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O que aprendi com Gotcha – Uma Arma do Barulho

Publicado por
Marcelo Müller

Assistia muito Gotcha – Uma Arma do Barulho na Sessão da Tarde, e com ele aprendi algumas coisas valiosas, que me foram lembradas na revisão:

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  • Armas de paintball são legais, e seriam ainda mais se estivessem disponíveis para jogos, como o apresentado no filme, nas universidades brasileiras. Imagine você, indo para aquela aula noturna, cheio de preocupações com a prova que terá de fazer, cujo estudo provavelmente não foi objeto de sua atenção no fim de semana, e ainda ser perseguido até levar uma bolada de tinta que manche inapelavelmente o blusão que você acabou de comprar. Genial e inspirador.
  • Em hipótese alguma tenha como companhia de viagem um amigo que se passa por Carlos, o Chacal para levar para a cama umas menininhas que adoram perigo, mas contabilize esta amizade quando precisar da gangue dele para lhe ajudar numas coisinhas.
  • Nunca acredite, principalmente quando se é virgem, que uma linda mulher, com cara, jeito e sotaque de espiã, possa se interessar por você, apenas por não gostar de homens peludos.
  • Evite Berlin Oriental, companhias russas suspeitas, e, se for estrangeiro, deixar o visto expirar.
  • Procure não se hospedar num hotel que não vá se responsabilizar por eventuais arrombamentos no seu quarto, quando da sua ausência.
  • Não deixe seus pais ricos, e sem muita coisa para fazer, acharem que você é um drogado. Aliás, de forma alguma deixe que seus pais achem que você é um drogado. Melhor ainda, não use drogas.
  • É muito útil saber onde fica o armário com os soníferos injetáveis, numa faculdade de veterinária.
  • Se uma menina te esnobar, não hesite em tranqüilizar a nádega dela com uma substância que faria um tigre de bengala dormir por horas.

 

Após longínquos anos, revi Gotcha – Uma Arma do Barulho. Diverti-me tal qual nos idos tempos de estudante. Nos anos 1980 os americanos faziam bons filmes de entretenimento que realmente entretinham, independente do absurdo em que eram galgados. Afinal de contas, um filhinho-de-papai que brinca de James Bond no campus da universidade e que, durante viagem para o exterior, louco para fazer sexo e ver museus, nada mais, se vê envolvido com uma bela mulher numa trama de espionagem internacional, é algo bem insano, não é mesmo?

O filme é uma obra de arte? Não, claro que não, tem momentos até bem deslocados, como quando Jonathan, em meio ao caos, resolve comer uma bela refeição americana (mistura de merchan e patriotada bem vagabunda). Mas é divertido, leve, nem de longe aborrece e ainda tem algumas coisas bem interessantes, principalmente quando pensamos nele como um exemplar para adolescentes e jovens adultos. Bons tempos em que Gotcha – Uma Arma do Barulho era só um entre tantas outras “pérolas” que faziam nossa alegria juvenil nas sessões da tarde.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.