O ano de 2020 certamente entrará para a história como um dos mais atípicos de todos os tempos. Se a pandemia do COVID-19 e a consequente quarentena a que todos foram sujeitos em busca de mais saúde e maior segurança afetaram a rotina de milhares de maneira indiscriminada, é também fato que no mercado da comunicação as consequências foram igualmente intensas: tanto de forma positiva, como negativa. Isso porque mais do que nunca o cidadão está dependendo dos jornalistas para obter informações corretas e apuradas a respeito do estado do mundo ao nosso redor. Mas, por outro lado, com toda a cadeia produtiva afetada, quem paga a conta no final? Essa é uma questão que tem virado pauta em diversas redações de agências, emissoras de televisão e de rádio, jornais, revistas e portais na internet. E no Papo de Cinema a situação não é nada diferente.
Considero oportuno levantar esse ponto nesse momento, e num espaço como esse, pois temos aqui a oportunidade de falar diretamente com você, nosso leitor, talvez de uma forma ainda mais franca e objetiva do que em qualquer outro setor do site. Afinal, é aqui, nas colunas de Opinião, que deixamos de lado um pouco aquela análise crítica de algo específico – um filme, uma atuação, um roteiro, uma direção – para tentarmos exercer um olhar mais amplo sobre a arte cinematográfica e o mercado no qual ela está inserida. Afinal, esta tem sido desde sempre a nossa preocupação original: estarmos atentos à criatividade e ao exercer artístico e institucional, mas também ligados em tudo que está se discutindo em termos comerciais, como números de audiência, fluxo de leitores – e espectadores, e ouvintes – e inovações tecnológicas que nos permitam chegar de forma cada vez mais dinâmica a cada um de vocês.
Tudo isso leva tempo e, é claro, dinheiro. Os editores do Papo de Cinema – assim como nossos colaboradores diretos – possuem dedicação (quase) integral ao site. Ela só não é completa pois no nosso time temos professores, que ministram cursos, workshops e oficinas, além de também ligados a outras atividades relacionadas à função jornalística. Somente em constante movimento é que conseguimos nos manter sempre atualizados e, consequentemente, atuantes. Porém, não é raro que cada um de nós dedique seis, sete ou até dez horas (ou mais) num único dia ao funcionamento do portal. Publicamos diariamente notícias, entrevistas, críticas de filmes inéditos e outros que são importantes para o nosso acervo, matérias especiais e muito mais – bom, quem nos conhece há um bom tempo sabe bem disso. Vale destacar ainda que recentemente começamos o Podcast do Papo de Cinema (já estamos na nossa sétima edição) e contamos também com Lives diárias no nosso perfil no instagram, sempre com convidados de destaque no cenário nacional.
É importante elencar tudo isso para que você, nosso leitor, possa ter uma ideia mais precisa do tamanho do nosso comprometimento. Com quase dez anos de pleno funcionamento, o Papo de Cinema há muito deixou de ser um hobby, um extra, uma brincadeira: o site é profissional em todos os seus posicionamentos. Os profissionais que trabalham conosco são remunerados, e cada ação comercial percebida no site tem o seu devido custo. Ou seja, há uma conta que precisa fechar, entre tudo que entra e o que sai. Essa matemática precisa funcionar, pois, de outra forma, será a nossa saúde financeira que ficará prejudicada. Quando isso acontece, o resultado mais imediato é a interrupção das atividades. Justamente o que a todo custo lutamos diariamente para evitar.
O objetivo inicial de todos esses esclarecimentos foram contatos que tivemos por parte de alguns leitores nas últimas semanas. A maioria deles, motivada por terem sido obrigados a lidar com um aumento de publicidade no site. O que, somos obrigados a concordar, pode ser muito chato para alguns. Mas não pensem que para nós é diferente. No entanto, a questão é simples: precisamos pagar as contas. E, de uma forma ou de outra, os recursos precisam entrar. Outras soluções seriam diminuir o volume do nosso trabalho – e, com isso, prejudicar a qualidade do conteúdo, pois teríamos menos recursos à nossa disposição – ou transformar o site em pago na maior parte dos seus setores, com acesso exclusivo apenas aos assinantes. Duas medidas que queremos evitar, pois nos desagrada ainda mais do que ter que fechar banners e pop-ups que possam estar prejudicando momentaneamente uma leitura em particular.
Afinal, quem paga pela notícia que você lê no facebook, pela matéria cujo vídeo você assiste no youtube, pelo programa que está passando na televisão ou pelo arquivo de áudio que é possível escutar na sua plataforma de preferência? Tudo isso vem de uma fonte essencial: o consumidor, aquele que desfruta do que lhe é oferecido. Quando algo parece estar sendo liberado de graça, é bom que não haja confusão: o que muda apenas é a existência de um intermediário – ou seja, os anunciantes. Para o Papo de Cinema seguir funcionando, e para que não nos vejamos obrigados a cobrar por esse acesso diretamente dos nossos leitores, ouvintes e espectadores, decidimos recorrer com mais entusiasmo a esses parceiros que, felizmente, existem para fazer com que a roda continue girando. E se você já os consome de uma forma ou de outra, por que não através de nós? Assim, além de seguir tendo acesso ao seu produto de preferência, também estará ajudando na manutenção de toda essa engrenagem.
Está todo mundo na torcida para que esse “novo normal” encontre os seus ajustes e as coisas voltem a funcionar da maneira mais natural possível. Mas ninguém quer apressar nada – fique em casa, sem puder, e evite aglomerações desnecessárias. Portanto, até lá, uma das novidades desse cenário que estamos agora desbravando diz respeito também ao aumento de publicidade em vários lugares, inclusive no Papo de Cinema. E vamos combinar: é um preço baixo demais a ser pago para continuar tendo a sua disposição um mundo de curiosidades e entretenimento, críticas detalhadas de profissionais tarimbados e informações de última hora sobre astros e estrelas de todo o Brasil – e também do exterior. Nós, juntos e atentos, somos mais fortes. E mais do que nunca precisamos uns dos outros. Não é mesmo?