglesa Things Are Looking Up (1935), na qual possui apenas uma fala e nem chega a ser creditada. Mas no mesmo ano, com a câmera simplesmente apaixonada por seu rosto, marca presença em mais três projetos: Look Up and Laugh, The Village Squire e Gentlemen’s Agreement.
Sem maiores repercussões, estas produções baratas e ligeiras deixam a garota decepcionada, obrigando-a a se voltar ao teatro. Lá conhece o maior ator do seu tempo: Laurence Olivier. Mas a oportunidade de se aproximar efetivamente do astro se dá em seguida, quando atuam juntos no longa Fogo por sobre a Inglaterra (1937), drama sobre o reinado de Elizabeth I. Com o sucesso deste filme, Olivier é chamado para trabalhar nos Estados Unidos. Decidida a segui-lo, vai de férias a Nova York e, em seguida, para Los Angeles. Lá é apresentada ao produtor David O. Selznick e aproveita a oportunidade única para convencê-lo de que seria a atriz ideal para o próximo projeto dele: …E O Vento Levou. Tal aproximação não só deu certo como no ano seguinte Vivien Leigh ganharia seu primeiro Oscar, logo por sua estreia na América.
Em 1940, com um Oscar na mão e já separada do amor da juventude, Vivien Leigh era a dona do mundo e, portanto, podia finalmente fazer o que mais queria: casar-se com Laurence Olivier – com direito à Katharine Hepburn como madrinha! Os dois ficaram juntos por vinte e um anos, e entre altos e baixos deve-se a ele o fato dela ter aceitado participar da adaptação do drama Uma Rua Chamada Pecado – ela não queria deixar a Inglaterra, e só aceitou voltar aos Estados Unidos para acompanhar o marido, que filmaria Perdição por Amor (1952). Assim teve outra performance memorável, digna do seu segundo Oscar.
Durante as filmagens de César e Cleópatra (1945), seus problemas físicos e pessoais começaram. A atriz sofreu dois abortos, contraiu a tuberculose que a mataria duas décadas depois e foi diagnosticada como maníaca depressiva. Ainda assim, seguiu trabalhando em filmes de maior ou menor repercussão, como o romântico Anna Karenina (1948), versão malsucedida do clássico de Tolstoi, e Em Roma na Primavera (1961). Seu último longa foi A Nau dos Insensatos (1965), de Stanley Kramer, em que apesar de aparecer em destaque no cartaz possui uma participação quase descartável. Seu personagem favorito em toda sua filmografia, no entanto, foi a jovem Myra, do drama de guerra A Ponte de Waterloo (1940), de Mervyn LeRoy.
Vivien Leigh teve apenas duas indicações ao Oscar, ambas convertidas em vitórias. Pelos dois trabalhos ganhou também o prêmio dos críticos de Nova York, enquanto que Uma Rua Chamada Pecado lhe valeu ainda o BAFTA e a Copa Volpi de Melhor Atriz no Festival de Veneza, além de uma indicação ao Globo de Ouro. Ao longo de sua carreira atuou ao lado de alguns dos maiores nomes masculinos de Hollywood, como Marlon Brando, Clark Gable e Warren Beatty. Mas o que ficará marcado para sempre na memória de seus fãs e admiradores serão suas atuações viscerais e uma fragilidade feroz, dona de uma postura magnetizante e encantadora.
Filme imprescindível: Uma Rua Chamada Pecado (1951), não somente pela excelência de sua interpretação, mas também pela personagem Blanche, que com os anos se confundiu com a própria persona da atriz.
Filme esquecível: Anna Karenina (1948), versão que altera fatos importantes do romance original em sua adaptação para as telas.
Maior sucesso de bilheteria: …E O Vento Levou (1939), que faturou até hoje mais de US$ 400 milhões nas bilheterias de todo o mundo, e em valores reajustados é o filme de maior sucesso de todos os tempos, com US$ 1,6 bilhão arrecadados apenas nos EUA.
Primeiro filme: Things are Looking Up (1935)
Último filme: A Nau dos Insensatos (1965)
Guilty pleasure: César e Cleópatra (1945), para ver se a Rainha do Egito interpretada por Vivien Leigh fica devendo alguma coisa para a versão estrelada por Elizabeth Taylor quase duas décadas depois.
Papel perdido: Lutou desesperadamente para ser a protagonista de Rebecca: A Mulher Inesquecível (1940), ao lado do marido Laurence Olivier, mas foi preterida pelo produtor David O. Selznick por Joan Fontaine – que seria indicada ao Oscar pelo papel. Anos depois foi despedida do set de No Caminho dos Elefantes (1954), ainda que já tivesse filmado algumas cenas, por problemas de comportamento – ninguém aguentava suas constantes mudanças de humor. Elizabeth Taylor foi chamada para substituí-la.
Oscar: Duas indicações e duas vitórias, por …E O Vento Levou (1939) e por Uma Rua Chamada Pecado (1951)
Frase inesquecível: “Com Deus como minha testemunha, com Deus como minha testemunha, eles não vão me derrubar! Irei superar essa situação e, quando tudo acabar, nunca sentirei fome novamente! Não, nem nenhum dos meus. Ainda que eu tenha que mentir, roubar, trapacear ou matar. Mas com Deus como minha testemunha, eu nunca sentirei fome novamente!”. – Scarlett O’Hara, em …E O Vento Levou (1939)
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Maravilhosa,apesar da Vida Atribulada pelo Transtorno Bipolar e a Tuberculose,conseguiu se Consagrar no cinema,além da Scarlett O´Hara,eu não acho que a sua Anna Karenina,de 1948 tenha sido ruim,pelo contrário,foi uma das Melhores,além é claro da Blanche Dubois de Uma Rua Chamada Pecado,de 1952.Personagem que mais se parecia com ela.